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Falando na Pele do Outro

Por:   •  20/8/2021  •  Resenha  •  1.150 Palavras (5 Páginas)  •  137 Visualizações

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Sírio Possenti

“Indícios de autoria”

 Resenha da obra apresentada a matéria

 de Teorias e práticas discursivas.

Professora: Maristela França

Rio de Janeiro

18 de maio de 2021.

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio

Escola: Biblioteconomia        

Professora: Maristela

Aluno: Natan Santos Faria - 20202332032

Disciplina: Teorias e práticas discursivas

Turma: Bacharelado/Noturno

Ano/Semestre: 2020.2

 

A produção de um texto não é fruto de uma inspiração imediata, linear ou de um pensamento já pronto para produzi-lo. Isso exige um processo de ir e vir. Ora, digo isso porque eu pesquisei, esbocei, escrevi, risquei, hesitei, corrigi, inverti, sublinhei, anotei, recortei-colei, apaguei letras, frases e até mesmo parágrafos. A partir desses movimentos e de fatores relacionados a vivência de quem o faz é que se dará o tipo de linguagem que conduzirá você por todo o texto. “É a linguagem que fala, não o autor (NETO, 2004, p. 154).

Podemos pensar nessa linguagem como o personagem imaginário que o acompanha a leitura. Pense comigo. Para lermos um texto, assim como você leitor o faz, criamos no imaginário um personagem que fala conosco. Ora, você não conversa por aqui com o Natan físico, como ser social em toda sua totalidade e sim com o sujeito que lhe acompanha mentalmente. Apesar disso é inevitável que não haja aqui traços da minha realidade, tendo em vista que, quem sou, como estou e também minha classe social são fatores que implicaram a forma como essa linguagem/personagem será desenvolvida. Aqui eu posso abordar o assunto de diversas maneiras e tons de linguagens diferentes.

Das teses de Foucault (1969), a quarta de seu resumo reflete sobre isso:

[a função autor] não remete pura e simplesmente a um indivíduo real, ela pode dar lugar simultaneamente a vários egos, a várias posições-sujeito que classes diferentes de indivíduos podem vir a ocupar (p. 280).

Nesse sentido caminhamos para trazer a luz ideias sobre o que seria esse conceito de autoria. Como ela se desenvolve?  Existe uma noção ideal? É sobre essa questão que abordaremos no decorrer desta escrita. As ideias de autor e obra há muito tempo já são discutidas por grandes estudiosos como Foucault e Bakhtin.

 Para o desdobramento desse assunto resenharemos aqui o artigo “Indícios de autoria” (2002) publicado pelo autor Sírio Possenti, titular do Departamento de Linguística da Universidade de Campinas. Assim como esse, Possenti publicou muitas outras obras como: Por que (não) ensinar gramática na escola, além de outra nomeada Enunciação, autoria e estilo. São textos dignos de serem lidos, principalmente, por todos aqueles que de alguma forma querem refletir e desenvolver o seu lado autoral, pois trazem de uma forma coerente e detalhada o que seria, do ponto de viste dele, as nuances que envolvem o assunto.

O artigo está divido em cinco tópicos e começa trazendo em si a questão.  Logo no início, o autor explica que para ler um texto deveríamos desmontá-lo a fim de entendermos como se deu a sua construção e como isso está relacionado aos sentidos que a escrita nos traz por meio das interpretações.

Em seguida ele afirma que talvez não se tenha uma forma definitiva para caracterizar o sentido de autoria de um texto. Para se entender essa ideia ele cita Michel Foucault. Para este, a noção de escritor designa aquele que escreve, além disso, Foucault afirma que, para a construção de um autor, é preciso um conjunto de critérios, por exemplo, que a escrita seja discursiva, isto é, o autor é de alguma forma construído a partir de uma série de textos ligados a seu nome, coberto de elementos históricos “que têm a ver com o modo pelo qual são vistos e considerados os diversos discursos em diferentes épocas em cada sociedade” (p. 107).

Se por um lado essas ideias dos autores se aproximam por outro elas nos levam a outras visões, afirmando o que diz Posenti. Talvez realmente não se tenha uma forma definitiva ou não se tenha ainda, afinal os dois falam de épocas diferentes. Isso aumenta as chances de termos novos pontos de vista.

No terceiro tópico, Sírio Possenti, deixa claro que um texto bom só pode ser avaliado em termos discursivos. Ele propõe a ideia de que não se pode avaliar um texto como bom somente com base em categorias da textualidade e muito menos somente a partir de categorias da gramática. Dessa forma, é preciso que haja tanto singularidade como tomada de posição por parte do locutor, isto é, ser autentico naquilo que se diz trazendo não só elementos culturais que farão um apelo a uma memória mínima de seu interlocutor, mas sabendo introduzir boas doses de personalidade própria. Em outras palavras, a qualidade de um texto tem de abordar indispensavelmente a questão da subjetividade.

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