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ÍNDIOS CINTAS LARGAS, UMA TRAGEDIA ANUNCIADA

Por:   •  2/5/2017  •  Artigo  •  4.762 Palavras (20 Páginas)  •  323 Visualizações

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INDIOS CINTAS LARGAS, UMA TRAGEDIA ANUNCIADA[1]

Elizete de Jesus Marques Oliveira[2]

RESUMO:

 O presente trabalho visou investigar sobre os índios Cintas largas, sua historia , conflito entre homens brancos, índios e sobre a tragédia no interior da Reserva ROOSEVELT onde houve o massacre de vinte nove garimpeiros sendo que o Município de Espigão do Oeste RO é  a cidade mais próxima de onde aconteceram os fatos. Sabe-se que os conflitos entre homens brancos e índios estão presentes ao  longo da historia dos Cintas Largas. Durante a pesquisa vários relatos foram expostos neste artigo onde índios e brancos se enfrentaram por disputas de terras, diamantes e a mais recente, o episódio no interior daquela reserva onde muitos garimpeiros foram cruelmente assassinados por índios Cinta Largas, que queriam a saída imediata dos mesmos alegando serem prejudicados nas vendas desses diamantes. De acordo com  o relato dos garimpeiros havia a saída ilegal de diamantes  e os índios tomaram conhecimento que estavam sendo enganados e resolveram fazer justiça com as próprias mãos. Vale ressaltar que diante de tal barbaria ninguém foi preso ou responde a  processos por tal assassinato, a justiça fez vista grossa e ninguém foi punido e já se passaram oito anos, o caso esta esquecido só é lembrado por familiares de garimpeiros e alguns amigos dos mesmos.  

   

Palavras-Chave: Índios Cinta Larga, Garimpo, Tragédia, Impunidade.

INTRODUÇÃO

Sabe-se que os conflitos entre índios e brancos, não são casos isolados ou recentes, mas tem sua fonte histórica e social desde a gênese do Brasil Colonial onde a suposta “terra prometida”, aguçou a cobiça tanto de Portugueses quanto Espanhóis em espoliar as riquezas que a céu aberto, afloravam-se no valioso subsolo dessa nova terra. Trata-se na verdade de um dos marcos históricos que, à ótica da indiferença política e da desigualdade social, permeiam ainda a face negra de inumeráveis conflitos desse jaez.

 Na reserva Roosevelt não foi diferente garimpeiros e índios diante de uma ambição sem fim se confrontaram, mas morreram apenas garimpeiros.

O que chama a atenção neste episodio, é a impunidade, ninguém foi preso ou se quer respondem a processo, o que se pergunta: até quando criminosos covardes vão torturar e matar pessoas e viverem como se nada estivesse acontecido?    

Dessa forma percebe-se que as leis de proteção aos índios necessitam ser revistas, e aplicadas de forma a que os lideres que comandaram o massacre de inúmeras pessoas no garimpo da Reserva., fossem  exemplarmente punidos.

O fatídico relato da morte de 29 garimpeiros perpetrado por índios da etnia cinta-larga no interior daquela Reserva , nos limites dos Estado de Rondônia e Mato Grosso, arvoraram-se da grande mídia nacional para além das  fronteiras do Pais, questões polêmicas como Direitos Humanos, Ministério da Justiça, corrupção, evasão de divisas e a fragilidade das ações governamentais no trato dos conflitos existentes entre brancos e índios, ainda não resolvidos.

              Por outro lado, a ênfase jornalística apregoada pela grande mídia, tanto falada quanto escrita, dando conta da descoberta de uma das maiores jazidas de diamante do mundo, como “a montanha que brilha”, além de envaidecer todo o país, chama a atenção de todos os brasileiros para a existência de uma dura e amarga realidade qual seja, a sobrevivência da etnia cinta larga, a luta desesperada de garimpeiros e ao mesmo tempo, salta aos olhos a  ineficiência do Estado Brasileiro, em fazer estancar toda e qualquer forma predatória  irregular de nossas riquezas naturais.

Ao extrapolar a dimensão do massacre, pelas informações desencontradas ao mesmo tempo, deu-se vazão a existência de uma das maiores jazidas de diamante do mundo, à mercê de exploração clandestina sem que qualquer medida satisfatória fosse tomada. Como a extensão do conflito foi de tal monta, não tardou que vozes se levantassem de última hora, propondo emendas à Constituição, através de projetos de Lei e a instalação de uma Comissão Especial Externa no Senado Federal, encabeçada por Senadores da Região, no intuito de avaliar e tomar medidas necessárias no sentido de que sejam regularizadas e demarcadas áreas em conflitos  nas regiões envolvendo garimpeiros e índios.

1 CONTEXTO HISTÓRICO

     De acordo com Teixeira e Fonseca (1991) os contatos iniciais dos Cintas Largas, com o branco, em nada difere de outras populações, iniciando-se a partir dos anos 50 e foram marcados pela violência que fulminou aldeias inteiras. Resta ver de que entre cinco mil índios, remanescem apenas hoje, pouco mais de mil e trezentos a mil e quinhentos índios daquela nação.

A primeira missão de pacificação foi tentada, sem sucesso, em 1962, pelo Padre João Domstander. Como não podia ser diferente, o S.P.I (Serviço de Proteção ao Índio), negligentemente demorou em agir e a investida dos primeiros colonos, querem a qualquer preço, se apoderar das terras e eliminar os índios, que resistem e dificultam entrada destes em seu território.

Frentes extrativistas em busca de áreas ricas em seringais, penetravam inescrupulosamente em seu território, gerando violentos conflitos, sendo estes obrigados a fazer uso do arco e a borduna contra os invasores e até contra os próprios índios das etnias Suruí, Zoró e outros povos que vinham sendo empurrados por estas frentes no sentido Rondônia /Grosso que posteriormente, foram substituídas pelos projetos agropecuários do governo, a partir da construção da BR 364 e a criação do Polonoroeste.

De uma grande violência levada pela cobiça, essas expedições organizaram várias frentes para se “livrarem dos indígenas” e poder se apropriar de suas terras à revelia e irresponsabilidade do estado brasileiro. Podem-se citar entre eles a utilização de açúcar servido com arsênio, bombas de dinamite que eram lançadas de avião sobre as malocas, além de metralhadores e armas.

À dianteira dos fatos e de forma impar, a Enciclopédia dos Povos Indígenas do CIME - Conselho Indigenista Missionário, traçando todo um perfil histórico, social, político e antropológico dos povos indígenas Cinta Larga, cronologicamente, relata sucintamente acontecimentos que ilustram o presente trabalho, senão vejamos:

Ainda os autores ressaltam que houve um massacre de uma aldeia Cinta-Larga por um bando de seringueiros, chefiados por Julio Torres, sob ordens do seringalista peruano dom Alejandro Lopes que dominava o rio Aripuanã, e havia instalado o seu “barracão no salto de Dardanelos (atual cidade de Aripuanã). A aldeia era dos índios “Iamé”- yamên é a forma usual de tratamento entre os Cinta-Larga. O caso foi denunciado ao inspetor do SPI à época, Bento Martins de Lemos, que procedeu a um inquérito, com poucos resultados.

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