UMA BREVE HISTÓRIA DE SALEM: Uma análise bilateral dos registros sobre “os julgamentos de Salem”

UMA BREVE HISTÓRIA DE SALEM: Uma análise bilateral dos registros sobre “os julgamentos de Salem”

Jonathan Ribeiro Duarte

5.º SEMESTRE- HISTÓRIA - UNIMEP

RESUMO: Durante o presente artigo, vou me atentar em apresentar a cidade de Salem e contextualizá-la durante a vivência colonizatória do Séc XVII pelos ingleses Puritanos, assim como demonstrar como esse caráter religioso fora fundamental para instituir a ordem e o controle social. Percorrendo a linha cronológica, irei apresentar o julgamento das bruxas de Salem, e como ocorrerá todos os processos de culpabilização, assim como a organização judicial para estabelecer tais punições. Levando em consideração todos os métodos infundados nos casos das Bruxas de Salem, irei apresentar o quadro psicológico que pode ter influenciado diretamente para os acontecimentos em Salem. Finalizando de modo a apresentar o avanço iluminista para as colônias do Novo mundo, considerando o embate entre Iluminismo e a Religião, portanto um embate entre a “fé x razão”.

PALAVRAS CHAVE: Salem, iluminismo, Estado-Igreja, caça-as-bruxas.

INTRODUÇÃO

O presente artigo, tem como intuito, fazer uma análise historiográfica e artística, sob a análise de fontes primárias, além de consultar historiadores que escreveram sobre o tema das “Bruxas de Salem”, considerando conjuntamente o fator artístico e filosófico embutido na obra de Arthur Miller, intitulado como “As Bruxas de Salem”. Assim como endossar um embate entre a religião e a organização social, e finalizar com uma estrutura Hegeliana de confronto entre Religião e Iluminismo, e suas influências na formação do Novo Mundo.

A CIDADE DE SALEM

Primeiramente vou criar um plano de fundo para discorrer com maior eficácia sobre o tema. Inicialmente apresento a cidade de Salem, e como era estruturada em seus moldes sociais, e miscigenações étnicas que existiam dentro do espaço territorial da própria cidade, além de apresentar o caráter religioso esboçado pela cidade em sua amplitude.

Salem começa a ser povoada por ingleses logo na primeira metade do século XVII, com puritanos vindos da Inglaterra, esses que eram muitas vezes debochados e pertenciam a uma classe marginalizada da sociedade britânica, isso devido a suas críticas feitas contra a organização do Estado, e o papel secundário da igreja na participação social. Logo, isso causa um descontentamento desses religiosos para com a igreja inglesa, e faz esses puritanos partirem rumo ao novo mundo, e como afirma o historiador Leandro Karnal, esses protestantes “{...} acreditavam numa igreja forte que tivesse poderes civis.” (Pág 45 pdf, história dos Estados Unidos), e assim então na nova Colônia (em Massachusetts), os mesmos poderiam fazer essa organização civil, de modo, ao qual considerassem correto, estabelecendo uma associação entre Igreja e Estado, pode se analisar esse fator na escrita de Karnal, quando o mesmo define como os puritanos, vindos para o novo mundo organizaram a sociedade civil:

“Para a construção dessa Igreja-Estado tomaram-se várias providências. Primeiro estabeleceu-se que somente os membros da Igreja Puritana poderiam votar e ter cargos públicos. Depois, tornou-se obrigatória a presença na igreja para as cerimônias, fato que não acontecia no resto das Igrejas protestantes. Todos os novos credos deveriam ser aprovados pela Igreja e pelo Estado. Por fim, estabeleceu-se que Igreja e Estado atuariam juntos para punir as desobediências a essas e outras normas. Essa colônia aproximava-se, dessa forma, dos ideais católicos da teocracia.” (KARNAL, Leandro, HISTÓRIA DOS ESTADOS UNIDOS das origens ao século XXI, p. 51).

A cidade de Salem era composta por colonos ingleses, em sua maioria puritanos e religiosos devotos do protestantismo, e por si, a religião protestante, se considerara “única” dentro da cidade, e buscava-se uma homogeneidade religiosa na colônia. Os costumes eram definidos em suma, pelos dogmas religiosos; a presença em cultos e adorações, assim como uma lei regida por valores cristãos, punições advindas do Estado, e também vindas pela própria Igreja. Nesse aspecto se observa uma clara união entre a Igreja e o Estado, fato esse que é confirmado e ressaltado, pelo historiador Leandro karnal, quando o mesmo diz “{...} derivado do ideal de Igreja-Estado foi a perseguição às bruxas.”, ou seja, se evidencia ainda mais, quando, se dá o início das “caças às bruxas” em Salem, acontecimento esse que vai ser posteriormente discorrido.

Observada a organização social, e política da cidade de Salem, atento-me agora a apresentar o posicionamento geográfico da qual a cidade se localiza no mapa, da recém constituída, colônia de Massachusetts, estabelecida na então nomeada Nova Inglaterra. Antes da chegada dos Puritanos, e antes da fundação da própria colônia, diversas tribos indígenas já habitavam o local ao qual foi estabelecida a colônia que veio a ter o nome de “Colônia de Massachusetts” (anteriormente conhecida como “Massachusetts Bay Colony” - referencia: Herman, Jennifer (2008). Massachusetts Encyclopedia. [S.l.]: State History Publications, LLC. p. 7. Various nicknames have been given to describe Massachusetts, including the Bay State, the Old Bay State, the Pilgrim State, the Puritan State, the Old Colony State and, less often, the Baked Bean State), contudo esses povos foram contaminados por doenças trazidas pelos exploradores e pelos colonos, assim os ameríndios que lá residiam, acabaram por ser subjugados por conta das doenças advindas dos europeus, pode-se constatar esse dado, citando uma referência de Leandro Karnal, ao qual, ele diz que várias cidades levaram o nome das tribos que antes residiam o território:

“Grupos indígenas como os cherokees, iroqueses, algonquinos, comanches e apaches povoavam todo o território, do Atlântico até o Pacífico. Alguns outros grupos deram nomes à geografia dos EUA: Dakota, Delaware, Massachusetts, Iowa, Illinois, Missouri. Por toda a América, a história dessas tribos seria profundamente modificada pela chegada dos europeus.” (KARNAL, Leandro, HISTÓRIA DOS ESTADOS UNIDOS das origens ao século XXI, p. 59).

Outra forte evidência para se constatar e reforçar a ideia proposta acima, é que os indígenas que habitavam tal território, sofreram diversas consequências com a chegada dos Europeus, entre elas estão, como cita o autor Leandro Karnal:

“ A imigração européia