Alfabetização: a (des)aprendizagem das funções da escrita
Por: Annyfreitas • 25/5/2015 • Dissertação • 450 Palavras (2 Páginas) • 1.066 Visualizações
Alfabetização: a (des)aprendizagem das funções da escrita.
São de natureza sociolingüística os estudos lingüísticos que se vem desenvolvendo sobre alfabetização. Estando o fracasso escolar em alfabetização maciçamente concentrado nas crianças pertencentes às camadas populares, não há como negar que esse fracasso se deve ao problemas decorrentes da distancia entre a variedade escrita do dialeto padrão e os dialetos não padrão de que são falantes essas crianças. Assim, os estudos lingüísticos sobre a alfabetização, vêm tentando descrever os dialetos de comunidades de fala, correlacionando-os com variáveis sociais, particularmente com a variável nível socioeconômico, e contrastando-os com a língua escrita.
Esses estudos têm sido predominantemente estruturais, são estudos que buscam identificar as diferenças estruturais entre as gramáticas da fala e da escrita – diferença morfológica, sintática e, sobretudo, as diferenças entre o sistema fonológico e o sistema ortográfico.
Estudos e pesquisas sobre a alfabetização numa perspectiva funcional têm sido menos frequentes, entretanto, os aspectos funcionais da aprendizagem da língua escrita são tão relevantes quanto os aspectos estruturais e pode-se entender de duas maneiras dependendo da interpretação que se dê a expressão unção da língua escrita”.
Pode-se se dar à palavra função o sentido de uso, papel, e então a expressão “função da língua escrita” designaria os usos da escrita em determinada estrutura social, isto é, a função social da escrita. Sob essa perspectiva os estudos se voltam para as características do uso da escrita em determinada sociedade, seus determinantes e suas consequências, o papel que a escrita desempenha as sociedade.
Uma outra maneira de entender uma perspectiva funcional da alfabetização é a que decorre de uma segunda interpretação que se pode dar à expressão funções da língua escrita”. Entendendo a palavra função como finalidade, a expressão “funções da língua escrita” designaria a finalidade atribuída à enunciação, em situações de interação.
Enquanto os DIALETOS, objetos de estudos estruturais, descrevem a distribuição espacial e hierárquica de aspectos fonológicos, léxicos, morfológicos, sintáticos, os REGISTROS, objetos de estudos funcionais, voltam-se para o sistema sociossemântico, e descrevem a distribuição social de modos de significação.
Um componente importante da aquisição da fala pela criança é a aprendizagem das funções atribuídas ao uso da língua, como essa aprendizagem se faz por intermédio do processo de socialização, a criança aprenderá a atribuir à língua as funções que lhe atribui o contexto cultural em que se aprende. O processo de socialização tem características fundamentalmente diferentes, em classes sociais diferentes, pode-se seguramente levantar a hipótese de que as funções atribuídas ao uso da língua serão também diferentes, em classes sociais diferentes. As diferenças relacionam-se, essencialmente, com uma interpretação funcional da língua: a diferença fundamental estaria na ênfase relativa posta nas diferentes funções da língua, portanto, as diferenças linguísticas não são somente estruturais, mas sobre tudo sociossemânticas.
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