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MORAL DA SOCIEDADE VITORIANA CARACTERIZADA NAS EDIÇÕES DO ROMANCE O RETRATO DE DOORIAN GRAY DE OSCAR

Por:   •  24/4/2015  •  Artigo  •  2.393 Palavras (10 Páginas)  •  339 Visualizações

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A MORAL DA SOCIEDADE VITORIANA CARACTERIZADA NAS EDIÇÕES DO ROMANCE O RETRATO DE DOORIAN GRAY DE OSCAR WILDE

PATRÍCIA RÉGIA GLÓRIA SILVA

Limoeiro do Norte - Ceará

25 de Fevereiro de 2015


  1. OBJETIVO

O presente projeto pretende apresentar, à luz da moral na sociedade vitoriana, uma análise acerca das mudanças nas edições da obra O Retrato de Dorian Gray, único romance da carreira do dramaturgo Irlandês Oscar Fingal O'flahertie Wills Wilde, mais conhecido com Oscar Wilde, publicado pela primeira vez na edição de 20 de junho de 1890 da editora J.B. Lippincontt & Company da Filadélfia, especificamente na Lippincott’s Monthly Magazine. Será feito um comparativo tomando por base a versão da edição brasileira Martin Claret, de 2009, e a versão anotada e sem censura de 2013, organizada por Nicholas Frankel e publicada pela editora Harvard University Press, sendo traduzida para o português pela editora Globo S. A.

A forma e a época em que a obra foi concebida é de suma importância para entendermos a dimensão de sua repercussão, pois a obra foi criada por Wilde sob encomenda do editor da Lippicontt’s Joseph M. Stoddart. O editor tendo interesse em implantar uma versão britânica da revista, pediu a Wilde que escrevesse uma obra que esclarecesse as idéias que alguns escritores da Inglaterra defendiam sobre o Esteticismo. Publicada simultaneamente no Estados Unidos e na Inglaterra, esgotando-se rapidamente no primeiro e sendo criticada veementemente na Inglaterra, transformando Wilde, que já era mal visto pelo seu Dandismo, em alvo de severos ataques. Após publicar na Lippincott’s, Wilde passou a revisar, reescrever e aumentar a obra para transformá-la em livro, sendo assim publicado em 1991 pela editora Ward, Lock and Company. Ainda assim, o romance cresceu nas bases da primeira publicação, sendo hostilizado pela crítica literária vitoriana sempre que possível, como vemos na resenha de Daily Chronicle:

A parte suja, embora inegavelmente divertida, é fornecida pela história do sr. Oscar Wilde intitulada O retrato de Dorian Gray. Ela tem sua origem na literatura leprosa dos decadentes franceses – uma obra venenosa, cuja atmosfera está carregada dos odores mefíticos da putrefação moral e espiritual – um estudo, escrito com prazer malévolo, sobre a corrupção física e mental de um jovem belo e impoluto que poderia ser fascinante não fosse por sua frivolidade afeminada, pela insinceridade estudada, por seu cinismo teatral, seu misticismo barato, suas verbosas elucubrações filosóficas... O sr. Wilde diz que o livro tem ‘uma moral’. A “moral”, tanto quanto somos capazes de perceber, é que o principal objetivo do homem consiste em desenvolver sua natureza ao máximo ‘buscando sempre novas sensações’, e que, quando a alma adoece, o modo de curá-la é não negar nada aos sentidos.

O Romance apresenta um jovem chamado Dorian Gray que costuma posar para Basil Hallward, um brilhante pintor do século XIX. Certo dia Basil pinta um Retrato do que diz ser sua maior obra prima, pois esconde o mais íntimo de seu ser na pintura devido a sua idolatria para com a beleza do jovem Dorian, descrito como “um jovem de beleza invulgar”.  Dorian conhece então um aristocrata hedonista chamado Lorde Henry, até então amigo do pintor, que passa a convencer Dorian de suas concepções e de beleza, efemeridade e vida. Dorian aos poucos é persuadido a ter consciência de sua incrível beleza e juventude, é apresentado a possibilidade das sensações que até então lhe eram desconhecidas, e em desvairo suplica ao vento que daria tudo na vida para que a pintura sofresse a ação do tempo e ele pudesse permanecer para sempre jovem.  Com o passar do tempo Dorian comprova a realidade do seu pacto, passando experimentar e extravasar todos os seus desejos, chegando a cometer crimes, perdendo-se nas concepções e princípios que julgava a todo momento impróprias a um ser moral.

O reinado da Rainha Vitória (1837 – 1901), no que desrespeito a moral, foi marcada por um quadro de restrições e censuras, dominado pelo puritanismo e a intolerância, fundamentada na defesa da família e dos bons costumes, postura defendida de forma dura pela própria Rainha. Apesar da paz que de até certo ponto permeou o reinado da Rainha Vitória, era nas periferias de Londres que se percebiam as realidades conturbadas pregadas pela postura moralista da época. A literatura Vitoriana tinha como objetivo principal a moral, aliada a uma linguagem rica e ornamentada, dando o título de herói aos homens de Letras. Mattelart (2004, p 20) explica que a história a história universal consiste na junção de biografias de heróis e seus feitos, resultado material do trabalho dos grandes homens de províncias, que dava ao mundo uma nova alma, detendo assim a crise de uma civilização precipitada rumo a uma industrialização precoce.  Baseando a pesquisa nesse contexto histórico em que Wilde estava inserido, pretende-se realizar um estudo crítico – analítico sobre a influência da moral Era Vitoriana e suas influencia no processo de reescrita do romance, bem como sua descaracterização da versão original.

Baseando-se nas pesquisas dos estudos históricos da sociedade na Era Vitoriana organizados por  ARIÈS E DUBY (1991), ANTONIO CANDIDO (2006), HOBSBAWM (1987) e na concepção de moral defendida por NIETZSCHE (2009). Há ainda as pesquisas bibliográficas de ELLMANN (1988) e FRANKEL (2011) sobre a obra e a vida de Oscar Wilde e LEFEVERE (2007), que discorre sobre os princípios de reescritura do texto.

  1. OBJETIVOS GERAIS

        

  • Fazer uma análise dos aspectos reescritos no livro O retrato de Doria Gray em sua edição original e a versão reeditada e corrigida, buscando sumarizar uma possível causa dessa descaracterização, traçando um paralelo entre a moral da Era Vitoriana e a criação literária.

  1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Caracterizar e descrever a Era Vitoriana e o conceito de moral estabelecida da época para a criação literária;
  • Evidenciar o conceito de criação literária arraigado nesse contexto histórico moral e os processos de reedições através de um olhar analítico soacial;
  • Comparar a edição original e reeditada da obra, identificando os aspectos que foram modificados;
  • Buscar identificar e explicar quais os impactos causados pelas reedições da narrativa.
  1. PROBLEMAS

2.1. Questões centrais

  • No romance O retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, podemos levantar o seguinte questionamento: porque o autor reescreveu e reeditou sua obra original?

 2.2. Questões específicas

  • Quais os aspectos que marcaram a Era Vitoriana no âmbito social e de criação literária?
  • Em que esses aspectos contribuíram para a reedição do livro?
  • Quais mudanças foram feitas?
  • Quais os impactos das mudanças na construção da narrativa do romance?

  1. JUSTIFICATIVA

Embora não exista uma data específica e concretamente comprovada para a origem da literatura, alguns pesquisadores vão aos primórdios da história para, nem que por um resquício, encontrar onde se iniciou o processo de criação literária. Antes mesmo da escrita, da descoberta do papel, a oralidade levava de geração em geração marcas de uma cultura, em quaisquer que fossem seus âmbitos. Alguns estudos apontam a Epopeia de Gilgamesh, de 2000 a. C. como um dos exemplos mais antigos de criação literária. Percorrendo anos, nações e culturas a literatura se expande e marca território na história, dialoga com ela e dela faz uso. Sendo a literatura uma transfiguração do real, o artista recria e transmuta essa realidade através da língua seja ela escrita ou oral, dando-a forma, tomando-a como sua e apropriando-se dela. Assim, a literatura passa a assumir uma nova postura, indiferente da realidade ou do autor, ou mesmo da idéia de realidade em que foi criada. Assim sendo:

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