Resistência cultural na amazônia colonial
Por: Adria Macedo • 1/6/2019 • Artigo • 2.135 Palavras (9 Páginas) • 155 Visualizações
A resistência cultural na Amazônia
1 Introdução
O Processo de dominação cultural com a chegada dos Europeus, sobre tudo na Amazônia emergiu em um ciclo de perda cultural na qual o indígena é vítima. Diversos foram os elementos impostos que moldaram a construção da Amazônia enquanto, instituição, valores e aspectos culturais. Entretanto, muito dos elementos pré-colombianos e posteriormente dos povos africanos atuam como mecanismo de defesa de relevantes aspectos de suas culturas. Dessa maneira, nota-se, um processo de construção de identidade historicamente imerso em um processo de fusão étnica das constantes civilizações que ali habitava ou das que emergem do continente europeu à Amazônia.
O processo de negação cultural do indígena foi por muito tempo fomentado por meio de mecanismos sociais e administrativos de imposição europeia. Ferramentas que buscava legitimar a inferioridade indígena; negando os saberes, costumes e todas as características originais dessa civilização não mostrou-se exitosa em sua empreitada. Uma vez que, os povos indígenas resistem as mais severas incursões ao longo dos últimos séculos. O mesmo pode se observar com relação as prática e estratégias de resistência empregadas pelos povos e descendentes matriz africanas. A qual, abrange um processo muito mais sensível por ver no suicídio ou ainda no aborto melhores alternativas do que a vida escrava.
Desse modo, o que permite inferir que a resistência se dá sobre diversos vieses que pretendem Pensar a Amazônia enquanto cenário de resistência e analise de dimensões variadas de hábitos que conduzem a permanência de uma civilização negligenciada. Assim, nota-se que os processos ritualísticos, fugas, crenças, aborto ou ainda o suicídio e formação de quilombos entre outras foram medidas viáveis nessa conjuntura. Assim, compreende-se, que história das resistências étnicas se consolidam não somente por meios de manifestações de revoltas mais também por meio de hábitos ou até utensílios presente hoje na pluralidade do Brasil.
Assim, o que se segue é uma discussão conceitual breve acerca da resistência indígena; da resistência a escravidão negra em terras amazônicas, seguida de uma brevíssima conclusão.
3 Amazônia indígena: resistência e desafios.
Temos consciência, que os povos indígenas são os primeiros habitantes desta terra da qual se chama Brasil. Mas, a criação desta nação não contou com a participação destes povos, que tiveram seus direitos ignorados e subjugados ao longo dos últimos séculos. Mas nem por isso, deixaram de resistir ao avassalador processo de dominação e destruição de seus costumes. Desde sempre, o governo tem adotado políticas que visam limitar, ou ditar o modo de vida “ideal” para os povos indígenas, nesse caso, o modelo europeu.
Durante o período colonial na Amazônia, mais precisamente, no Grão-Pará e Maranhão, houveram leis que tentaram fazer do índio, o mais próximo do europeu, lhe dando características do europeu, como: cargos públicos, posse de terra para produção agrícola, e incentivando-os ao casamento Inter étnico. Essas virtudes portuguesas, foram impostas em forma leis, escritas pelo marquês de Pombal, com o intuito de tornar os índios homens contribuintes a coroa Portuguesa, e confirma a estremadura do avanço português na Amazônia a dentro. A Igreja, foi o precursor, de projetos que se antecederam a essas leis, que viabilizaram a anuência dos povos indígenas as leis Pombalinas:
A perspectiva histórica desses povos foi interrompida de forma brusca e violenta pelo projeto colonial que, valendo-se da guerra, da escravidão, da ideologia religiosa e das doenças, provocou na Amazônia uma das maiores catástrofes demográficas da história da humanidade, além de um etnocídio sem precedentes. (HECK; LOEBENS; D. CARVALHO,2005, p. 239).
É possível notar que que são danos que levam a perdas de características peculiares do indivíduo indígenas e ganham traços do colonizado. O traço cultural adquirido no período colonial fazia parte de uma política do governo para inserir os índios a sociedade da época, reinado de D. José I. Na ocasião, foram impostos aos indígenas ritmo de trabalho, vestimentas, leis, uma série de regras de vivência que pudessem chegar mais próximo de como que eram o português na metrópole.
Relato históricos registram existência casos de resistência à dominação imposta pelo português durante o período colonial, como as dos índios, que tinham cargos de chefia nas aldeias e vilas pombalinas. Essas insurreições, dependiam também da vontade dos chefes indígenas, que decidiam o que era justo para o seu povo. Os chefes nesse caso, levavam em conta as concessões, quando estas não o agradavam ou iam contra suas promessas ao povo, podiam ser adotadas medidas, que viria a ser sentida na administração do Estado. A exemplo pode-se citar o ocorrido na vila de Soure, quando decretado uma portaria que obrigava os índios a trabalhos externos à vila, na ocasião evadiram-se mais de 40 índios entre homens mulheres e crianças.
Dados trazidos por Alonso e Chambouleyron (2010, p.106) demonstram que a discordância tinha como “[...] razão mais frequente, de acordo com o vigário, devia-se ao fato de “os mandarem para o serviço das portarias sem lhes deixarem fazer as suas roças para sustento de suas mulheres e filhos”. São dados que revelam a adoção de uma estratégia de resistência e afirmação de seu modo de vida ao recusarem a dominação.
Os portugueses não foram hábeis em desenvolver sozinhos a colônias, dependiam dos nativos para somar contingente necessário a viabilizar as ações de povoamento, através mistura étnica, usados para asseguras as conquistas dos portugueses, sobre a própria terra.
Os portugueses vindos da metrópole não foram de forma alguma capazes de promover por si só a expansão territorial e demográfica: eles tiveram que incorporar mulheres e crianças nativas, constituindo uma camada de mestiços (“mamelucos”) que iria desempenhar papéis econômicos e militares fundamentais. Sem eles, a colonização não marcharia para o interior e não geraria novas riquezas. (OLIVEIRA, 2016).
Essas lutas não cessaram, hoje além de terem que viver lutando pela terra, muitos sobrevivem da ajuda do governo, que apesar de ter se tornado democrático, não levam em consideração esses povos indígenas que lutam pelo direito de cultivar suas terras, de terem onde morarem, viver, reviver sua cultura. Precisam ser efetivos diante da sociedade, para que possam ter resposta do governo. Uma civilização que tinha a liberdade de ocupar terras imensuráveis, mesmo assim, habitava espaços, justo a demanda da aldeia, e plantavam o suficiente ao sustento, tinha consciência do valor verdadeiro da natureza, foram limitados a hectares, seu vínculo com a terra foi ignorado.
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