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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

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Por:   •  16/9/2013  •  Tese  •  3.211 Palavras (13 Páginas)  •  495 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A língua de sinais é produzida na modalidade visual-espacial, diferentemente da língua majoritária dos diferentes países, pois essas são produzidas na modalidade oral-auditiva. Além dessa di¬ferença, a língua de sinais é a língua de uma comunidade cultural¬mente diferente dos ouvintes: a comunidade surda. O domínio de uma língua exige sua aquisição na totalidade, além da fluência. Especificamente em relação à língua de sinais, não basta adquirirem vocabulário em sinais, mesmo que ele seja amplo.

São muitas as questões que envolvem o campo da surdez, a dificuldade de acesso à leitura e escrita, filosofias que permeiam a prática educativa (oralismo, bilingüismo), atraso na escolaridade, dificuldade de comunicação e relacionamento interpessoal, preocupação em investigar a forma de comunicação, a língua, a cultura, a aquisição da língua gestual ou oral, o processo educacional, sendo que, os estudos a maior parte das vezes, volta-se a crianças maiores, adolescentes e adultos.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

A história da educação dos surdos confunde-se com a pró¬pria história da educação especial, pois, inicialmente, os surdos fo¬ram renegados. Somente no século 16 é que foram considerados passíveis de serem educados. O monge beneditino espanhol Pedro Ponce de León foi o primeiro educador de surdos. No entanto, o abade Charles Michel de L’Epèe é considerado o mais importante educador da história dos surdos. Na segunda metade do século 17, na França, L’Epèe fundou a primeira escola pública para surdos, utilizando os "sinais metódi¬cos", uma combinação da língua de sinais, que o abade aprendeu nas ruas com os surdos de Paris, com a gramática sinalizada france¬sa. Nessa mesma época, na Alemanha, utilizava-se o método oral desenvolvido por Samuel Heinecke, também com grande sucesso. Em 1880, durante o Congresso Internacional de Educação de Surdos, em Milão, foi realizada uma votação com o intuito de definir o melhor método de educação de surdos, mas professores surdos foram impedidos de participar. Dessa forma, o método oral foi considerado a melhor opção de educação para as pessoas com surdez. A partir de então, por mais de um século, o método oral ou oralismo foi considerado o ideal, e a língua de sinais proibida na educação dos surdos. O oralismo prioriza a aquisição e o desenvolvimento da fala e visa à integração da pessoa na sociedade ouvinte. A partir da dé¬cada de 1960, os sinais voltaram a ser utilizados, especialmente em virtude das pesquisas de Stokoe sobre a Língua Americana de Sinais (ASL). Surgiram, então, a comunicação total e o bilinguismo.

A comunicação total permite o uso de diferentes sistemas de comunicação e o bilinguismo reconhece a língua de sinais como a primeira língua dos surdos e a língua majoritária como a sua se¬gunda língua, que pode ser desenvolvida nas modalidades escrita e oral. Vejamos, agora, as questões educacionais da surdez.

CULTURA SURDA

Continuando nesse caminho pela busca do exercício pleno da cidadania e da oportunidade de condições de igualdade para os surdos, trataremos, agora, da identidade e da cultura surda.

Segundo Manoel Castells, em sua obra O poder da identida¬de (2000, p. 21), a identidade pode ser entendida como um:

[...] processo de construção de significado com base em um atri¬buto cultural, ou ainda, um conjunto de atributos culturais inter¬-relacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de significado.

No caso das pessoas com surdez, segundo Eliane Cromack, no artigo Identidade, cultura surda e produção de subjetividades e educação, publicado na revista Psicologia: ciência e profissão, a "construção da identidade dos surdos passa pela mudança de paradigma da deficiência para o de minoria linguística e cultural", ou seja, o surdo deixa de ser percebido pela sua deficiência e passa a ser reconhecido na sua diferença como pertencente a um grupo minoritário.

A expressão "cultura surda" refere-se à comunicação espaço visual como principal meio de conhecer o mundo em substituição à audição e à fala. A maioria das pessoas surdas, no contato com outros surdos, desenvolve a Língua de Sinais, imprescindível para a transmissão e a evolução de sua cultura.

Por meio do convívio e da utilização de uma forma de comu¬nicação natural e partilhada, os surdos criaram uma identidade e uma cultura. Podemos identificar vários traços da cultura surda, como a literatura contada na Língua de Sinais, englobando histó¬rias, contos, lendas, fábulas, anedotas, poesias, peças de teatro, piadas, rituais e muito mais. Muitas dessas manifestações, por recontar a experiência dos surdos, dizem respeito, direta ou indi¬retamente, à opressão exercida pelas pessoas ouvintes sobre os portadores de surdez.

A EDUCAÇÃO “SURDA” NO BRASIL

A educação de crianças surdas no Brasil, ao longo da sua história, tem sido marcada por muitas controvérsias e poucos re¬sultados positivos, independentemente da modalidade de ensino frequentada, seja classe comum, sala de recursos ou escola de sur¬dos oralista. Em qualquer uma dessas modalidades, não houve a garantia de resultados acadêmicos compatíveis com o potencial dos surdos e com o tempo de permanência na escola. A maioria dos surdos, mesmo depois de muitos anos de esco¬larização, não consegue superar o nível escolar referente aos anos iniciais do Ensino Fundamental. Cabe analisar criteriosamente as condições oferecidas pela sala de aula comum, diante do movi¬mento de inclusão escolar, para verificar se realmente dão oportu¬nidade de o surdo aprender e se sintir incluído naquele contexto.

Vale considerar que a simples presença do aluno surdo em uma turma comum não significa inclusão. O aluno surdo deve en¬contrar na sala de aula as condições de que necessita para apren¬der, além de um ambiente favorável ao desenvolvimento da sua identidade como ser capaz. Para tanto, é preciso que a escola re¬conheça e valorize a sua cultura, ou seja, é preciso que ela vá além dos pressupostos da escola inclusiva e se reorganize na direção de uma escola bilíngue e bicultural.

O reconhecimento das diferenças

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