CADERNO DE QUESTÕES DA PROVA DE PORTUGUÊS
Tese: CADERNO DE QUESTÕES DA PROVA DE PORTUGUÊS. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: sinister • 19/6/2014 • Tese • 4.954 Palavras (20 Páginas) • 391 Visualizações
COMANDO DA AERONÁUTICA
ACADEMIA DA FORÇA AÉREA
CONCURSO DE ADMISSÃO 2000
CADERNO DE QUESTÕES DA PROVA DE PORTUGUÊS
CÓDIGO 42
INSTRUÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DA PROVA
1 - TEMPO DE DURAÇÃO
3 horas, para resolução da prova, mais 15 minutos para o preenchimento do Cartão de Respostas.
2 - MATERIAL PARA A REALIZAÇÃO DA PROVA
prancheta, caneta esferográfica azul ou preta, lápis preto nº 2 ou tipo B, borracha, apontador e Cartão de Identificação do candidato.
Observação: é proibido o uso de qualquer instrumento como: régua, calculadora, relógio-calculadora, dicionário eletrônico, telefone celular ou qualquer outro aparelho eletrônico.
3 - CONFERÊNCIA E IDENTIFICAÇÃO DO CADERNO DE QUESTÕES
confira o Caderno de Questões quanto a possíveis falhas na impressão e, no caso de ser encontrada qualquer falha que prejudique a leitura ou compreensão, comunique imediatamente ao fiscal;
o Caderno de Questões deverá ser identificado com os dados do candidato;
todas as 40 questões têm o mesmo valor (0,25 pontos) e, para efeito de correção e apuração do resultado, valerão somente as alternativas marcadas no Cartão de Respostas.
4 - PREENCHIMENTO DO CARTÃO DE RESPOSTAS
use somente caneta esferográfica azul ou preta;
o número de inscrição do candidato e o código da prova deverão ser marcados no Cartão de Respostas, conforme o exemplo ao lado;
as respostas deverão ser marcadas no Cartão de Respostas, preenchendo-se todo o espaço do círculo que contém a alternativa, conforme o exemplo abaixo;
serão consideradas válidas, na correção, somente as questões com apenas uma alternativa (a, b, c ou d) assinalada no Cartão de Respostas, computando-se como erradas as que fugirem dessa norma.
NOME DO CANDIDATO
NÚMERO DE INSCRIÇÃO DO CANDIDATO
ASSINATURA
FITA VERDE NO CABELO
(Nova velha estória)
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela, mesma, era quem se dizia: “Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou”. A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeiínhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
“Quem é?”
“Sou eu...” e Fita-Verde descansou a voz. “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.”
Vai, a avó, difícil, disse: “Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.”
Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: “Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.”
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
“Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!”
“É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta...” a avó murmurou.
“Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!”
“É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta...” a avó suspirou.
“Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?”
“É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha...” a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez.
Gritou: “Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!”
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.
Guimarães Rosa
1. Ao lermos
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