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Dançarino de montanhas perdidas

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Por:   •  5/5/2014  •  Seminário  •  1.957 Palavras (8 Páginas)  •  419 Visualizações

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A Bailarina das Montanhas Perdidas

(Fabio Gomes Ferreira)

E nesse dia talvez Clara não tivesse realmente o que indagar. O que qualquer pessoa merece da vida, agora estaria estampado na direção dos seus sonhos. Embora os adultos não sejam sempre crianças na maioria do tempo, Clara ainda permanecerá sempre com uma pontinha de malícia, abrindo esta ou aquela porta diante dos seus olhos. Porque portas se fecham, portas se abrem, dependendo das condições em que cada pessoa se encontra diante delas. Escrevo hoje numa constância de felicidade mas, sobretudo atrás de portas que me cobro sempre a questionar. Esse dia claro que chegou e essa música que escuto leve assim, que fala de aconchego, de romper fronteiras, de poder falar sempre a verdade, do amor que recebemos, da possibilidade de encontrarmos um afeto e da esperança, agora me faz pensar em qualquer coisa, em qualquer lugar, numa repetição assustadora que tenho medo de não querer voltar. E por isso escrevo sobre dramas, personagens e fatalidades que vagam soltos e bem vivos diante dos meus olhos. Agora vejo que Clara permanece bem viva, amando e esperando os acontecimentos da sua história que está apenas começando. Garota forte, sensível e humilde que vivia na cidade das montanhas perdidas. Foi desde pequenina que a vida para ela surgiu de forma questionável e isso a fez sempre correr buscando um caminho. Vivia sempre numa miséria que deveria até causar um distanciamento dos seus objetivos mas, todas essas banalidades surgiram como solicitações de informações atordoantes que fez Clara querer sobreviver, transgredir, descalcificar sua identidade que estava presa num exoesqueleto que a impedia de descobrir quem realmente era, para que tinha vindo e o que podia escolher. O sonho de Clara era um sonho de menina, era ser bailarina mas, que sonho gostoso agora me pareceu. Porque bailarina existe para ser comtemplada e isso me faz vê-la rainha de uma delicadeza antes arrastada pelos ventos fortes, cheios de restrições, na montanha em que ela vivia quando pequena. Agora essa montanha gelada presente na infância de Clara deu lugar a um palco bordado de cetim e uma chuva forte de estrelas. Clara cresceu num ambiente de poucas oportunidades e onde o não era dito de forma freqüente que muitas vezes custara-lhe algumas lágrimas. Isso ao menos fazia-a sentir-se viva. E todos os dias Clara repensava sobre isso e pra ela o objetivo de vida passou a ser conquistar o sim em todas as suas decisões. Tinha cansado de ver as luzes se apagarem antes mesmo de colocar as suas sapatilhas . Viu sozinha que o real passaria a ser inventado por ela como seus primeiros passos de dança e que todos a partir daquele momento diriam sim para ela. Resolveu assumir a trajetória da sua vida, vencendo as sombras de uma família que não acreditava e nem enxergava uma perspectiva humana em ninguém. Talvez ela nunca tivesse feito parte dessa família. Foi assim que aconteceu, aos 15 anos Clara decidiu descer a montanha, reavaliou aquele momento e deixou tudo que era errado naquele terreno rasteiro de possibilidades. Com audácia e aquele pouquinho de malícia foi enxergar direito as luzes que acendiam para uma vida com mais sentido. As circunstâncias naquele instante pareciam guiar Clara transformando e renovando-a para estar inteira na busca de um paraíso de oportunidades agora bem perto dela. Quando ela deixou aquele lar não olhou para trás, decidiu levar na memória apenas o cheiro da terra que a chuva acabara de molhar. O vento parecia pronunciar algum tipo de liberdade ou outra palavra que faria sentido pra ela mais tarde. A tristeza de deixar os pais e os irmãos tiveram de ser enfrentadas em intervalos que ela decidira tomar outra decisão, voltar e abraçar bem forte todos aqueles que amava sem medidas mas, que nunca se empenharam em tornar toda aquela vida menos vazia e sombria. Ela entendeu que talvez a vida não tivesse surgido para todos eles de forma tão clara que os fizesse tomar outra postura diante dos acontecimentos cotidianos daquela família. Ela realmente não estava disposta a sobreviver com as migalhas de um destino que ela mesma era autora. Ela queria ser feliz. Ela queria era ser bailarina. Quando alcançou uma distancia que não mais conseguia ver sua família ela parou, soltou a mala no chão e pisoteou aquela terra com muita força e repetia gritando para aquela imensidão de verde que ela estava indo buscar os sonhos e como prece ela pedia que a saudade não a acompanhasse. Seus olhos mais uma vez deram sinais de vida, transbordando em lágrimas que lavara sua alma. Sentira-se viva mais uma vez. Foi dura essa empreitada para Clara e também necessário para desenvolver algo na vida dessa garota que estava guardado em uma gaveta e que ninguém abrira, nem mesmo ela. Clara foi morar com a tia Ivone na grande São Paulo. Os dias se encarregaram de não torna-la rainha por um longo tempo. Quando Clara conseguia nos sonhos dançar nos castelos cravejados de ametistas ela tinha medo até mesmo de respirar e assim perder esse momento breve de contentamento. Clara foi pra escola, terminou o estudo básico e para compensar todas as dificuldades de uma infância perturbadora ela ingressou na faculdade de Artes Cênicas, isso foi um murmúrio de ritmo que agora fazia-a balançar num céu multicolorido despedaçando qualquer devaneio escondido ou invisível atrás das suas portas. A partir deste instante Clara teve contato com a arte e agora ela não estaria mais presa em uma caverna escura. Haveria luzes cintilando uma direção mais palpável. Estava certa de que aquele momento estava guardado em uma daquelas gavetas que ela nunca ousou abrir e mais uma vez se viu imensamente determinada por algo que a vida inteira sonhara. Foi consciente buscar cada detalhe da sua história, no caminho descobriu o amor, um inteiro só pra ela, que fazia o relógio se arrastar quando saiam para caminhar no parque de mãos dadas até que a tarde de mansinho anunciava a chegada da lua explodindo num ócio infinito a ser explorado por eles. Nada na vida de Clara foi muito programado, diante dela sempre houve portas e poucas janelas, por isso se fez tão necessário ela ser contemplada de todas as distrações que ia encontrando pelo caminho e o amor tinha finalmente feito alguma coisa pulsar mais forte dentro dela, sentir todos os rumores do vento que antes só causavam-lhe desordem. Agora ela tinha esperança, mesmo que qualquer esperança mas, agora era algo claro e brilhante e o desejo não era nada excepcional era simplesmente ser bailarina. Clara foi se destacando no curso de Artes Cênicas foi contornando as dificuldades e apreciando uma visão nítida da vida que aos poucos se encaminhara para algo que se tornaria imenso. Fez grandes e positivas amizades que levaria para sempre guardada em uma caixinha

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