I Juca Pirama
Trabalho Escolar: I Juca Pirama. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: maybossa • 28/4/2014 • 1.568 Palavras (7 Páginas) • 697 Visualizações
II - MOMENTO HISTÓRICO DO ROMANTISMO NO BRASIL
Grandes transformações políticas marcam a história brasileira na primeira metade do século XIX. Num período de menos de cinquenta anos vimos: a transferência da família real para o Rio de Janeiro (1808); elevação do Brasil à categoria de reino (1816); independência (1822); primeiro reinado (D. Pedro I, 1822-1831); período de regência (Durante a menoridade de D. Pedro II, 1831-1840); início de um longo segundo reinado (que se estenderia até 1889);
Para o estudo do Romantismo brasileiro é essencial que se compreenda o contexto que dominava esse primeiro período da nova nação que era a insatisfação com as reformas introduzidas por D. João VI; o orgulho nacional despertado pela independência; os projetos de construção do novo país; a luta pela manutenção da unidade nacional; os conflitos entre liberais e conservadores na busca do modelo político; enfim, o conjunto de embates e sentimentos de luta nacional pela consolidação da autonomia.
Com a independência o país teve um surto de desenvolvimento com a ampliação do comércio exterior e da imigração europeia; o aumento da exportação de café e da industrialização. Isso tudo com sérias crises de todo tipo: econômicas, política interna, e também crises internacionais. Duas grandes campanhas envolveram os autores da última fase no Romantismo: a campanha republicana, e a campanha abolicionista.
III - O ROMANTISMO NO BRASIL
A implantação do Romantismo no Brasil está ligada ao projeto de construção nacional. Nosso país acabara de se tornar politicamente independente e reivindicava, agora, uma literatura autônoma, que refletisse nossa realidade. Foi introduzido em 1836, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães, que se encerrou em 1881, com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e de O mulato, de Aluísio Azevedo, é considerado o marco inicial do Realismo.
O Romantismo teve sua origem no fim do século XVIII, na Alemanha e na Inglaterra. Coincide com a ascensão econômica e política da burguesia e expressa os sentimentos dos descontentes com as novas estruturas e relações sociais.
As principais características desse movimento são: subjetivismo, sentimentalismo, nacionalismo, culto à natureza, idealização e liberdade de forma. No Romantismo brasileiro, por exemplo, há uma distância importante entre a poesia de Gonçalves Dias e a Castro Alves. Daí houve necessidade de dividir o mesmo em fases ou gerações. Assim é que no Romantismo brasileiro podemos reconhecer três gerações:
Primeira Geração – geração nacionalista ou indianista: destacou-se pela tentativa de adaptar
IV - GONÇALVES DIAS
Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias (MA) em 10 de agosto de 1823. Era mestiço, filho de um comerciante português com uma cafuza (mestiça de negro e índio). Estudou Direito em Coimbra, conheceu alguns escritores românticos portugueses, com quem estabeleceu relações importantes para a sua formação intelectual como poeta.
Escreveu em 1843 sua famosa poesia “Canção do exílio”, a qual mostra o saudosismo do autor em regressar ao Brasil. De volta ao país de origem, tem alguns casos amorosos e vive uma paixão por Ana Amélia. No entanto, a mão da jovem é recusada pelo fato de Gonçalves Dias ser mestiço. Acometido por doenças regressa à Europa em busca de tratamento. Na volta ao Brasil, o poeta morre nas costas do Maranhão, no naufrágio do Ville de Boulogne, navio no qual estava no dia 3 de novembro de 1864.
É também, junto com Gonçalves de Magalhães, introdutor do Romantismo no Brasil. Sua obra abrange o nacionalismo de duas formas: na exaltação da pátria e na figura do índio. Na obra de Gonçalves Dias o índio é valente e digno de honra e os colonizadores são figurados como destruidores. Ainda em sua temática podemos notar outros temas do Romantismo, como o amor, a saudade, a melancolia. Além disso, compôs poesias sobre a natureza e a religiosidade.
CAMPESTRINI, 1941, diz sobre o poeta: “É o primeiro poeta “de sensibilidade artística realmente brasileira”. Trazia, por sinal, o sangue das três raças: o pai era português e a mãe cafuza.”.
V - ANÁLISE DA OBRA
O poema I-Juca Pirama foi escrito entre os anos 1848 e 1851, sendo publicados no livro Últimos cantos, considerado por críticos um dos mais elaborados poemas do Romantismo brasileiro.
O gênero que predomina no poema é o lírico, embora a sua narrativa contenha traços do gênero épico e um conteúdo dramatizável. Seu lirismo é de fácil compreensão e espontâneo transparecendo a subjetividade e as emoções do poeta e abordando todo o sentimentalismo do romântico.
A obra de Gonçalves Dias é classificada como indianista, possui vários recursos de musicalidade em seus versos, sendo uma das suas principais características.
Podemos perceber estes recursos já nos primeiras estrofes do I canto de seu poema:
CANTO I
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos - cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
O poema nos trás uma visão mais próxima do índio, apresentando seus costumes, ideais e características, criando a figura do novo herói nacional, não deixando de idealiza-lo aos moldes do romantismo português.
O título do poema é tirado da língua tupi e significa “o que há de ser morto, e que é digno de ser morto”. O nome “Juca Pirama” não está relacionado ao nome do índio aprisionado pela tribo dos Timbiras.
“É um poema épico (narrativo) indianista, cujo título em tupi pode ser traduzido como “Aquele que deve morrer”. Conta a estória de um índio que, aprisionado pela tribo inimiga, pede clemência para não ser morto, por ser filho único de pai velho e cego.” (CAMPESTRINI,1941, p. 81)
O eu-lírico é representado de forma muito evidente no Canto IV, onde o guerreiro Tupi declama o seu canto de morte e pede ao Timbiras que deixem-no ir para cuidar do pai velho e cego:
Canto IV
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