UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - AÇÃO EDUCATIVA EM ARQUIVO
Por: Débora Maria Martins Braga • 30/7/2017 • Resenha • 1.139 Palavras (5 Páginas) • 301 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
DÉBORA MARIA MARTINS BRGA
Impressões sobre o doador de memórias
SOBRAL
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - AÇÃO EDUCATIVA EM ARQUIVO
DÊNIS MELO
DÉBORA MARIA MARTINS BRAGA
Impressões sobre o doador de memórias
O presente Trabalho destina-se a constituir a nota da disciplina de Estágio Supervisionado II – Ação educativa em Arquivo, ministrada pelo Professor Dênis Melo, ínsita no curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú, semestre 2016.2.
SOBRAL
2017
“From the ashes of the ruins the communities were built protected by the boundary. All memories of the past were erased”
O doador de Memórias, do original The giver é uma adaptação cinematográfica do homônimo de Lois Lowry, é uma distopia onde é retratada uma sociedade de “verdadeira igualdade”, que teve sua gênese na ruína da sociedade humana. Para a manutenção dessa estandardização seria necessário a existência de regras repressivas, a exemplo: toque de recolher, linguagem objetiva e dentre outras. Como também o uso de medicamentos que suprimissem os sentimentos. A linha temporal do universo de O Doador de Memórias é de um mundo pós-apocalíptico onde a potência humana é perigosa, pois ela constitui-se como ipso facto das mazelas que acometem os humanos, e por isso os anciões, líderes da sociedade suprimiam as emoções a fim de coibir qualquer sinal de extensão da vontade humana.
O universo do filme doador de memórias é caracterizado pelo modus operandi sistemático de se viver da sociedade, onde as pessoas têm vínculos limitados, e se unem em um núcleo familiar sem afeto.
O controle dos sentimentos é mola mestre para a organização do domo onde a narrativa se estende, quaisquer excedentes de aproximação física entre as pessoas fora do núcleo familiar são advertidas pelos dispositivos de constante vigilância, desde seu nascimento, em uma espécie de grande irmão, “The big brother is watching you”, da obra 1984 de George Orwell, todavia, aqui não temos um caráter repressivo visível, os indivíduos não conhecem palavras como repressão, no sentido que não são objetivas o bastante para a linguagem, é algo que se assemelha mais ao Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, onde as pessoas estão satisfeitas com a sua condição no mundo, com exceção da existência do elemento do prazer, que é inexistente na comunidade. A censura promovida pelos anciões não concerne ao ódio ou autoritarismo, tão conhecidos na realidade do status quo e história do poder, no entanto, são regras sistemáticas sempiternas a existência dos indivíduos, uma lavagem cerebral sutil e exclusão das memórias individuais e coletivas.
A comunidade é desprovida de essência da vida humana em sociedade tal qual conhecemos, com todos os seus códigos, consensos, antagonismos e idiossincrasias construídos durante anos. A história que existe é a perigosa história secreta da humanidade, destinada apenas aos receptores da memória, isto é, uma figura distinta na comunidade, detentora de inteligência, integridade, coragem e a capacidade de ver além com os sentidos. Diante disso, Jonas é o escolhido, fica explicito durante a narrativa fílmica o exercício do dom de ver além, Jonas antes de ser o incumbido, em uma realidade dual de cores, consegue ver sutilmente algumas cores, é dotado de uma sensibilidade diferente da de seus amigos da infância. Enquanto o recebedor de memórias, Jonas pode mentir, sentir e não deve tomar as injeções diárias de supressão de emoções, e seu ofício e propósito era o de recepção e salvaguarda da memória e da história que serviria de conselho aos anciões.
“Esse é o meu trabalho, orientação no presente usando memórias do passado”
Assim como um historiador exercendo ofício em arquivo, Jonas recebe um emaranhado de informações previamente selecionadas e tidas como relevantes a outros, ele conhece as sensações, boas e ruins, ganha um acervo, experimenta pela primeira vez o caos e o sofrimento que o ser humano pode causar, o doador de memórias compartilha com ele uma lembrança de guerra e morte, e após a visualização assombra-se, e assim como conheceu o júbilo humano, de forma fatídica conhece a miséria. A memória lhe concedeu palavras, elucidou o mundo suas feições e circunstâncias para Jonas, o que o fez questionar e subverter, e desvelar as realidade e representações.
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