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Funções Da Linguagem

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Por:   •  12/12/2014  •  1.976 Palavras (8 Páginas)  •  823 Visualizações

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM EM TEXTOS DIVERSOS

Introdução

Como sabemos, a linguagem humana se processa a partir da confluência entre duas vertentes: o significante (a representação sonora) e o significado (a ideia, o conceito). Assim, a linguagem é a capacidade que o ser humano tem de se comunicar por meio da língua (ou dos signos), visando garantir a interação social entre os envolvidos. Logo, a necessidade do uso de diversos códigos para representar as ideias, os pensamentos no contexto da comunicação. Portanto, diante da diversidade da linguagem, seis funções básicas podem ser identificadas: referencial, metalinguística, poética, fática, emotiva e conativa.

Assim, “No ato da comunicação há seis fatores intervenientes: um emissor (remetente ou codificador) que envia uma mensagem a um receptor (destinatário, recebedor ou decodificador), por meio de um canal. A mensagem, construída por um código comum ao remetente e ao destinatário, refere-se a um contexto.” (MEDEIROS, 2013: 109).

• Emissor – emite, codifica a mensagem;

• Receptor – recebe, decodifica a mensagem;

• Mensagem – conteúdo transmitido pelo emissor;

• Código – conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem;

• Referente – contexto relacionado a emissor e receptor;

• Canal – meio pelo qual circula a mensagem.

Identificando as funções da linguagem nos textos a seguir

TEXTO 1

Retrato

• Eu não tinha este rosto de hoje,

• assim calmo, assim triste, assim magro,

• nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

• Eu não tinha estas mãos sem força,

• tão paradas e frias e mortas;

• eu não tinha este coração que nem se mostra.

• Eu não dei por esta mudança,

• tão simples, tão certa, tão fácil:

• –Em que espelho ficou perdida a minha face?

MEIRELES, Cecília. Obra poética. Volume 4. Biblioteca luso-brasileira: Série brasileira. Companhia J. Aguilar Editora. 1958. p 10. A função que se destaca neste poema é a função poética. Assim, podemos perceber que há uma preocupação em trabalhar a mensagem, expondo de maneira clara os efeitos sonoros, rítmicos e estéticos que o poema expressa.

Nota-se uma preo¬cupação em explorar a forma, mais do que o conteúdo. Trata-se de um texto que busca a emoção a partir da sonoridade, do ritmo – potencialidades linguísticas que surgem a partir de metáforas.

De acordo com Jakobson (1978, p.177) “[...] a função poética organiza e dirige a obra poética sem necessariamente aparecer e sem saltar aos olhos como um cartaz [...]”. Para este pensador, a palavra, no contexto da função poética, “é então experimentada como palavra e não como simples substituto do objeto nomeado, nem como explosão de emoção. As palavras e sua sintaxe, sua significação, sua forma externa e interna não são então indícios indiferentes da realidade, mas possuem o seu próprio peso e o seu próprio valor”. (JAKOBSON, 1978, p.177, In MARCHEZAN, p. 60)

TEXTO 2

RUBEM ALVES

O direito de dormir

Será que não chega o momento em que a vida diz: "Estou cansada. Quero dormir o grande sono..."?

NÃO EXISTE IMAGEM que mais tranquilize a alma que a imagem de uma criança adormecida. Seus olhinhos fechados dizem que o seu pequeno corpo está fechado dentro de si mesmo, num ninho de silêncio e escuridão.

Mas é comum que essa tranquilidade seja precedida por uma luta contra o sono: a criança não quer dormir. Ela tem medo da escuridão. E o medo agita a alma.

Foi pensando nisso que os músicos inventaram um tipo de música chamado "berceuse", que é uma canção doce destinada a ajudar as crianças a dormir. Ah! Como são lindas as "berceuses" de Brahms e de Schumann! Elas acalmam a criança amedrontada que mora em mim, põem os seus medos para dormir. E enquanto seus medos dormem, eu durmo bem longe deles...

Mas isso que os músicos fizeram foi apenas instrumentalizar as canções que as mães de todo o mundo inventaram para fazer seus filhos dormirem. As "berceuses" acalmam as almas das crianças.

Tudo o que existe precisa dormir. O simples existir cansa. A se acreditar nos poetas e nas crianças, até mesmo as coisas.

Minha filha de quatro anos, olhando os vales e montanhas que se perdiam de vista nos horizontes de Campos de Jordão, fez-me essa pergunta metafísica: "Papai, as coisas não se cansam de serem coisas?"

Fernando Pessoa teve suspeita semelhante e escreveu: "Tenho dó das estrelas luzindo há tanto tempo, há tanto tempo... Tenho dó delas. Não haverá um cansaço das coisas, de todas as coisas, como das pernas ou de um braço? Um cansaço de existir, de ser, só de ser, o ser triste, brilhar ou sorrir...".

Ele, poeta, estava cansado. Olhava para as estrelas que luziam havia tanto tempo e tinha dó delas. Elas deveriam estar muito cansadas. Suas pálpebras jamais se fechavam. Seus olhos estavam sempre abertos, sem poder dormir jamais...

Pergunto-me então se não haverá um simples cansaço de viver. Será que não chega o momento em que a vida diz, das profundezas do seu ser, como um pedido de socorro aos que entendem a sua fala: "Estou cansada. Quero dormir o grande sono..."?

Os especialistas na arte da tortura descobriram que uma das técnicas mais eficazes e discretas para se obter a confissão de um torturado era a de impedir que ele dormisse. Assentado numa poltrona confortável, o prisioneiro espera. O tempo passa em silêncio, sem interrogatório. Vem o sono. As pálpebras pesam e querem se fechar. Mas

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