Analise Da Musica De Lenine E Legibilidade

A letra da música fala sobre a questão do tempo no mundo atual e a maneira como ela nos afeta. O modo como o autor se contrapõe e se recusa a seguir um ritmo cada vez mais frenético é justamente falando que ele segue sua “própria valsa”, seu próprio tempo e se recusa a ceder às pressões e a velocidade que o mundo nos exige em detrimento da possibilidade de poder usufruir mais da vida.

A sensação de que estamos perdendo tempo e de que a vida não para, citado pelo autor, é algo muito significativo em nossas vidas, que nos faz refletir a respeito do sentido que damos a nossa historia.

A ânsia em alcançar algo que não temos, em descobrir curas e soluções rápidas para todos nossos males e assim “otimizar nosso tempo”, expressão muito utilizada ultimamente, é algo que vivenciamos, a necessidade de correr, a ansiedade e a loucura nos afastam cada vez mais do lugar da reflexão e da calma.

Assim a música surge como uma espécie de mantra do nosso século, pedindo paciência em um mundo que grita por urgência e imediatismo.

A questão da legibilidade na música Paciência de Lenine

Através do conceito de leitura sendo algo produzido, citado no texto de Orlandi, concebemos legibilidade não como uma questão de tudo ou nada, e sim como uma questão de natureza, de condições, de modo de relação, de trabalho, de produção de sentidos, ou seja, de historicidade.

Na música de Lenine, lendo sobre como a música foi produzida, curiosamente seus primeiros acordes foram feitos no trânsito por Dudu Falcão, quando ele estava a caminho da casa de Lenine, onde iriam compor uma música. A questão do trânsito chama muito atenção, já que se tornou uma espécie de símbolo do estresse que enfrentamos diariamente, principalmente em grandes cidades. As questões das condições, de produção de sentidos, de trabalho, de modo de relação são intrínsecas na letra da música, já que seu contexto histórico, citado na questão da legibilidade, dá toda uma significância e nos dá indícios e pistas no decorrer da música, do motivo de ter sido feita a música. A percepção de que somos sujeitos-históricos nos mostra que nos expressamos de acordo com o que o mundo atual nos mostra, e o passado nos conta, assim a legibilidade é diretamente envolvida por mais fatores externos, do que propriamente fatores internos do texto.