CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO -CCE
Por: Ana Wate • 10/4/2019 • Trabalho acadêmico • 1.539 Palavras (7 Páginas) • 163 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO -CCE
DISCIPLINA : DIDÁTICA GERAL
Profa. Dra. Maria Divina Ferreira Lima
Aluna: Ana Érica de Lima Vasconcelos
Atividade
- Descreva os aspectos históricos e suas influências na didática.
- Estabeleça a relação entre o sistema educacional Brasileiro e a didática na colônia, no império, na Primeira República, após a primeira guerra mundial.
- Faça uma análise crítica da nova fase da educação e a construção da concepção da didático
- Qual a relação da didática com o golpe militar?
- Descreva a fase da “Fênix” da didática e as perspectivas atuais
- Quais são as conclusões da autora do texto?
Respostas
- No século XVII com Comenius e sua “didática magna” que expressa as duas principais características do seu pensamento. De uma lado, forte preocupação com a reforma da fé cristã e do outro a influência do surgimento do tempo moderno como meta principal ensinar tudo a todos. A burguesia atuava como classe revolucionária e encontrava-se uma crítica radical de Comenius e de como foi instalada pelo burgueses. Para Rousseau, a educação nos deve dar tudo o que não temos ao nascer e de que necessitamos quando adultos, nunca ultrapassando ou antecipando o desenvolvimento natural do homem. Essa educação vem da natureza, dos homens e das coisas. A educação da natureza, que é o desenvolvimento interno de nossos órgãos e faculdades, independe de nós. A dos homens é o uso que nos ensinam a fazer desse desenvolvimento. E a nossa própria experiência sobre os objetos que nos afetam é a educação das coisas. Daí os seguintes princípios didáticos:
- respeitar o desenvolvimento natural dos indivíduos;
- controlar as influências dos homens, interferindo o mínimo possível;
- não impor conteúdos, mas arranjar situações em que o aluno tenha possibilidade de descobrir por conta própria.
A burguesia, naquele momento histórico, necessitava de uma pedagogia científica capaz de fundamentar uma escola eficiente, porque precisava instrumentalizar-se culturalmente, preparar a elite para o avanço científico, formar seus quadros, formar o cidadão e difundir sua visão de mundo às camadas populares. Depois surgiu a Escola Nova, movimento que acusava a escola tradicional de ineficiente, não científica, medieval. Para Dewey, a escola estava falida e a salvação da humanidade estava na construção de um “novo homem” através de uma nova escola. A Escola Nova, na proposta de Dewey, tentava ser científica, adotando o procedimento do laboratório: atividade, problema, dados, hipóteses e experimentação, usando assim o método de pesquisa como método didático. De acordo com Saviani, o movimento “escolanovismo” passou a supervalorizar as possibilidades do aluno, usando uma metodologia na qual todos tinham direito à voz e relegando a um segundo plano os resultados de aprendizagem. Toda essa trajetória histórica pode-se considerar que influenciou na evolução do sistema educacional brasileiro.
- No Brasil-colônia, com sua economia agroexportadora, o sistema educacional montado pelos jesuítas cumpria funções importantes para a coroa portuguesa. Os seus colégios e seminários funcionavam como centros que apregoavam o cristianismo e a ideologia dos colonizadores, subjugando pacificamente os indígenas e tornando dóceis os escravos. Os jesuítas adotaram, aqui, seu famoso plano de educação: o “Ratio Studiorum”. Observe-se que, de alguma forma, tentaram adaptar esse plano à realidade local, principalmente Manoel da Nóbrega, que incluiu as escolas de ler e escrever, atitude considerada muito relevante e avançada para época, todavia entrou em choque com a sua própria ordem religiosa. Em 1759, o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas, provocando o que é considerado, por alguns, uma hecatombe do sistema educacional brasileiro. A partir daí, os ensinos secundários, que ao tempo dos jesuítas era organizado em forma de curso – Humanidades –, passa a aulas avulsas (aulas régias) de latim, grego, de filosofia, de retórica. Pedagogicamente, essa nova organização é um retrocesso. No Império e na Primeira República, a Igreja continuou, basicamente, com o controle das instituições de ensino com a função de reprodução da ideologia da classe dominante Na fase republicana, com a nova Constituição de 1891, o ensino secundário seria da competência da União, enquanto que o ensino primário e ode formação do magistério primário ficariam sob a responsabilidade dos estados. Esses sistemas estaduais de ensino primário e de formação de professores atendiam, quase que exclusivamente, às populações urbanas. As populações rurais eram servidas por poucas escolas isoladas - de uma só classe – com professores improvisados. Com o término da primeira guerra mundial, refletiram-se no Brasil as novas condições mundiais de vida política e econômica que determinavam uma reorientação dos processos educacionais. A Didática, por sua vez, era compreendida como um conjunto de regras, com o objetivo de assegurar aos futuros docentes as orientações necessárias ao seu trabalho, separando, todavia, a teoria da prática.
- Em 1932, é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em defesa do ensino público e gratuito. Livros começaram a ser publicados, divulgando as novas ideias sobre o ensino, destacando-se o de Lourenço Filho, “Introdução ao Estudo da Escola Nova”. Acentuam-se, então, as duas tendências em choque: a que visava simplesmente à ampliação do sistema e a que defendia sua renovação qualitativa, como condição de desenvolvimento cultural do Brasil. Os métodos de ensino renovados deveriam valorizar as tentativas experimentais de descoberta, bem como o estudo do meio natural e social. Dá-se um avanço no setor educacional com a Constituição de 1934. Ficou estabelecida a “necessidade da elaboração de um Plano Nacional da Educação que coordenasse e supervisionasse as atividades de ensino em todos os níveis. Dois outros fatos marcantes, ainda na década de 30, foram: a criação do INEP – Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos é o outro fato foi a instituição da Didática como curso e disciplina, com duração de um ano, por força do art.20 do decreto-lei nº 1190/39. No fim da década de 50, inicia-se um período de grande efervescência política e educacional, refletindo a expansão econômica e o desenvolvimento industrial. A Didática, nesse contexto, faz o discurso da Escola Nova, que era marcado pela valorização da criança, tentando superar a escola tradicional.
- Depois do golpe de 1964, a educação é vinculada à Segurança Nacional. O modelo político-econômico reforça o controle, a repressão e o autoritarismo. O tratamento dispensado aos diversos planos de governo, no setor educacional, está definido claramente como ligado a imperativos de ordem política. os conteúdos de Didática centram-se na organização racional do ensino. O processo é que define o que professores e alunos “devem fazer”, “quando fazer” e “como fazer”. Observa-se, aí, uma maior desvinculação entre a teoria e a prática, o papel do professor era de mero executor de objetivos instrucionais, de estratégias de ensino e modelos de avaliação. O formalismo didático era observado nitidamente através dos planos elaborados segundo normas prefixadas pelos cânones didáticos; quando muito o discurso dos professores é afetado, mas a prática pedagógica permanecia a mesma.
- O ensino da Didática ingressa em uma fase que se poderia chamar, talvez, de fase síntese. Por iniciativa da PUC/RJ, tendo como organizadora Vera Candau, realizou-se um seminário, de 16 a 19 de novembro de 1982, que recebeu o expressivo título “A Didática em questão”. Constatou-se que a Didática não possuía um conteúdo próprio, constituindo-se em um conjunto de informações fragmentadas; apresentava-se desarticulada entre a teoria e a prática, caracterizando-se pelo consumismo de teorias importadas; reduzia-se ao aspecto instrucional; tinha como pressuposto implícito a afirmação da neutralidade científica e técnica; desarticulava-se das disciplinas de fundamentos da educação ; não havia integração entre suas dimensões técnica, humana e política. neste cenário atual, a Didática tem uma importante contribuição a dar em função de esclarecer o papel sociopolítico da educação, da escola e, mais especificamente, do ensino e da aprendizagem , de acordo com os pressupostos de uma pedagogia transformadora: é o de trabalhar no sentido de ir além dos métodos e técnicas, procurando associar escola-sociedade, teoria-prática, conteúdo-forma, técnico-político, ensino-pesquisa, professor-aluno. Ela deve contribuir para ampliar a visão do professor quanto às perspectivas didático-pedagógicas mais coerentes com nossa realidade educacional, ao analisar as contradições entre o que é realmente o conjunto de ações da sala de aula e o ideário pedagógico apoiado nos princípios da teoria liberal, assentado na prática pedagógica de muitos professores.
- Ensinar nas próximas décadas exigirá mais intensamente mudanças dos paradigmas convencionais do ensino, em termos de contínuas revisões, ampliações e investigação das formas “presentes” de ensinar e de aprender, até porque uma das metas da educação é fazer com que o aluno, além de aprender conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, saiba também fazer análises, estabelecer relações, levantar hipótese, fazer sínteses, fazer pesquisas, saiba aprender a aprender. E que o professor esteja atento a algumas competências que serão importantes ao seu crescimento profissional. É importante levar em consideração que o contexto de transformação da sociedade não é apenas a sala de aula e a escola, encontra-se além muros das instituições de ensino, apesar da instituição ser parte da luta pela mudança. Pode-se, entretanto, afirmar que articular o trabalho em sala de aula com a transformação da sociedade é fundamental para eliciar o processo de renovação de sua metodologia “tradicional” em direção a uma metodologia transformadora; embora se entenda que a sala de aula e o resto da sociedade permaneçam em áreas fisicamente distintas. O professor que compartilha da concepção transformadora deve conferir seu testemunho de respeito à liberdade, a favor da democracia, e saber viver e conviver com as inúmeras diferenças, respeitando-as.
...