Ensaio Crítico Acerca do Documentário A Educação Proibida
Por: Filipe Henriques • 30/11/2022 • Ensaio • 973 Palavras (4 Páginas) • 79 Visualizações
Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Educação
EDU034 – Estado, Sociedade, Educação
Discente: Filipe Emanuel da Silva Henriques
Ensaio crítico acerca do documentário A Educação Proibida
Este ensaio busca traçar e discutir alguns pontos importantes e que merecem atenção debatidos no documentário A Educação Proibida (2012), bem como alocar tais discussões nos assuntos trabalhados na disciplina Estado, Sociedade, Educação a fim de compreender, ainda mais, a história da Educação, a formação docente e a organização e a gestão das escolas, sejam públicas sejam privadas.
A construção do documentário se dá em torno de uma sala de aula fictícia, em que os estudantes estão insatisfeitos com o modelo de educação imposto pela sociedade e, nesse cenário, eles produzem uma redação cujo título é: A Educação Proibida. Diante disso, o documentário é desenvolvido, por meio da análise de diversos especialistas em educação, os quais criticam e apontam problemas da educação moderna. Além disso, tais especialistas contam, de forma detalhada, a história da educação, o surgimento de especialistas que, hoje, são muito conhecidos e explicam a formação docente. É interessante notar como que, no decorrer do documentário, há a desconstrução de uma escola pautada na solidariedade, no respeito, na cooperação e nos direitos humanos, uma vez que, nesses ambientes, o que prevalece é a hipocrisia, a competição, o individualismo e a competição.
Sendo assim, os apresentadores – educadores – mantêm um diálogo com o espectador e vão apontando problemas dessas salas de aula, buscando, além de outros fatores, melhorias nas formas de ensinar; melhores condições de trabalho; bem como analisam e criticam os currículos organizados por avaliações cujas considerações levam em conta somente a nota do aluno, sem se valer de critérios sociais e econômicos; além de denunciar o excesso de trabalho dos docentes dentro e fora da sala de aula. Nota-se que esses elementos, além de serem importantes no debate da educação, surgem como argumentos quando se trata das alterações na Educação moderna atual.
É discutida, também, desde o início do documentário, a questão de a educação ser proibida, porque tal educação aborda um conteúdo homogeneizado. Tal conceito está relacionado aos exames padronizados (como o Pisa e o próprio Enem), à divisão das idades, às aulas obrigatórias, aos currículos desvinculados da realidade, ao sistema de qualificação, à pressão sobre os professores e crianças, ao sistema de prêmios e castigos, aos horários, ao claustro e à separação da comunidade. Diante disso, um especialista, que aparece no documentário, aponta que a escola está isolada do mundo.
A noção de currículo, discutida nos primeiros encontros da disciplina Estado, Sociedade, Educação, também é apontada pelos especialistas do documentário. Alguns dos apresentadores dizem que o currículo está relacionado aos “contratos didáticos”. Sob a luz dessa afirmação, e levando em consideração que a escola foi – e é – pensada por administradores (relembrando as épocas do taylorismo e da mecânica), infere-se que o currículo, como o seu próprio nome diz, segue uma série de conjuntos de informações organizadas categoricamente para um determinado fim, seja ele educacional ou profissional. Sendo assim, o currículo educacional é um grande norteador para o gerenciamento e organização de uma escola, sendo a aprendizagem escolar integralmente relacionada ao currículo.
Além da noção de currículo, o documentário aborda, quase que de forma integral, o ambiente da sala de aula. Esse aspecto, quase sempre esquecido, é muito interessante e diz respeito, também, ao modelo educacional imposto pela sociedade, principalmente na época da Revolução Industrial, no taylorismo e no fordismo, momentos em que o trabalho repetitivo e a produção em massa eram evidentes. Sendo assim, de acordo com o documentário, o próprio sinal do recreio (como se fosse um adestramento), a organização das salas em fileiras, a disposição do quadro de giz, as mesas e as carteiras nos levam a pensar, novamente, no modelo homogêneo de escola, desconsiderando os discentes e tratando-os como se fossem um. Sob esse aspecto, é importante relacioná-lo com a noção de educação bancária, proposta por Paulo Freire (autor que, juntamente a outros, é mencionado no documentário), uma vez que, para o educador, o termo "bancário" significa que o professor vê o aluno como um banco, no qual deposita o conhecimento. Então, isso significa que o aluno é como um cofre vazio em que o professor acrescenta fórmulas, letras e conhecimento científico até "enriquecê-lo. Portanto, essa noção da sala de aula apenas como um instrumento de “depositar conhecimento” não funciona de maneira eficaz e, por isso, há essa crítica ao longo do documentário, já que a noção bancária de educação nega o diálogo professor-aluno.
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