Análise do Poema Guardar

Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

Unidade Acadêmica de Garanhuns – UAG

Introdução aos Estudos Literários – Nilson Pereira Carvalho

Romáryo Almeida Cavalcanti

        O poeta Antônio Cícero, no poema Guardar, faz-nos refletir sobre o ato de guardar alguma coisa, apresenta um significado poético para a palavra guardar, levantando a questão de que guardar algo é trazê-la consigo e dar a oportunidade de alguém também carrega-la. Prega o sentido de tal forma que utiliza-se da forma estética para justificar o mesmo quando escreve o poema que se guarda nele mesmo.

Em vários trechos do poema vemos o poeta levanta a bandeira de que para guardarmos verdadeiramente algo precisamos lê-la, mastiga-la, reconhecer significado e importância de tê-las sempre com a gente. Carregar o que representa no lugar do objeto em si.

Ao dizer: “por isso melhor se guarda o voo de um pássaro do que um pássaro sem voos”, notamos que a beleza não está em ter um pássaro em uma gaiola, mas sim o intangível, pois o voo de um pássaro é abstrato, não existe, pássaros voando todos veem, mas falar do voo do pássaro é o poeta nos pega desarmados, poucos atentam a isso.

A primeira parte do poema serve, além de tudo, como justificativa para o argumento da segunda e, talvez a ideia central, quando ele nos diz: “por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: para guarda-lo”. A necessidade de que a arte seja divulgada para que outras pessoas também possam senti-la, absorvê-la e leva-la guardada.

Muito se discute sobre a utilidade da arte, pois se pararmos pra pensar, não existe utilidade prática na arte, não se faz arte para livrar-nos do frio ou da chuva, como se fazem e cobertores e se constroem casas, por isso a arte não teria utilidade, mas se considerarmos que também guardamos e trazemos conosco chuva e frio a arte tem tanta utilidade quanto as casas e os cobertores. Daí a importância de se fazer arte e divulga-la, em uma gaveta a arte tem tanta utilidade quanto a planta baixa de uma casa, pois as coisas só existem depois que são utilizadas.

“Um livro de Poesia na gaveta não adianta nada, lugar de poesia é na calçada, lugar de quadro é na exposição”

                Sérgio Sampaio.