O Auto Da Compadecida (Análise)

Auto da Compadecida é um filme baseado na obra de Ariano Suassuna, uma peça de apenas um ato, abordando temas universais como a avareza humana e suas amargas conseqüências, por meio de personagens populares. Suassuna, nesta obra, prepara o espectador para um desfecho moralizante conforme os preceitos do cristianismo católico, consubstanciando a tradição do teatro medieval português ao contexto social e histórico do nordeste brasileiro. Ao resgatar essa tradição medieval, Ariano faz uma leitura da moral católica, focando em características brasileiras, principalmente nordestinas. Destacando a presença de um anti-herói, o autor propõe um exame dos valores sociais e da moral estabelecida, fazendo uso de linguagem simples e bem articulada. Sendo assim, é como que uma reflexão sobre a relação entre o homem e Deus, tratada de forma simples e sátira, aproximando-se do pitoresco. Nota-se presente na obra: o machismo (Demônio x Compadecida, Coronel x Rosinha), preconceito (estranheza por um Jesus negro) pobreza (João Grilo e Chicó), adultério, corrupção (igreja), morte (ponto de vista católico). Assim, o que Suassuna passa é que o homem do sertão deve ser perdoado, de seus pecados, por suas inúmeras dificuldades passadas, tanto em questão de clima, quanto social. Vendo todo o sofrimento passado pelo homem como que um meio de purificação de seus pecados conseqüências de seu cotidiano exigente e de sua luta por sobreviver. O sertão é terra de ninguém, deserto que aproveita do sofrimento de seus moradores para ganhá-los, para Deus ou para o Diabo.

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