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A Mestiçagem, Racionalização e Gênero Sociologias

Por:   •  7/8/2019  •  Resenha  •  758 Palavras (4 Páginas)  •  240 Visualizações

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COSTA, Rosely Gomes. Mestiçagem, racialização e gênero. Sociologias. Porto Alegre. Ano 11, n 21, jan/jun. 2009, p. 94-120.

O artigo “Mestiçagem, racialização e gênero” versa sobre as problemáticas referentes a um Brasil mestiço e como as relações entre os seres estão imersas em tensões provocadas pela crença de superioridade de uma raça em relação à outra.

O problema apresentado na referida produção nos leva a refletir sobre questões de aceitação, além de nos mostrar visões de alguns autores sobre quem é o mestiço em nossa sociedade e como ele é visto em contextos diferentes, trazendo provocações sobre o seu lugar e não lugar social, político, econômico e afetivo.

Inicialmente o texto mostra a visão de Nina Rodrigues sobre mestiçagem. Este a trata como indesejável e negava a mistura por considerar que cada uma das raças estava em um grau de desenvolvimento e evolução e a sua mistura ressaltaria as características da raça inferior. Silvio Romero aceitava a fusão e integração das raças desde que o predomínio racial e cultural fosse dos brancos como tipo caracteristicamente nacional.

Nesse sentido pretendia-se formar uma nação homogênea a partir do melhoramento da raça e não sua eliminação por esterilização ou morte. Segundo Guimarães, o racialismo brasileiro importou teorias racistas europeias do século XIX, mas excluiu o caráter inato e da ideia de degenerescência possibilitando assim, que o sangue branco pudesse purificar, diluir e finalmente eliminar o sangue negro.

Para Schwarcz, Martius funda o mito das três raças e Norvell aponta para a maneira paradoxal como a mestiçagem é tratada. Seyferth (1985) argumenta que a ambiguidade é a principal característica das teorias elaboradas no Brasil entre o fim do império e a Primeira Guerra Mundial sobre miscigenação, pois a concebiam, ao mesmo tempo, como o mal e solução.

Machado (2002) considera que prevalece no Brasil a “mestiçagem arqueológica”, na qual interessam as contribuições dos povos, sem levar em conta a sua continuidade no presente. Assim, o negro fica restrito à cultura negra, entendida como folclórica passada, que tem que ser preservada, mas que não tem relação com a sua vida e as lutas políticas atuais.

A possibilidade de branqueamento atribuída à miscigenação se realiza através de duas formas complementares: o clareamento biológico da pele, exibido fenotipicamente, que contribui para amenizar o preconceito e aumentar a possibilidade de ascensão social e econômica que, por sua vez, possibilita o embranquecimento social.

Uma vez que no Brasil, o grupo de cor privilegiado é o branco, as reclassificações operam no sentido do branqueamento, da identificação com o grupo de cor que possibilita ascensão e status. As reclassificações, seja no sentido de enegrecer ou de embranquecer, são frutos de estratégias sociais em contextos específicos que visam acesso a determinadas vantagens sociais, políticas ou econômicas.

Os dados dos censos mostram que houve uma mudança nas relações sexuais/afetivas inter-raciais. Enquanto historicamente essas relações se deram entre homens brancos e mulheres negras e mulatas, atualmente o número de mulheres brancas que se casam com homens mais escuros que elas é superior ao número de homens brancos que se casam com mulheres mais escuras.

As relações inter-raciais apresentam, aos olhos dos negros, uma via de acesso a uma melhor integração social e à condição de usufruto e compartilhamento com as demais raças dos bens socioculturais e econômicos produzidos pela sociedade. Para Moutinho, o argumento da mobilidade social desconsidera o erotismo e o afeto presentes nas relações inter-raciais.

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