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ANÁLISE DE UM MICROCONCRETO

Por:   •  21/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.273 Palavras (14 Páginas)  •  722 Visualizações

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LICENCIATURA EM LETRAS – INGLÊS / PORTUGUÊS

PCC = PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR

ANÁLISE DE UM MICROCONTO

Aluna:                

Érica Bernardo Fernandes  –  RA 1423219

POLO PETRÓPOLIS

2014

Introdução:

Neste trabalho foi realizada uma interpretação do conto “Ah é?” da autoria de Dalton Trevisan, a partir da análise da definição de microconto e de elementos característicos do estilo do autor, observando-se cuidadosamente aspectos como: ponto de vista empregado, personagens, tom da narrativa, figuras de linguagem, tema da narrativa e o conflito social apresentado ao longo do conto.

Microconto:

De acordo com Magalhães (1974), “O conto é uma narrativa linear, que não se aprofunda no estudo da psicologia dos personagens nem nas motivações de suas ações. Ao contrário, procura explicar aquela psicologia e essas motivações pela conduta dos próprios personagens. A linha do conto é horizontal: sua brevidade não permitiria que tivesse um sentido menos superficial. In: MAGALHÃES, J. Letras de Hoje. “Origem e Natureza do Conto”. Porto Alegre, 1974, p. 70.

Miniconto, ou microconto, ou nanoconto, é uma espécie de conto muito pequeno, produção que tem sido associada às tendências de vanguarda e ao minimalismo. Embora a teoria literária ainda não reconheça o miniconto como um gênero literário à parte, fica evidente que as características do que chamamos de miniconto são diferentes das de um "conto pequeno". No miniconto muito mais importante que mostrar é sugerir, deixando ao leitor a tarefa de "preencher" as elipses narrativas e entender a história por trás da história escrita.

A partir do início dos anos 1990, estudos e antologias começaram a abordar o tema de forma enfática, resultando em centenas de publicações em todo o mundo. Ainda que pareça, as micronarrativas de ficção não são algo recente. Ainda que sem se cogitar o conceito de "microcontos - literatura de alta velocidade”, grandes nomes da literatura mundial já incursionaram pelo tema. Carlos Drummond de Andrade já antecipava que "Escrever é cortar palavras", Hemingway sugeriu "Corte todo o resto e fique com o essencial", João Cabral proclamou "enxugar até a morte" e Winston Churchill deu certa vez um sábio conselho: “Das palavras, as mais simples. Das simples, a menor”. Sônia Bertocchi diz, no blog "Lousa digital": "Seguindo à risca a lição dos mestres, chegamos aos microcontos: 'miniaturas literárias' que cabem em panfletos, filipetas, camisetas, adesivos, postes, muros, tatuagens, cartão postal, hologramas, desenhos animados, arquitetura, instalação, música... e que podem ser lidas no ônibus, no metrô e... nas telas do computador, tornando-se um “prato cheio para propostas atrativas de ensino de literatura e integração de novas tecnologias".

O escritor guatemalteco Augusto Monterroso, que morreu em 2003, é tido como um dos fundadores do “gênero” com o conto “O Dinossauro”, escrito com apenas trinta e sete letras e considerado o menor da literatura mundial, na época: “Quando acordou o dinossauro ainda estava lá.” O norte-americano Ernest Hemingway também é o autor de outro famoso microconto, com apenas vinte e seis letras: “Vende-se: sapatinhos de bebê nunca usados.” No Brasil, o livro Ah,é? 1994, de Dalton Trevisan, é considerado o ponto de partida do miniconto no seu formato contemporâneo.

Há nos microcontos algo dos haicais, a poesia japonesa, com três linhas e um total de 21 sílabas - de certa forma, com o poder de concisão destes, mais a liberdade da prosa. O número de letras é importante mas não rígido, normalmente sendo atribuído pelos autores ou organizadores de determinada antologia, e naturalmente divulgados na mesma. Marcelino Freire publicou em 2004 a obra Os cem menores contos do século, em que desafiou cem escritores a produzir contos com no máximo 50 letras, por exemplo.

A micronarrativa tem ingredientes do nosso tempo, como a velocidade e a condensação, a veiculação em celulares e painéis eletrônicos, tornando assim, evidente sua ligação com as novas tecnologias de informação e comunicação. Uma das definições de microconto estabelece o limite de 150 caracteres (contando letras, espaços e pontuação) para permitir seu envio através de mensagens de texto pelo celular, os chamados “torpedos”. Hoje se usa muito o limite de 140 toques do Twitter - cada vez mais um difusor da microliteratura, que, provavelmente, acabará impondo este limite como padrão.

Segundo definição de Mario de Andrade: “Conto será sempre aquilo que seu autor batizou de conto”. Então, independentemente do número de caracteres e de suas possíveis nomenclaturas, os microcontos são narrativas muito curtas em que a síntese acaba sendo a grande ferramenta de escrita.

Características de um Microconto:

Os microcontos vêm ao encontro das ideias de Calvino. Para ele, a rapidez conduz a poupar o leitor de determinados detalhes em favor do ritmo da narrativa, permitindo que transite com maior naturalidade entre as ideias contidas na história.

Além da rapidez, percebe-se que os microcontos se constroem também a partir de outras características. A concisão é, desse modo, uma das principais. Um texto conciso não quer dizer necessariamente um texto breve. A concisão está no ato de escolher as palavras certas para contar aquilo que se quer, assim como valorizar os sinais gráficos e de pontuação e os silêncios presentes nos textos. Escrever de modo conciso é um trabalho árduo e que exige técnica e tempo. Exemplo disso é a célebre carta de Pascal, em que termina dizendo: “Fiz esta carta mais longa porque não tive tempo de fazê-la curta”.

Outra característica em que se apoiam é a narratividade. Se não há uma história clara atrás daquelas palavras, não há um microconto. Isso é o que os diferencia de um haicai ou de um poema em prosa. Enquanto esses se preocupam mais em descrever uma cena, trabalhar a palavra de forma lírica ou propagar uma ideia, os microcontos têm de narrar algo, contar a passagem de uma personagem de um estado a outro, implícita ou explicitamente. Devem ter um todo significativo, não um fragmento de algo maior, definindo assim a totalidade, outra característica ds microcontos.

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