Gregório de Matos
Por: urbanofialho • 21/7/2016 • Artigo • 6.575 Palavras (27 Páginas) • 460 Visualizações
FACULDADE DIADEMA
CLAUDILENE PIMENTA
FELIPE FERREIRA
IVONETE DA SILVA
O PERSONAGEM GREGÓRIO DE MATOS NO ROMANCE BOCA DO INFERNO DE ANA MIRANDA E O POETA GREGÓRIO DE MATOS
ESTE ARTIGO FOI DESENVOLVIDO COMO ATIVIDADE DE FINAL DO CURSO DE LETRAS DA FACULDADE DIADEMA SOB A ORIENTAÇÃO DA PROFESSORA GILDA SABAS
DIADEMA
2015
FACULDADE DIADEMA
CLAUDILENE PIMENTA
FELIPE FERREIRA
IVONETE DA SILVA
O PERSONAGEM GREGÓRIO DE MATOS NO ROMANCE BOCA DO INFERNO DE ANA MIRANDA E O POETA GREGÓRIO DE MATOS
DIADEMA
2015
RESUMO
Logo no inicio da obra você já se depara com a descrição da cidade da Bahia, o contexto histórico é a base para o entendimento de uma obra literária. A partir do conhecimento sobre os acontecimentos históricos o leitor é capaz de compreender todos os elementos da narrativa. Logo no inicio acontece um crime e o mesmo é o titulo do primeiro capitulo “O crime” e a partir dai é que tudo acontece, esse é só o começo do romance Boca do Inferno de Ana Miranda. A proposta deste artigo é apresentar o personagem Gregório de Matos Guerra e fazer um confronto de pessoa pública e personagem, a obra é fiel á realidade da vida do poeta, este artigo descreve o momento histórico-cultural e o movimento literário presentes no texto, este é o estilo de Ana Miranda que vem através deste resgatar a cultura brasileira tão presente no romance, assim o leitor terá o conhecimento de quem foi Gregório de Matos e Guerra. Palavras-chave. Boca do Inferno. Gregório de Matos. Ana Miranda
INTRODUÇÃO
Gregório de Matos é considerado um dos poetas mais importante do cenário brasileiro do século XVII (MIRANDA, 1989). Este artigo investigou a verossimilhança entre o ficcional e o real da vida poeta em Boca do Inferno. Ana Miranda fez uma mistura de dados biográficos com a literatura por meio de uma série de pesquisas sobre o modo de vida e as características do poeta.
Desse modo para alcançar esse proposito e contextualizar o momento histórico-cultural em que a obra foi narrada. É um romance que traça um grande painel da vida na Bahia do século XVII, incluindo-se neste painel os costumes e a linguagem da época, as lutas pelo poder e as perseguições políticas, a influência da Igreja e de Portugal, os hábitos e a cultura em geral. Há inúmeros personagens importantes, a partir dos quais se pode detectar e avaliar toda esta conjuntura. Ana Miranda recria o cenário marcado pela libertinagem, corrupção e luta pelo poder. Usa uma linguagem com expressões chulas, que faz referência à sátira do poeta Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”. É mais que um romance histórico, pois sua base se fundamenta na história colonial brasileira.
A obra de Ana Miranda é um objeto cultural múltiplo: É historiografia, é ficção, é biografia, é crítica literária, tudo enfeixando um trabalho assentado em pesquisas e no recurso das fontes. A ficção se apresenta como um panorama histórico e literário da época barroca, e todos os seus ingredientes estão à disposição do leitor que, juntando as peças, atribuirá ao texto uma significação.
GREGÓRIO EM BOCA DO INFERNO
No capítulo “O Crime”, Ana Miranda recria o personagem Gregório de Matos a partir de dados biográficos do poeta brasileiro. Assim, podemos dizer que há um Gregório de Matos personagem, pois Ana Miranda o criou baseado na vida do poeta, e outro Gregório de Matos Guerra, escritor sátiro do século XVII. Por meio de análise de trechos do capítulo em questão, é possível confrontar quantos dados biográficos Ana Miranda utilizou para recriar o poeta brasileiro, visto que a personagem fundamenta-se das principais características pessoais do real Gregório de Matos e Guerra. Portanto, o leitor estará apto a entender o livro Boca do Inferno, pois identificar o quanto há de realidade na personagem de Ana Miranda se tornará mais fácil após o esclarecimento de alguns trechos a seguir.
Logo na primeira aparição de Gregório de Matos no capítulo, podemos ver a insatisfação do poeta quanto à sociedade do século XVII, não só dela como também quanto às autoridades no poder. Como vimos no contexto histórico-cultural, muitos foram os fatores que influenciaram nas atitudes do povo brasileiro enquanto colônia de Portugal e, Ana Miranda relata essa degradação da sociedade através do Gregório de Matos personagem:
MIRANDA,(1990,33)
Ah, aquela desgraçada cidade, notável desventura de um povo néscio e se deu. Gregório de
Matos foi informado sobre a morte do alcaide. Sofria ao ver os maus modos de obrar da
governança, porém reconhecia que não apenas ao governantes, mas a toda a cidade, o demo
se expunha. Não era difícil assinalar os vícios em que alguns moradores se depravavam.
Nesse trecho justificamos a razão do poeta ser chamado de boca do inferno. “Ele promove, abjura, exalta, justa ou injustamente, com discursos maledicentes por encomenda ou por vontade própria”. Tais pensamentos contraditórios revelam o quanto o poeta não encontrava seu lugar em meio à sociedade. Talentoso e audaz, Gregório de Matos deixava claro nos poemas seus pensamentos mais ignóbeis, pois “a difamação era o teu deus.”
Conforme MIRANDA,(1990,33)
Como poeta de inesgotável fonte satírica não poupava ao governo, à falsa nobreza da terra e
nem mesmo ao clero. Não lhe escaparam os padres corruptos, os reinóis e degredados, os
mulatos e emboabas, os “caramurus”, os arrivistas e novos-ricos, toda uma burguesia
improvisada e inautêntica, exploradora da colônia. Perigoso e mordaz, apelidaram-no de “O
Boca do Inferno”.
Gregório de Matos e Guerra também ficou conhecido pela sua irreverência e, principalmente pela promiscuidade. O poeta brasileiro casou-se duas vezes, porém não permaneceu muito tempo no matrimônio. O primeiro casamento se deu ainda quando estava em Portugal e algum tempo depois ficou viúvo e com uma filha e o segundo casamento foi com Maria de Povos, mulher viúva e de poucos bens, a quem Gregório de Matos ofereceu uma vida pródiga, gastando o dinheiro que ainda lhe sobrara após a partida de Portugal. A felicidade não durou muito, em razão da escassez de dinheiro e de seu comportamento promiscuo, acabou abandonando-a com um filho. Então, separado e desempregado, por não querer mais desempenhar os cargos eclesiásticos que Dom Gaspar Barata o atribuiu, o poeta passou a viver desregradamente, entregue à boêmia e tendo a sátira e a maledicência como refúgio. Tal promiscuidade, Ana Miranda não deixou de transferir a Gregório de Matos personagem: “Com um graveto, escreveu na areia: ... pretas carregadas com roupas, de que formam as barrelas. Não são as mais belas, mas hão de ser por força as mais lavadas. Eu, namoro desta e aqueloutra, de um a lavar me rende o torcer doutra.” (MIRANDA, 1990, p. 83).
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