Leitura e análise do trabalho de Saramago
Resenha: Leitura e análise do trabalho de Saramago. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: teteh16 • 13/4/2014 • Resenha • 362 Palavras (2 Páginas) • 406 Visualizações
Na história da literatura, considerando principalmente a do gênero romance, as personagens transcritas pelo autor têm a tendência a se tornarem representantes de uma determinada parcela de uma sociedade, seja ela regional ou universalmente aceitas e reconhecidas. Em Ensaio Sobre a Lucidez, do escritor José Saramago, observamos outro tipo de criação de personagem que é feita a partir da representação de um grupo relativamente menor em quantidade e força por outro considerado mais numeroso: no caso, toda a população de uma cidade fictícia é usada como instrumento para uma crítica a todos os demais grupos socialmente organizados da atualidade.
Beth Brait, em seu livro A Personagem, apresenta dados históricos sobre o desenvolvimento da análise de personagens:
Com o advento do romantismo, chega a vez do romance psicológico, da confissão e da ‘análise de almas’, do romance histórico, romance de crítica e análise da realidade social. E é durante a segunda metade do século XIX que o gênero alcança seu apogeu, refinando-se enquanto escritura e articulando as experiências humanas mais diversas. Aos realistas e naturalistas coube perseguir a exatidão monográfica dos estudos científicos dos temperamentos e dos meios social. (p.37)
Apesar de superar em termos cronológicos seus antecessores realistas e naturalistas, vemos na leitura e na análise de obras de Saramago seu absoluto desejo de exposição do homem, de suas realidades interiores e de seus reflexos na sociedade.
Esse desejo por um trabalho que ultrapassasse sua função de mera forma de entretenimento e pudesse causar algum tipo de abertura para mudanças na vida do leitor é visto em suas obras e no modo como o autor trabalha questões que beiram o irreal sem deixar de se apoiar na verossimilhança.
Em Ensaio Sobre a Lucidez, Saramago critica a comunicação social pela sua submissão ao governo, buscando questionar a questão da democracia, tema considerado pelo autor como intangível no mundo atual, como pode ser observado por sua declaração ao jornal Folha de São Paulo em 24 de março de 2004, a cinco dias do lançamento do seu livro: “no mundo tudo se discute, tudo é objeto de debate, mas a democracia surge como pura, inatingível, intocável (...). É o poder econômico que realmente governa, usando a democracia a seu favor".
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