Um Congresso De Diabos E Feiticeiras No Piauí Colonial
Artigo: Um Congresso De Diabos E Feiticeiras No Piauí Colonial. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: JeciBarboza • 19/5/2014 • 429 Palavras (2 Páginas) • 391 Visualizações
Síntese do texto ‘Um congresso de diabos e feiticeiras
no Piauí colonial’
Ao contrário das demais capitanias do Brasil, o território do Piauí foi conquistado partindo do interior da Bahia em direção ao litoral. Foi o proprietário português, Domingos Afonso Sertão, considerado descobridor desses sertões, que funda várias fazendas de gado, elevando-se posteriormente à condição de vila em 1712, recebendo o nome de Mocha. Nessa região, considerada a menor e mais pobre “cidade” dentre as sedes das capitanias da América Portuguesa, ocorriam as cerimônias diabólicas do sabá, também conhecida como “congresso de diabos”.
O autor do texto, Luiz Mott, para explorar a vida religiosa da região já mencionada, se utiliza de documentos-confissão sobre o sabá, escritos pelo jesuíta Padre Manuel da Silva através dos depoimentos das escravas: Joana Pereira de Abreu, Custódia de Abreu e Josefa Linda. Uma primeira observação que podemos fazer é a respeito da influência do padre na escrita dos documentos. Por diversas vezes, o jesuíta insiste na fragilidade, pequenez e rusticidade cultural da mestiça Joana, tendo em vista inocentá-la ou diminuir a sua culpa perante os Inquisidores. Em outros momentos, o padre faz comentários etnográficos sobre a população local, a fim de contribuir para a melhor compreensão dos inquisidores metropolitanos. Ainda em outro momento, é enfatizado que a escrava Custódia não transmitira a ninguém as diabruras que realizava, com o objetivo de apaziguar o erro desta.
Esse relato é acompanhado por diversas lacunas, pois não se sabe de que forma essa cultura chegou a um lugar tão distante e desabitado, nem o motivo de escravas tão jovens terem iniciado tais rituais. Também não se sabe como tais escravas se transportavam para o Campo do Enforcado, visto que eram sessenta ou setenta léguas a distancia do lugar de onde partiam, o que nos faz supor que provavelmente faziam uso de alucinógenos. Um ponto que também nos chama a atenção é o fato delas possuírem objetos próprios como: cama, canastra, imagens de Cristo e de Nossa Senhora e também por terem acesso à comida comum na cozinha e espaços para manterem relações sexuais em secreto.
O “Congresso de Diabos” realizado na Mocha trata-se de um sabá genuíno. Luiz Mott faz associações do sabá nordestino com os cerimoniais da Umbanda, mesmo sendo esta última uma religião muito recente e que é uma mistura de outras religiões. Mott argumenta que “a realização até hoje, de rituais noturnos sigilosos nos túmulos de cemitérios e a utilização de ossos e restos mortais pela Umbanda, reforçam a hipótese de ter assimilado alguns elementos cabalísticos e práticas rituais observadas no Congresso de diabos no Campo dos Enforcados”.
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