Memória de um sargento de milícias
Por: Juliana Fonseca • 11/6/2018 • Resenha • 1.799 Palavras (8 Páginas) • 179 Visualizações
ROTEIRO
Narração:
Leonardo-Pataca: Era no tempo do rei, quando eu e Maria das Hortaliças nos conhecemos em um navio português, que vinha para o Brasil. Desde então, vivemos um romance daqueles de uma pisadela e um beliscão... Literalmente!
Cena I
No navio...
Maria da Hortaliça está encostada em uma das bordas do navio. Leonardo-Pataca passa por ela, desastroso, e tropeça em seus pés.
Maria da Hortaliça: Está louco, homem? (rindo)
Leonardo-Pataca: Perdoe-me, realmente não a vi! (inicialmente acanhado)
Maria da Hortaliça: Hum... Pois pareceu que foi de propósito! (confiante)
Leonardo-Pataca: Não sei o que fazer para que tu, moça formosa, possa me desculpar... (tempo) Que tal levá-la para um esplêndido jantar no restaurante do navio? (convincente)
Maria da Hortaliça: Ah... Já que me convidas, não vejo motivos para não lhe conceder esse pedido. (envergonhada) mas antes de irmos... (dá um beliscão na mão de Leonardo-Pataca, que faz uma cara de quem sentiu uma leve dor)
E saem juntos...
Narração:
Leonardo: Meu nome é Leonardo e sou filho de Maria da Hortaliça e de Leonardo Pataca. Sempre fui uma criança com ‘Maus Bofes’ segundo nossa vizinha. Mas, voltando ao contexto de nossa viagem, minha mãe conheceu o capitão do navio, por quem se apaixonou, e agora começou a recebê-lo freqüentemente em nossa casa, claro que em horas desencontradas com o de papai, mas ele não é bobo e sinto que ele já está muito que desconfiado e que essa história, oras... Não terminará nada bem. (sai fazendo sinal de negação com a cabeça)
Cena II
Em uma manhã, Maria das Hortaliças recebe o Capitão em sua casa, como de costume, e ambos se encontravam sentado em um dos sofás, rindo e tomando uma xícara de chá, até que Leonardo entra sem ser esperado pela porta adentro. A mulher e seu acompanhante entram em desespero, e este salta para a rua, de um jeito sem explicação, e desaparece.
Leonardo Pataca: Grandessíssima! (engasga com as pesadas injúrias que ia soltar, e treme com todo o corpo)
Maria da Hortaliça recua aos poucos: Perdeu o juízo, Leonardo?
Leonardo-Pataca: Não foi o juízo (diz em tom dramático) foi a honra! E não chames mais pelo meu nome, que tranco-te essa boca a socos...
Maria da Hortaliça: Honra! Honra de meirinho... ora! Quem lhe mandou pôr-se aos namoricos comigo a bordo? (e sai, rapidamente, segurando o choro)
Leonardo Pataca para o filho, que brincara no chão com um de seus carrinhos: És filho de uma pisadela e de um beliscão; mereces que um pontapé te acabe a raça, vá viver com alguém que te queira, pois só causaste desavenças, desde o ventre de sua mãe.
Leonardo demora um instante até entender o que seu pai quisera dizer, pega o seu brinquedo e corre as pressas para a casa do padrinho.
Narração:
Dona Maria: Sou Dona Maria, uma velha amiga do barbeiro, padrinho de Leonardo, que o cria como se fosse um filho, sonhando em torná-lo padre. O menino, porém, por causa dos problemas que arranjava, levava broncas do padre, provocando sua expulsão da igreja e do Seminário, lugar onde criou vínculos de amizade. Anos mais tarde, Leonardo decidiu seguir vida sem rumo, uma vida de vadio, neste mesmo tempo o padrinho, junto de Leonardo, me fazia constantes visitas. Em minha casa cuidava eu de Luisinha, minha jovem sobrinha que tão jovem se tornara órfã e por quem Leonardo viria a se apaixonar. Porem, a moça também despertava interesses de José Manuel.
Cena III
Dona Maria recebe José Manuel em sua casa.
José Manuel: D. Maria... Desde que vi Luizinha pela primeira vez, só me encontro a pensar em nosso futuro, juntos em Portugal, afortunados, com lindos filhos que desfrutarão dos mais belos bens... Eu a amo, Dona Maria, e com ela quero me casar!
D. Maria: Pois bem, bom rapaz... Sem dúvidas alguma, aprovo a ti esta união.
Saem do cômodo.
Algumas horas mais tarde...
Fora da casa se encontram Leonardo e seu Compadre
Leonardo: Estou com muito ciúme de José Manuel, conseguiu tão fácil o selo de aprovação de Dona Maria, e olhe para mim, um pobre vagabundo, que nem posses têm e a única coisa que me restou de meu pai foi sua forte aptidão de cair facilmente em qualquer encanto de um rabo de saia. Por que Luizinha sujeitaria a se entregar a mim? Porém... A tenho com muito amor em meu peito, padrinho.
Compadre: Oras! Não se pode desistir assim das coisas que nos fazem bem, meu filho, pelo contrário, temos que fazer de tudo para eternizá-las. Vá, apresse-se, vá falar com ela.
Leonardo: Há de ter razão, meu padrinho. Irei agora mesmo!
Leonardo entra na casa, vai em direção a Luisinha, que se encontra olhando a vista da janela, e, com muito receio, se declara.
Leonardo: Luisinha? - Ah! A senhora sabe... Uma coisa? (ansioso)
Luisinha fica em silêncio com cara confusa.
Leonardo: Então, a senhora sabe ou não sabe?
Luisinha permanece no silêncio, revezando o olhar entre Leonardo e o chão.
Leonardo: E a senhora não ficasse zangada... Eu dizia! (respira fundo) Está bom... Eu digo... Mas a senhora fica ou não fica zangada?
Luizinha faz um gesto de quem esta impacientada: Oras! Apressa-te, homem!
Leonardo: Pois então eu digo... A senhora não sabe... Eu... Eu lhe quero... Muito bem.
Barulho de uma pessoa chegando; Luisinha olha assustada e sai de correndo e Leonardo dá um suspiro de “ufa”.
Narração
Comadre: Sou a comadre, madrinha de Leonardo. E vim contar-lhes que pouco depois deste ocorrido, o padrinho de Leonardo morre e este foi morar junto com o pai. Porém, não conseguia manter relações com sua madrasta e, após muitas brigas, foge de casa. Até que encontra um velho amigo do tempo do seminário e passa a morar com eles, em uma casa com duas senhoras viúvas e seus filhos, sendo Vidinha a mais bonita da casa e seu amor disputado pelos seus dois primos, além, é claro, de Leonardo.
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