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Cordel Sinhá Sambadeira

Por:   •  3/11/2015  •  Artigo  •  530 Palavras (3 Páginas)  •  254 Visualizações

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A Sinhá Sambadeira!

Inhá Nega do Quilombo de Jauá

Preta bonita e sofrida

Sonhava em sambar na beira-mar

“Punhava” um vestido de chita

Que nem o Imperador podia se aguentar

 Que matava de ciúmes a Inhá Rita.

A sua atemorizante Sinhá.

Quem via aquela nega sambar

Com suor pingando e sorriso bonito

Num sabia o que estava a se apresentar

Os dentes alvos se escondiam no sorriso

A nega de longe escondia sua tristeza

Saudades do seu amor o nego Corisco

Lágrima no rosto nunca se viu.

Da nega que hoje vive no quilombo

Mãe que gerou o Brasil

Viu seus filhos apanhar no lombo

Sendo vendidos como escravo

Pelo coronel Inhô Monstro.

Logo cedo antes do sol raiar

A nega formosa se levantava

Ia para o campo carpir e plantar

Na colheita do café esta nega dominava

Os pés de dia na lida e de noite se davam a sambar

Não existia feitor, cativo ou Senhor que não olhava

Para as pernas da linda nega Naná

Os filhos de Naná eram tantos

Seus dedos não conseguiam nem contar

Um em cada canto

Se matando de trabalhar

Vendido por uns contos

Nenhum sabia ler nem contar

Seu Zé do chifre

Um homem mal abençoado pela natureza

De beleza contestável

Que se achava o “Nho” da redondeza

Pegava as negas como quem pega um bicho

Mas sua mulher a “Nha” Baronesa

Gostava do calor dos cativos e era formada na safadeza.

O nego Corisco que morreu no tronco

Fez um bonito serviço

Deu tanta chibatada na mulher do feitor

Que fez nela um filho

O feitor apaixonado perdoou seu grande amor

Ainda assumiu Jiló, o filho do nego Corisco.

Jiló, neto de Inhá nega.

Apaixonou-se por uma galega

A menina mais bela que

Já se viu em Cachoeira

Seu pai o comendador

Quase jogou Jiló na beira.

Jiló, nego esperto;

Tratou logo do casamento

Inhô Rico Preto deu sua benção

Jiló fugiu com sua amada depois do acontecimento

E o samba comeu noite à dentro.

E não é que a branquinha tinha pé de vento?

Sambou tanto que logo abriu as canela

Deu a luz uma criança tão linda

O Jilozinho da perna amarela;

Os “zoios” eram do avô.

Azul que mais parecia uma pintura em tela.

Veia Bartira, nega vendida;

Contou onde estava Jiló e a branquinha faceira

Seu comendador invadiu o Quilombo

...

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