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A Ideologia racial nas obras Casa Grande e Senzala

Por:   •  2/5/2019  •  Trabalho acadêmico  •  5.697 Palavras (23 Páginas)  •  285 Visualizações

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Matheus dos Santos Belo Leibão

DRE: 117048400

A IDEOLOGIA RACIAL NAS OBRAS LITERÁRIAS CASA GRANDE & SENZALA, RAÍZES DO BRASIL E NA COMPOSIÇÃO DO HORROR LOVECRAFTIANO

                                

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Faculdade de Letras

Rio de Janeiro, 1º semestre de 2018

Matheus dos Santos Belo Leibão

DRE: 117048400

A IDEOLOGIA RACIAL NAS OBRAS LITERÁRIAS CASA GRANDE & SENZALA, RAÍZES DO BRASIL E NA COMPOSIÇÃO DO HORROR LOVECRAFTIANO

Trabalho de conclusão apresentado no Curso de Fundamentos da Cultura Brasileira II, aplicado na Faculdade de Letras da UFRJ, como requisito para obtenção da média final nessa disciplina.

                                

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Faculdade de Letras

Rio de Janeiro, 1º semestre de 2018

Sumário

Introdução.....................................................................................................................4

Capítulo 1- A questão racial em Gilberto Freyre e Sérgio Buarque.............................5

Capítulo 2 - A influência racial na ideologia e obras de H.P. Lovecraft.....................11

Conclusão...................................................................................................................19

Referências................................................................................................................20


Introdução

Este trabalho objetiva discutir a representação artística dos temas raça, miscigenação e hierarquia classista (estruturas das relações de poder) abordados nas obras Casa Grande e Senzala (de Gilberto Freire) e Raízes do Brasil (de Sérgio Buarque); para, em seguida, comparar e contrastá-las com essas mesmas questões temáticas presentes na produção literária de Howard Phillips Lovecraft.

Começarei salientando que a primeira parte do trabalho consistirá numa síntese das principais ideias e considerações presente em ambas as obras literárias brasileiras mencionadas na introdução. Tudo isso com o intuito de traçar todas as considerações principais dos autores acerca dos temas destacados, construindo a base de desenvolvimento inicial da proposta que se visa transcorrer.

Com os pontos de vista de Gilberto Freire e Sérgio Buarque devidamente expostos, o trabalho seguirá a análise desses mesmos tópicos sobre a visão de outro autor literário, H.P. Lovecraft. O objetivo aqui é analisar em como os temas propostos influenciaram na escrita literária de tal autor. E ainda, buscarei argumentar em como essa visão (impregnada por um forte viés racista e classista) influenciou em toda a criação de seu gênero de horror cósmico.

A relevância deste trabalho está em justamente discutir o quão determinante é a visão de mundo e posicionamento social dos autores em suas criações artísticas. A escolha por trabalhar os dois autores brasileiros com Lovecraft se deu devido ao destaque que tais autores dão a essas questões temáticas que busco discutir.


Capítulo 1 – A questão racial em Gilberto Freyre e Sérgio Buarque

O método de explanação escolhido para se desenvolver tal abordagem temática se dará da seguinte maneira: um espaço inicial será aberto para discutir sobre os conceitos trabalhados pelos autores, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, e suas respectivas obras (Casa Grande & Senzala e Raízes do Brasil); ao mesmo tempo em que, com intuito de se manter um elo conceitual entre os autores, os pensamentos sobre raça, miscigenação e hierarquia de classes apresentados serão constantemente enfocados, mantendo um fluxo contínuo na passagem desses conceitos de um autor para outro, com o objetivo de manter a transição de um pensamento ao outro de forma natural, em que a comparação flua de maneira contínua.

Começando por Gilberto Freyre (1933), em Casa Grande & Senzala, percebe-se que a vertente principal ao desenvolvimento dado em sua obra busca delinear os espaços (maneiras em que se davam as relações de existência entre familiares), ao mesmo tempo em que atrela tais aspectos à rotina do sistema socioeconômico que vingava no Brasil. Além do enfoque em práticas que se centravam na economia, essa organização criou e sedimentou os valores mais proeminentes da civilização brasileira, durante seus anos iniciais de colonização.

O autor afirma que para exprimir suas ideias, tomará como polo central as relações familiares, para, por meio dessa, desenvolver seus pontos relacionados ao aspecto social e econômico do país. Quanto a esse feito de considerar a família como base da estrutura social brasileira, percebe-se um claro aspecto conservador em sua retratação, em específico, quando o mesmo exalta a imagem dos senhores patriarcais nordestinos. Entretanto, em contrapartida, ao dar centralidade a essa figura, o autor não busca aqui esconder suas principais correspondências: as mazelas morais e a violência; afinal, a eles estavam atribuídos o controle das terras, dos engenhos e, principalmente, dos homens que utilizavam sua força de trabalho como único método de subsistência.

 Gilberto Freyre enxerga nessa categoria o ponto principal que criaria no país a necessidade de se programar um novo processo civilizatório. Porém, mesmo com sua descrição dos senhores de engenhos e do sofrimento provindo dos horrores da escravidão, o autor ainda assim afirma que a estrutura socioeconômica escravocrata seria superior àquela presente no sistema capitalista.

Felizmente, tal ambiguidade gerada por esse posicionamento acaba por ficar em segundo plano quando se observa o desenvolvimento sobre a questão racial proposto pelo autor. Considerando o período que a obra está retratando, tempos do expoente máximo de teorias racistas, as quais designavam índios, negros e mestiços como motivos causadores do atraso nacional; o autor introduz uma inversão completa dos papéis e atribuí uma função essencial às etnias, até então taxadas como dominadas, na construção do Brasil. Inclusive, aborda a opinião sobre a qual os negros foram bem mais funcionais e de maior importância para o desenvolvimento colonial que seus senhores. Exaspera a resistência à vida e à força daqueles que eram explorados, suas destrezas de obstinação ao meio hostil em que viviam e suas habilidades no empenho de técnicas agrícolas na geração de alimentos.

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