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A Leitura e Produção de Texto

Por:   •  2/9/2021  •  Trabalho acadêmico  •  13.179 Palavras (53 Páginas)  •  129 Visualizações

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Curso: Licenciatura em Tecnologias Digitais

Disciplina: Leitura e Produção de Texto

Docente: Prof.ª Drª Mariângela Sólla López

Unidade 1 – Texto, tipos e gêneros textuais

        

Após a leitura desta Unidade, você será capaz de:

  • Conhecer conceitos que norteiam a prática dos educadores no que diz respeito ao ensino-aprendizagem de leitura e produção textual.

  • Perceber a diferença entre tipos e gêneros textuais.
  • Identificar os gêneros textuais mais utilizados na universidade.

Introdução

O avanço obtido pelas ciências linguísticas a partir dos anos de 1980 (Sociolinguística, Linguística Textual, Psicolinguística, dentre outras) gerou novas concepções de língua e linguagem, de texto e discurso, de leitura e escrita. Sabemos hoje que nos comunicamos por meio de textos produzidos socialmente e, nessa perspectiva, concretiza-se um novo olhar para o ensino da língua e das linguagens.

Após a difusão mais ampla no mundo ocidental da teoria dialógica do discurso, de Mikhail Bakhtin (1992), diversos autores passaram a destacar a importância de compreender a linguagem sob a perspectiva sociointeracionista abordada pelo autor, na qual o estudo linguístico se baseia na relação existente entre o usuário e o contexto de uso da língua.

Ao conceberem a linguagem como um processo interativo, muito mais amplo do que a mera transmissão de informações, Bakhtin/Volochinov (2006) afirmam:

A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato fisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua (BAKTIN//VOLOCHINOV, 2006, p. 123 apud ROSA, 2012).

Olhar para a linguagem como forma de interação entre sujeitos e não isoladamente significa entender que a linguagem organiza discursos de acordo com as intenções e com o contexto sócio-histórico no qual se inserem. Os interlocutores são construtores sociais e, por meio da linguagem, trocam conhecimentos e constroem sentidos.  

Apoiados nessa concepção, documentos oficiais foram elaborados nas diversas esferas do ensino no Brasil para orientarem o trabalho do professor. Foi assim com os Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1998, que explicita:

Linguagem aqui se entende, no fundamental, como ação interindividual orientada por uma finalidade específica, um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos de sua história (BRASIL, 1998, p. 20).

Nesta unidade, o objetivo é promover uma primeira aproximação dos cursistas aos conceitos que norteiam hoje o ensino da leitura e da produção textual. Ressalvamos, no entanto, que as noções aqui apresentadas constituem apenas princípios básicos de reconhecimento e identificação, sendo necessário um aprofundamento de seu estudo para melhor compreensão. Por isso, convidamos todos a participar das atividades propostas no SAIBA MAIS, descritas no Guia de Estudo.

  1. Texto, contexto e textualidade

Para entendermos as reflexões teóricas sobre os conceitos que norteiam a abordagem sociointeracionista da linguagem, é preciso compreender a noção de texto, pois ele é a base do ensino e aprendizagem da língua. O texto ocupa hoje o lugar da palavra e da frase, unidades de ensino de línguas anteriormente utilizadas.

        O enfoque equivocado para estudar o texto e seu uso inadequado em sala de aula trazem consequências negativas para a formação do estudante. Como afirmam Rojo e Cordeiro, “as práticas escolares brasileiras tendem a formar leitores, com apenas capacidades mais básicas de leitura, ligadas à extração simples de informação de textos relativamente simples” (2004, p. 10).

Koch nos explica que hoje o texto não é mais visto como um produto acabado, mas como “resultado parcial de nossa atividade comunicativa, que compreende processos, operações e estratégias que tem lugar na mente humana, e que são postos em ação em situações concretas de interação social” (1972, p. 22).

        O entendimento de que a principal função do texto é a interlocução, concepção que prevê a interação entre leitor e autor feita por meio da linguagem, traz em seu bojo a ideia de um sujeito ativo na produção de sua fala, interagindo com outros falantes, dentro de um contexto social e histórico, e posicionando-se como ser ideológico, consciente de suas ações, como nos aponta Koch (2009).

A concepção de texto apresentada por Koch e Elias (2017, p. 7) corrobora a ideia de um sujeito construtor social. Para as autoras,

[...] texto é o lugar de interação de sujeitos sociais, os quais, dialogicamente, nele se constituem e são constituídos; e que, por meio de ações linguísticas e sociocognitivas, constroem objetos de discurso e propostas de sentido, ao operarem escolhas significativas entre as múltiplas formas de organização textual e as diversas possibilidades de seleção lexical que a língua lhes põe à disposição.

A percepção de que a linguagem se realiza na interação com o outro, e não de forma isolada, nos leva a entender que a linguagem organiza discursos conforme as intenções e o contexto sociocultural no qual se inserem. Consoante a essa abordagem, encontramos nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998) a noção de linguagem como um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos de sua história.

Os documentos oficiais orientam os educadores a adotarem a metodologia de trabalho interacionista para o ensino de língua portuguesa, entendendo que o discurso manifesta-se linguisticamente por meio de textos.

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