LITERATURA E LETRA

RESUMO

Este artigo é parte complementar das discussões cultivadas na observação do meu Estágio Curricular durante a Graduação de Pedagogia, cujas reflexões expõem os obstáculos da prática educacional alfabetizadora para alfabetizar letrando, com apoio na realidade educativa do município de Fundão - ES. Neste trabalho, discutiu-se os efeitos decorrentes da alfabetização no ponto de vista do letramento, a partir das reflexões em torno do caráter da alfabetização e do letramento, dada a especificidade de cada termo, da função da escola enquanto ambiente social da educação formal da escrita e da prática pedagógica alfabetizadora nesse processo.

Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Prática pedagógica alfabetizadora

Sumário

1. INTRODUÇÃO 5

2. ALFABETIZAR E LETRAR 7

3. ALFABETIZAR LETRANDO 9

4. OBSTÁCULOS DO MÉTODO EDUCACIONAL 12

5. CONCLUSÃO 17

6. REFERÊNCIAS 19

1. INTRODUÇÃO

A ação de ler e a ação de escrever compõem subsídios essenciais à condição humana, uma vez que a obtenção da língua oral e escrita nos remete à possibilidade de participação social na qual nos tornamos indivíduos no mundo. A obtenção da leitura e da escrita implica deste modo, uma questão de cidadania, ao tempo que se descobre como uma forma de inserção social, ao possibilitar-nos a competência criadora e o posicionamento crítico do mundo no qual estamos introduzidos. Desse modo, o comando da língua oral e escrita expande nossos horizontes, proporcionando-nos, principalmente o acesso à informação e à produção do conhecimento.

Enfatiza-se que, a ação de ler e escrever não se organiza como naturais, contudo mostram-se como processos que acontecem a partir das interações sociais instituídas, conduzindo-os à assimilação dos conhecimentos historicamente determinados pela humanidade, com vistas à sua reelaboração. A escola, enquanto instituição por excelência de produção de conhecimentos exerce uma função de essencial importância no processo de obtenção da língua escrita, ao desenvolvê-la de forma sistematizada, atribuindo sentido ao aprendizado da leitura e da escrita, por meio das interações situadas no contexto escolar.

Neste ponto de vista, este estudo analisa o processo escolar de alfabetização, no aspecto do letramento, tendo como foco a prática educacional alfabetizadora enquanto instância que pode instigar o emprego da escrita, observando seus diversos usos e empregos no setor da sociedade.

As reflexões cultivadas acerca do processo de obtenção da leitura e da escrita, mostram a atitude multifacetada da alfabetização e do letramento de modo que, além das capacidades características desenvolvidas em torno da ação de ler e escrever se faz imprescindível a compreensão dos usos sociais da escrita aos quais a alfabetização deve responder, uma vez que o comando da tecnologia da leitura e da escrita não garante por si só o desenvolvimento de capacidades indispensáveis para que o indivíduo consiga sucesso mediante as requisições de uma sociedade letrada.

Discutir-se-á, deste modo, nessa parte do trabalho, as implicações decorrentes da alfabetização na perspectiva do letramento, a partir das reflexões em torno do caráter da alfabetização e do letramento, dada a especificidade de cada termo, da função da escola enquanto ambiente social da educação formal da escrita e da prática educacional alfabetizadora nesse processo.

2. ALFABETIZAR E LETRAR

No campo da prática escolar de obtenção da escrita, nota-se a relação situada entre alfabetização e letramento, sendo a compreensão desses conceitos muitas vezes assumida enquanto a substituição de um termo por outro, ou mesmo de compreensão da alfabetização enquanto pré-requisito do letramento, fator este que implica na dicotomia existente entre alfabetizar e letrar. Nesta observação, questionamos aos estudos de Soares (2003, 2004, 2005), Carvalho (2005), dentre outros, na procura de fundamento teórico que permita o desvelamento da especificidade dos termos alfabetização e letramento, visto que o nosso entendimento se incorpora com o pensamento postulado pelas autoras de que os dois são processos multifacetados e de caráter característico.

Segundo Soares (2003), no Brasil, o letramento surgiu enraizado no conceito de alfabetização, ocasionando dessa forma um conflito entre a especificidade de cada termo, provocando uma inadequada e inconveniente composição dos dois processos, com prevalência do conceito de letramento, o que tem dirigido certo desaparecimento da alfabetização. Neste aspecto, o letramento vai sendo idealizado como pré-requisito da alfabetização ou a alfabetização passa a ser considerada parte integrante do letramento no processo de obtenção do código. Na observação, as discussões essenciais à prática educacional alfabetizadora têm gerado numerosos questionamentos acerca de qual nomenclatura deve ser apreciada no desenvolvimento do ato educacional em relação ao ensino da língua escrita.

Alfabetizar e letrar muitas vezes se confundem e se misturam, existindo a necessidade de compreensão dos conceitos de alfabetização e de letramento, dada a especificidade de cada termo, a fim de que se possa enfatizar a importância de que os dois são processos caracterizados, contudo indissociáveis. Assim (SOARES, 2004, p. 14): “a alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento e, este, por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização.”

Neste sentido, alfabetizar não é letrar e letrar não é alfabetizar, haja vista que a alfabetização é o processo ordenado de obtenção do sistema alfabético e o letramento refere-se às práticas sociais de leitura e escrita nos diversos contextos e com desígnios característicos. Amparar a alfabetização