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A Leitura

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Por:   •  15/5/2014  •  2.756 Palavras (12 Páginas)  •  879 Visualizações

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CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo. Scipione; 2010.

GENIVALDO DAMIÃO TORRES

A ESCRITA

A escrita é algo com que nós, adultos tão envolvidos que nem nos damos conta de como vive alguém que não lê e não escreve, de como a criança encara essas atividades, de como de fato funciona esse mundo caótico e complexo, que nos parece tão familiar e de uso fácil. A escrita é uma atividade nova para a criança, e por isso mesmo requer um tratamento especial na alfabetização.

É um absurdo que todas as atividades de português na escola girem em torno da escrita... Até a fala que se pretende ensinar assume as formas da escrita, na escola! Espera-se que a criança, no final de um ano de alfabetização, saiba escrever e não que saiba escrever tudo e com correção absoluta.

Sem dúvida, a escrita cursiva é importantíssima, fundamental na nossa cultura, mas não me parece ser a maneira mais adequada de ensinar alguém escrever. Seria muito mais fácil e simples aprender a escrever e ler, em primeiro lugar, através da escrita de forma maiúscula. Depois a criança aprenderia a escrita cursiva.

Alguns professores fazem muita questão de enfatizar o uso da escrita cursiva e esquecem de verificar o que a escrita representa para a criança.

Mesmo que a criança tenha um contato frequente com livros, revistas, que veja adultos e crianças mais velhas lendo e escrevendo, o trabalho sistemático de escrita e leitura durante a alfabetização se coloca como algo novo, um desafio.

Mesmo para os que sabem é preciso dizer, logo no início, o que é a escrita, as maneiras possíveis de escrever, a arbitrariedade dos símbolos, a convencionalidade que permite a decifração -, as relações variáveis entre letras e sons – que permitem a leitura. Enfim é preciso não camuflar a complexidade da língua.

Se refletirmos, por um momento, sobre o processo de aquisição da linguagem oral, veremos que as crianças aprendem a falar naturalmente.

Mas, com relação à escrita, o que vemos é a imposição de um modelo, sem qualquer possibilidade, espacial ou temporal, para a experimentação, tentativas e descobertas de cada criança, que se limitam, como tarefa, a fazer cópias de vários traçados, num verdadeiro exercício de treinamento manual. Estamos tão acostumados a ler e escrever na nossa vida diária, que não percebemos que nem todos leem e escrevem como nós, mesmo os que vivem bem próximos.

Antes de ensinar a escrever, é preciso saber o que os alunos esperam da escrita, qual julgam ser sua utilidade e, a partir daí, programar as atividades adequadamente.

Partindo das expectativas das crianças, a escola pode discutir com elas outros aspectos da escrita que talvez elas não tenham visto ou em que nem sequer pensaram e até um passatempo. A maneira como a escola trata o escrever leva facilmente muitos alunos a detestar a escrita e em consequência a leitura, o que é realmente um irreparável desastre educacional.

NÃO BASTA SABER ESCREVER PARA ESCREVER. É preciso ter uma motivação para isso. Grande parte da população das cidades trabalha em serviços que não exigem a escrita.

A escrita, seja ela qual for, tem como objetivo primeiro permitir a leitura. A leitura é uma interpretação da escrita que consista em traduzir símbolos escritos em fala. A escrita, para ser qualificada como tal, precisa de um objetivo bem definido, que é fornecer subsídios para que alguém leia.

A motivação da escrita é sua própria razão de ser; a decifração constitui apenas um aspecto mecânico de seu funcionamento. Assim, a leitura não pode ser só decifração; deve, através da decifração, chegar à motivação do que está escrito, ao seu conteúdo semântico e pragmático completo.

Historicamente muitos sistemas de escrita desenvolvem a partir de desenhos. A escrita começou a existir no momento em que o objetivo do ato de representar pictoricamente tinha como endereço a fala e como motivação fazer com que através da fala o leitor se informasse a respeito de alguma coisa.

A história da escrita vista no seu conjunto, sem seguir uma linha de evolução cronológica de nenhum sistema especificamente, pode ser caracterizada como tendo três fases distintas: a pictórica, a ideológica e a alfabética.

A fase pictórica se distingue pela escrita através de desenhos ou pictogramas. Estes aparecem em inscrições antigas, mas podem ser vistos de maneira mais elaborada nos cantos Ojibwa da América do Norte, na escrita asteca e mais recentemente nas historias em quadrinhos.

A fase ideográfica de caracteriza pela escrita através d desenhos especiais chamados ideogramas. Esses desenhos foram ao longo de sua evolução perdendo alguns dos traços mais representativos das figuras retratadas e tornaram-se uma simples convenção de escrita. As letras do nosso alfabeto vieram desse tipo de evolução.

A fase alfabética se caracteriza pelo uso de letras. Estas tiveram sua origem nos ideogramas, mas perderam o valor ideográfico, assumindo uma nova função de escrita: a representação puramente fonográfica.

Os gregos adaptaram o sistema de escrita fenícia, ao qual juntaram as vogais, uma vez que, em grego, as vogais têm uma função linguística muito importante na formação e no reconhecimento de palavras.

A escrita, seja ela qual for, sempre foi uma maneira de representar a memoria coletiva religiosa, mágica, científica, política, artística e cultural. A invenção do livro, sobretudo da imprensa são grandes marcos da História da humanidade, depois é claro, da própria invenção da escrita.

Como já vimos, a escrita tem como objetivo a leitura. A leitura tem como objetivo a fala. A fala é a expressão linguística e se compõe de unidades, de tamanho variável, chamadas signos e que se caracteriza em sua essência pela união de um significado a um significante.

Os sistemas baseados nos significados são, em geral, pictóricos, iconicamente motivados pelos significados que querem transmitir, e dependem fortemente dos conhecimentos culturais em que operam.

O outro tipo de sistema de escrita é o baseado no significante e depende essencialmente dos elementos sonoros de uma língua para poder ser lido e decifrado.

Todo sistema de escrita tem um compromisso direto ou indireto com os sons de uma língua, e como as línguas inexoravelmente mudam com o tempo, transformando a forma fônica das palavras, a escrita começa a ser difícil leitura.

Os

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