Dobb, Maurice. Economia política e capitalismo: Ensaios sobre a tradição econômica/ Maurice Dobb; tradução de Hildete Hermes de Araújo – Rio de Janeiro: Edições Gaal, 1978 (p. 31 – 63).
Por: Guilherme Cardoso Lugarezi • 7/4/2021 • Trabalho acadêmico • 837 Palavras (4 Páginas) • 311 Visualizações
Dobb, Maurice. Economia política e capitalismo: Ensaios sobre a tradição econômica/ Maurice Dobb; tradução de Hildete Hermes de Araújo – Rio de Janeiro: Edições Gaal, 1978 (p. 31 – 63).
O autor, Maurice Dobb, reflete sobre a evolução do entendimento acerca do tema da economia política, o que leva a ter que diferenciar dois tipos de críticas que se fazem a respeito do conteúdo. Ou seja, Dobb traz à luz a crítica que leva em consideração alguns pontos da estrutura clássica e daquilo que já se foi escrito/estudado, transformando, em maior grau, a prática que se está diante da estruturação literária. Já a segunda crítica, é aquela que se faz em aspetos meramente revolucionários, trazendo a ruptura total com o clássico e seus valores, a fim de criar um espaço para uma nova construção do modelo.
Além disso, há a entrada para a discussão do sistema econômico abrangente no mundo ocidental, no qual Dobb mostra um paradoxo implícito a ele: como dizer que o sistema é regido por certa lei, sendo este funcionava sem muitas regulamentações, de forma que os indivíduos nele imposto dariam sequência e vida para a manutenção deste sistema econômico de trocas e vendas de mercadorias. A resposta estaria no que Smith dizia na “mão invisível do mercado”, ou seja, como todos estão à procura de aumentarem cada vez mais seus lucros obtidos irão sempre estar agindo de forma uniforme de acordo com o funcionamento do mercado, o que, consequentemente, faria com que os indivíduos obedecessem às leis invisíveis. Logo, tal modelo anula a vontade individual, uma vez que está é ineficiente diante de toda a lógica deste sistema econômico. Isso pode ser visto no trecho a seguir:
“(...) onde a vontade de cada um é irrelevante, não só por ser separadamente impotentente, como também por desconhecer a situação em seu conjunto; esta é a explicação de porque o mercado parecia estar governado por uma “mão invisível” que determinava a cada um servir um propósito e alcançar um resultado bem diferente do que a vontade individual teria concebido ou intentado.(..)” (p.33).
“Oferta e procura nunca podem ser desiguais porque são definidos de tal modo a torná-los iguais!” (p. 37).
De acordo com o autor, a oferta nunca poderá ser desbalanceada em relação à procura e assim vice-versa, já que, caso ocorra uma maior oferta na produção de um determinado produto, por uma força geral da sociedade produtora, a tendência é que tal produto (mercadoria) seria desvalorizado no “mercado”, tendo seu preço atribuído abaixo da normalidade. Portanto, segundo o livro, caso seja desejável um aumento na produção é necessário fazê-lo em todos os campos industriais, a fim de não deflacionar o preço atribuído na mercadoria. James Mill, irá dizer que há uma relação diretamente proporcional entre à procura da nação junto a sua produção, ou seja, para ele, é fato que a sociedade procura aquilo que se é produzido. Entretanto, J.B. Say mostra uma visão diferente desta, já que para o autor é a população que cria as demandas, ou seja, se é produzido àquilo que é de necessidade e/ou desejo geral, havendo, assim, sempre uma demanda pelos produtos a serem produzidos.
O autor ainda exprime a tese de Ricardo de que o lucro não cresceria com o aumento do consumo, nem ao menos, com a introdução de mais dinheiro. Para ele o lucro aumentaria exponencialmente se fosse feito o barateamento dos custos de subsistência dos trabalhadores, isto é, diminuir os gastos da indústria para com eles, além de baixar os salários destes, sem que isso afete na produção, uma vez que estão “presos” nesta relação de subserviência perante o “patrão”, já que necessitam do salário para subsistência em uma época de poucas oportunidades.
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