A Problemática Do Ser, Em Alegria Breve
Trabalho Escolar: A Problemática Do Ser, Em Alegria Breve. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: roner.porto • 11/10/2013 • 1.041 Palavras (5 Páginas) • 463 Visualizações
Resenha
LINHARES FILHO. A problemática do Ser em Alegria Breve. Revista de Letras, Fortaleza, 5 (2) jul./dez. 1982, p.23-42.
Objetivo aqui colaborar no processo crítico da Literatura constituindo uma resenha do magnânimo e muito bem escrito ensaio “A problemática do Ser em Alegria Breve”, que torna público uma competente e bem sucedida análise do Dr. Linhares Filho, atentando-se para aspectos sutis, porém muito relevantes para a construção literária e para a criação do romance como um todo.
De maneira brilhante, Dr. Linhares Filho – doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor titular de Literatura Portuguesa e Vice-coordenador do Mestrado em Letras da Universidade Federal do Ceará, membro da Academia Cearense de Letras e da Associação Internacional de Lusitanistas, além de ser poeta e crítico –, em seu ensaio “A problemática do Ser em Alegria Breve” – objeto da crítica desta resenha – define pequenas siglas referentes às obras de Vergílio Ferreira, o qual afirma assumir uma nova atitude ficcional, passando ao romance da condição humana, com grande influência existencialista.
Dr. Linhares Filho diz: “São três os romances vergilianos que formam o ciclo existencial propriamente dito: Aparição (1959), Estrela Polar (1962) e Alegria Breve (1965). Vejamos a respectiva correspondência aos sintagmas de Heidegger. Alberto, Adalberto e Jaime, respectivas personagens principais dessas narrativas, encarnam, em sua problemática, pela ordem, segundo Aniceta, os seguintes sintagmas heideggerianos: Dasein (estar-sendo); Mitsein (ser-com-alguém) e Nichtigkeit (nada-nada).”
Há uma elaborada análise da estrutura formal, bem como tendências que o romancista segue, tais quais a legitimação estética da narrativa através de uma sensibilidade e a consciência artística que o levam a adotar uma linguagem renovada, atingindo o simbólico e o poético, além de evidenciar uma funcionalidade formal em relação à mensagem ideológica e à efabulação. No ensaio, Dr. Linhares Filho enaltece ainda o intuito, a preocupação a qual o escritor se detém, as condições e as situações as quais o homem se submete, e aí o ensaísta começa a indicar a presença da transcendência do Ser em suas obras.
Percebemos no ensaio que a ficção vergiliana, diante do problema existencial, assume uma postura de aprendizagem e ensinamento. O processo da identificação e da aceitação da condição humana é coleante, questionador, inquieto, e reprova a negação do homem como coisa, o homem é valorizado com essa conscientização. Alegria Breve sempre coloca s personagem narradora no limiar do projeto da realização humana.
É com incrível sensibilidade e competência, que Dr. Linhares, neste ensaio, mostra-nos que o romance é um monólogo em que dois planos se distinguem e se unem, formando uma unidade, planos estes definidos pelo ensaísta como plano da efabulação alinear e o de uma latência em que subjazem os valores ideológicos da doutrina existencialista da condição humana. Fica evidente, pelas palavras do ensaio, que no romance, “... as peripécias do questionamento ontológico mesclam-se com as ações descritas, evocadas ou anunciadas pelo narrador-personagem, conforme ocorram no presente, num passado próximo, num passado remoto ou hajam de ocorrer no futuro. O presente salienta-se mais por causa do tipo de narrativa redonda, que começa como acaba...”. Existe, no romance, uma sensação de atemporalidade devida a abruptas mudanças do tempo narrativo, no qual se traça um paralelo entre a vida e o tempo, “A vida fora da vida é bem uma atitude existencialista de quem, por ligar-se tanto à verdadeira vida, a da consciência do Ser, se desliga da vida dos mortos...”.
Assim, fica evidente para o leitor do ensaio que o simbólico, o reflexivo, o fantástico e o poético constituem elementos perenes em Nítido Nulo e nos romance que forma a trilogia existencial de Vergílio Ferreira.
Vemos ainda, uma comparação precisa e dedutiva dos homens que “têm a vida como um cemitério”, pois são homens, não livres,
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