A Desmistificação Do Ideal De Herói/traidor Em Calabar

A época da ditadura militar instaurada no Brasil em 1964 é marcada por fortes conflitos entre os intelectuais de esquerda e o governo. As perseguições e as censuras não foram suficientes para cessar o grande número de produção artística com a finalidade de expor os abusos que estavam acontecendo no país. O presente estudo objetiva tratar da desmistificação do ideal de herói / traidor na peça (que é uma das que denuncia a arbitrariedade do governo da época) Calabar: o elogio da traição, de Chico Buarque e Ruy Guerra. Levantaram-se informações contidas nas reflexões de intelectuais brasileiros que produziram arte nesse da história, considerados principalmente os autores de literatura satírica, estabelecendo pontos de contato com o trabalho de determinados cineastas, teatrólogos e compositores de música popular. Através de pesquisa bibliográfica foi observado que a produção artística na época da segunda ditadura do nosso país ocorreu por meio da utilização de vários tipos de recursos textuais, como o uso de metáforas, alegorias, recortes históricos passados, para camuflar as mensagens e burlar a censura, que era muito ativa. As traições eram muito constates no desenrolar do enredo do musical-teatral, por isso a personagem Bárbara tenta responder a pergunta: se todos traem por que apenas Calabar é condenado e morto? É através dela que vão aparecendo os questionamentos sobre o que é trair e a presença da traição nas ações das personagens. Porém, o enredo da peça não pretende mostrar Calabar como herói ou traidor, nem se propõe a mostrar um desfecho diferente dos eventos apresentados pela historiografia.

PALAVRAS-CHAVE: ditadura militar; Calabar; desmistificação herói /traidor

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