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A PRESENÇA DE ORALIDADE EM TEXTOS ESCRITOS E A INFLUÊNCIA DO MEIO SOCIAL NA UTILIZAÇÃO DA VARIEDADE-PADRÃO: UM ESTUDO DE CASO COM ALUNOS DO 6º ANO

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Por:   •  24/2/2015  •  3.210 Palavras (13 Páginas)  •  931 Visualizações

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RESUMO

Esta pesquisa, intitulada Presença de oralidade nos textos escritos e a influência do meio social na utilização da variedade padrão: um estudo de caso com alunos do 6º ano, foi realizada em uma cidade de Minas Gerais. Tem por objetivo verificar a interferência da oralidade e do meio social no processo da escrita dos alunos, mais especificamente, os da zona urbana. Pretende-se analisar este aspecto tendo como base teórica as autoras que trazem discussões pertinentes sobre o assunto: FÁVERO, ANDRADE e AQUINO (2003) e SOARES (1989). Para o corpus deste trabalho, foram coletadas informações socioeconômicas e redações de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública. Assim sendo, os textos coletados contribuem para a realização do estudo. De acordo com os resultados, as crianças mostram que selecionam ideias e que conseguem transmitir uma mensagem, embora não consigam estabelecer um modelo de texto escrito e discorrer sobre determinado tema com fluência e domínio da escrita, sem precisar recorrer frequentemente ao banco de dados de sua linguagem oral usual.

Palavras-chave: Oralidade; Escrita; Meio Social; Variedade Padrão; Produções de textos.

LÍNGUA ORAL E LÍNGUA ESCRITA

Como já sabemos, quando os alunos chegam à escola dominam, em sua essência, a gramática da língua, a variante linguística de seu grupo familiar, de sua região. No momento em que a criança inicia o processo de aquisição da escrita é bem provável que escreva como fala, ou que apresente influências da fala na escrita.

De modo geral, as línguas apresentam-se sob duas modalidades principais: a oral e a escrita. Tais modalidades são de suma importância para o estabelecimento da interação entre os sujeitos. Os estudos acerca das relações entre fala/escrita não são novos; contudo, nos últimos anos, têm ganhado corpo devido ao grande avanço dos Estudos Linguísticos. De acordo com Fávero, Andrade e Aquino: “a escrita tem sido vista como estrutura complexa, formal e abstrata, enquanto a fala, de estrutura simples ou desestruturada, informal, concreta e dependente do contexto” (FÁVERO; ANDRADE; AQUINO, 2009, p. 9).

A fala, portanto, era tida como não planejada, presa à situação enunciativa, voltada às necessidades mais imediatas, dispersa, sendo considerada um “caos”, enquanto a escrita era caracterizada como planejada previamente, mais ligada à cultura de um povo e à elaboração intelectual, coesa e bem estruturada. Desse modo, percebemos que a língua escrita foi e é supervalorizada.

O incentivo de estudo dessa modalidade é ver como a fala influencia sobremaneira a escrita. O aprendizado das operações de transformação do texto falado para o escrito coloca-se como imprescindível para o melhor domínio da produção escrita que se tem evidenciado muito problemática entre nossos estudantes. A aplicação de atividades de observação que envolvem a organização de textos falados e escritos permite que os alunos cheguem à percepção de como efetivamente se realizam, se constroem e se formulam esses textos.

A finalidade do ensino da leitura e da escrita consiste em formar sujeitos que sejam capazes de produzir e interpretar textos. Conhecer e dominar o sistema da escrita não implica ter resolvido às situações próprias de produção e interpretação textual: isso é um aspecto parcial e restrito desse âmbito.

“Não se trata, simplesmente, de se ensinar a criança a falar, mas de desenvolver sua oralidade e saber lidar com ela nas mais diversas situações”. (DIAS, 2001, p.36) Ou seja, mostrar aos alunos a grande variedade de usos da fala, dando-lhes a consciência de que a língua não é homogênea, monolítica, trabalhando com eles os diferentes níveis (da mais coloquial ao mais formal) das duas modalidades – escrita e falada -, isto é, procurando torná-los poliglotas dentro de sua própria língua.

Entretanto, com o surgimento dos estudos do texto, o enfoque vai deixando de fixar-se apenas no produto e se desloca para o processo. A linguagem deixa de ser vista como mera verbalização e passa a ser incorporada, nas análises textuais, a observação das condições de produção de cada atividade interacional. A elaboração do texto escrito – assim como do oral – envolve um objetivo ou intenção do locutor. Contudo, o entendimento desse texto não diz respeito apenas ao conteúdo semântico, mas à percepção das marcas de seu processo de produção. Essas marcas orientam o interlocutor no momento da leitura, na medida em que são pistas linguísticas para a busca do efeito de sentido pretendido pelo produtor.

Se por um lado na oralidade não se pode falar em erro, já que as variantes constituem maneiras alternativas de dizer a mesma coisa e a transgressão é apenas um fator social, por outro lado, na língua escrita, o erro é visto de outra maneira, uma vez que a escrita deve obedecer a um código convencionado que não prevê variação.

Segundo Fávero, Andrade e Aquino “para analisar adequadamente um texto (falado ou escrito), é preciso identificar os componentes que fazem parte da situação comunicativa, suas características pessoais (personalidade, interesses, crenças, modos e emoções) e de seu grupo social (classe social, grupo étnico, sexo, idade, ocupação, educação, entre outros), pois eles favorecem a interpretação dos papéis dos interlocutores (falante-ouvinte-audiência (facultativa)/escritor-leitor) num evento particular, determinado, dados os componentes linguísticos desse texto.

São também relevantes para a análise as relações entre os participantes, a observação do papel social (poder, status), das relações pessoais (preferências, respeito) e a extensão do conhecimento partilhado.” (FÁVERO; ANDRADE; AQUINO, p.71e72)

É fundamental que o professor conheça a realidade de seus alunos para que possa intervir de maneira consciente e responsável para o desenvolvimento pleno de seus educandos.

LINGUAGEM E ESCOLA

SOARES (1989) aborda as relações entre linguagem e escola, tendo como principal foco de interesse a contribuição dessa análise para a compreensão do problema da educação das camadas populares no Brasil. Segundo a autora, a própria escola rejeita as camadas populares através de contradições. Uma primeira explicação:

A ideologia do dom, segundo a qual as causas do sucesso ou do fracasso na escola devem ser buscadas nas características dos indivíduos: a escola oferece “igualdade de oportunidades”; o bom aproveitamento dessas oportunidades dependerá do dom – aptidão, inteligência, talento – de cada um. Nessa ideologia, o fracasso do aluno

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