A Linguística Cognitiva
Por: Patrícia Peroni • 27/4/2015 • Trabalho acadêmico • 8.141 Palavras (33 Páginas) • 336 Visualizações
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS, CULTURA E REGIONALIDADE
RELATÓRIO FINAL DAS LEITURAS DO SEMESTRE
Relatório final apresentado como um dos requisitos para aprovação na disciplina de Linguagem, Cultura e Cognição.
Professora Dra: Heloísa Pedroso de Moraes Feltes
CAXIAS DO SUL, MARÇO DE 2015
INTRODUÇÃO
1 LÍNGUA, CULTURA E CONCEPTUALIZAÇÃO: A SEMÂNTICA TRANSCULTURAL
No capítulo 6, chamado Língua, cultura e conceptualização: a semântica transcultural a autora inicia afirmando que mesmo em fonologia nem sempre o significado dado a uma diferença de acento é constante. Ela trata a respeito do determinismo linguístico, ou seja, a relação que mantemos com o mundo é modulada pela língua que falamos e pela cultura que vivenciamos. Em contraponto, a teoria do universalismo afirma que o espírito humano é inato e que o pensamento humano é independente de sua cultura ou língua. Nossa língua expressa nossa forma de viver e de pensar, existe certa interação mútua entre língua e cultura. Existem palavras que não podem ser traduzidas, e elas dizem respeito a nossa forma de pensar o mundo e de viver. Delbecque cita em seu livro que a ideia de relatividade linguística acaba por ser consideravelmente reforçada por uma importante descoberta que é a de que os conceitos mais abstratos dos sistemas gramaticais decorrem também de categorias que não são necessariamente concebidas com base no modelo das gramáticas indo-europeias.
A autora traz a situação de que crianças são expostas a um jogo para buscar compreender se a língua realmente modula a forma de pensar. Crianças de 18 a 20 meses de língua inglesa e coreana são levadas a realizarem atividades como por uma peça num puzzle, uma tampa em uma caneta, brinquedos num saco e um chapéu em uma boneca. Notaram-se algumas diferenças, como por exemplo, que para elas não conta apenas ver se as coisas se encontram dentro ou sobre alguma coisa, mas sim se elas são bem ajustadas ou são apenas colocadas, por exemplo. Nesse sentido, o que guia a classificação é a língua. A autora traz a questão da paráfrase. Ela cita que não há equivalente exato para a maioria das palavras. A autora cita o exemplo da mão. Em Russo não existe um equivalente sendo que a palavra mais próxima equivale ao “braço inteiro” e não somente a mão em si e , sabemos que a paráfrase só é eficaz se as palavras usadas servirem para simplificar a palavra e não complicando mais ainda buscando uma explicação.
Sobre o tópico palavras culturalmente específicas, a autora afirma que:
A grande maioria das palavras de uma língua têm sentidos complexos e relativamente específicos que refletem e encaram de alguma forma as experiências históricas e culturais distintivas da comunidade linguística em causa. Este vasto conjunto é formado por palavras culturalmente específicas. P. 184
Nesse sentido, podemos considerar que os costumes irão variar de local para local assim como as palavras. A cozinha representa o que uma cultura possui de mais particular segundo a autora. E assim vão seguindo os significados das palavras e elaboração de culturas.
A autora cita a questão dos sentimentos, que em determinadas línguas palavras como amor, ódio, tristeza ou felicidade podem evocar e provocar sensações diferentes nos ouvintes e pode ser que não expressem o sentimento tal qual como ele deveria. Ainda, ela explica a questão dos “scripts”, ela coloca que além de falar uma língua nós utilizamos outras formas. Em seguida a autora faz a comparação de um italiano sendo calmo e de um finlandês se comunicando tão empolgado como um italiano. Outro exemplo trazido é que na cultura japonesa não é adequado dizer o que se deseja. Eles usam mensagens implícitas para se comunicar acreditando que o destinatário compreenda e reaja.
Por fim, em sua conclusão a autora retoma a versão fraca e forte da hipótese de Whorf. Ela afirma que na versão chamada forte a questão do pensamento depender da linguagem não é adequada. O ser humano não precisa da língua para construir todo o tipo de pensamento. Já a hipótese fraca afirma que sim, que existe uma relação entre pensamento e linguagem. A língua orienta a percepção.
- LINGUISTIC DIVERSITY
No Capítulo 3, Duranti analisa que a linguística sempre uma visão levando em conta a diversidade. Entretanto, existem diversos métodos e formas de pensar a linguística. Ele cita que Chomsky, por exemplo, desenvolveu a gramática universal que busca criar regras inerentes a todas as línguas do mundo. Duranti cita também os estudos sociolinguísticos, que buscam analisar as variações que podem ocorrer através de classes sociais, gênero, idade, dentre outros. O autor inicia o questionamento a respeito de como o mundo é percebido através da linguagem utilizada. Ele cita o exemplo das línguas indígenas americanas, dessa forma o sistema linguístico pode ser estudado e considerado como um sistema cultural.
Enquanto transcrevia textos nativos e os traduzia, Boas ficava fascinado com as inúmeras formas de classificar as palavras em diferentes línguas e de acordo com as experiências humanas. Com base nisso, ele criou argumentos a favor do relativismo cultural que tratava de que cada cultura deve ser entendida e compreendida de acordo com seus termos e partes sendo que possuem formas diferentes de interpretação. Ele cita que cada língua utiliza um vocabulário especifico para descrever as coisas, mesmo que elas pareçam ser parecidas em muitas culturas. Em Eskimo, a palavra neve possui diversas denominações, como a neve recém-caída, neve derretida, neve mais baixa, neve mais alta, dentre outras muitas definições para esse conceito. Enquanto em português, por exemplo, como a neve não é comum só existe uma palavra para denomina-la: neve, assim como no inglês: snow.
Em seguida, Duranti cita a teoria de Sapir and Whorf, a respeito de que a linguagem representa determinadas experiências no mundo, e de acordo também com a experiência dos usuários da própria língua. A linguagem seria uma das formas de desenvolver a cultura, pois conforme ela vai sendo adquirida, vão surgindo novos horizontes e perspectivas. A linguagem é a forma de relação entre o individuo e a sociedade. Uma das maiores contribuições de Whorf é a de que a estrutura de uma língua, além de retratar um esboço da própria linguagem contém um esboço da visão de mundo presente no idioma. Vejamos na citação abaixo:
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