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Salvador: Reflexões Sobre Fetichismo Cultural

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Por:   •  5/9/2013  •  684 Palavras (3 Páginas)  •  424 Visualizações

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Seria muito interessante observarmos qual foi o perfil atribuído a Salvador nos últimos anos em que questões de políticas culturais como as de conservação e proteção de patrimônio, turismo cultural, e bens imateriais tem sido cada vez mais discutidas em seminários e conferências do segmento, que visam regulamentar procedimentos através de legislação e documentos com objetivo de obter um desenvolvimento sustentável.

O discurso que defende a preservação de bens patrimoniais para que suas memórias facilitem a compreensão do presente – ou até mesmo do futuro – pela sociedade, tem sido constantemente defendido por estudiosos. Mas é fato que grande parte da população desconhece esses conteúdos e não interfere no processo de valorização desse patrimônio, sem reconhecer quais expressões culturais estão sendo resgatadas.

Muitos dos nossos monumentos foram instituídos para prevalecer ideais políticos do período, símbolos da construção de uma identidade nacional. Estudiosos descrevem o processo como “uma comunidade política imaginada” o que implica que diversos valores são mais do que a construção de um monumento, mas também de um imaginário. Infelizmente esse contexto nem sempre está inserido nas constantes campanhas educação patrimonial, direcionadas a grande parte da sociedade, e novamente se constrói uma identidade desapegada às subjetividades histórico-culturais.

Outro fato marcante para essa reflexão é que patrimônio em todas suas representações – Material, Imaterial, e Natural – tem sido identificado como importante recurso econômico, alvo de investimentos públicos e privados favoráveis a um desenvolvimento socioeconômico do país, dos estados e dos municípios. Neste sentido, campanhas de difusão cultural não objetivam somente uma melhor interpretação das manifestações, mas uma movimentação não só turística, mas também da população local, que gere recursos através de atividades rentáveis.

Em uma recente viagem a Salvador, várias dessas questões foram observadas, principalmente pelas constantes divulgações – inclusive no âmbito mundial – sobre seu Conjunto Arquitetônico e Urbanístico. Ainda mais polêmico nos debates sobre patrimônio, o reconhecimento de bens imateriais é bem ilustrado pelas formas e práticas culturais manifestadas a céu aberto na maioria das praças e arredores dos demais pontos turísticos.

O Centro Histórico é preenchido por museus e memoriais que representam com certa repetição os mesmos personagens e características. Nas lojas os souvenirs exploram ainda mais a temática das casinhas coloridas, baianas, capoeira e orixás que serem também para ilustrar os mapas oferecidos pelas agências de turismo. Lojas mais estruturadas oferecem aos clientes recepcionistas vestidas de baiana que posem para fotos gratuitamente, já que nas praças fotos com baianas e rodas de capoeira exigem gorjeta. De expressões vivas de uma comunidade, as manifestações se assemelham mais ao cenário de um parque temático.

A experiência com moradores que trabalham no comércio, hotéis, ou até mesmo aqueles abordados no ponto de ônibus, é de que referências como “Centro Histórico”, ou atividades comuns aos turistas como apresentações do grupo Olodum, não fazem parte do cotidiano da maioria como muitas vezes a mídia deixa entender, arrisco afirmar que parte dos moradores desconhecem

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