O Diário Reflexivo Como Instrumento Da Avaliação Formativa
Por: Prof.a Josy Miranda • 11/7/2023 • Artigo • 8.425 Palavras (34 Páginas) • 71 Visualizações
Miranda, Josely Iris Fernandes & Felice, Maria Inês Vasconcelos. O Diário Reflexivo como Instrumento da Avaliação Formativa. Revista Intercâmbio, v. XXVI: 129-153, 2012. São Paulo: LAEL/PUCSP. ISSN 2237- 759x
O DIÁRIO REFLEXIVO COMO INSTRUMENTO DA AVALIAÇÃO FORMATIVA
Josely Iris Fernandes MIRANDA
(Universidade Federal de Uberlândia/PIBIC/CNPq)
josyfmletras@gmail.com
Profª. Drª. Maria Inês Vasconcelos FELICE
(Universidade Federal de Uberlândia – PPGEL/UFU)
minesfelice@gmail.com
RESUMO: O Curso de Letras investigado tem seu foco na formação de
professores; a pesquisa aqui apresentada visou a investigar a prática
de avaliação, especificamente a avaliação formativa. A AF é
compreendida, segundo Álvarez Méndez (2002), como atividade crítica
de aprendizagem, um ato dinâmico que possibilita o crescimento,
aprendizado e desenvolvimento do aluno, visando à transformação. O
Diário Reflexivo, como instrumento de ensino-aprendizagem,
possibilita conhecer melhor cada aluno individualmente, o estado real
de seus conhecimentos; consequentemente, permite que sejam
auxiliados de forma mais consistente e que o curso seja
redimensionado de acordo com as suas necessidades reais, tornando
sua aprendizagem significativa. O Diário Reflexivo tem adquirido novos
propósitos e características, como facilitar a aprendizagem de uma
língua estrangeira na modalidade escrita e uma proficiência em leitura.
PALAVRAS-CHAVES: Avaliação Formativa; Diário Reflexivo;
aprendizagem significativa.
ABSTRACT: The investigated language graduate program aims at
preparing students to work as teachers; the objective of this research
was to investigate the evaluation practice especially related to
formative evaluation (FE). FE is understood, according to Álvarez
Méndez (2002), as critical learning activity, a dynamic act that enables
growth, learning and the student development towards transformation.
The Reflective Diary, as a means to learning and teaching, allows us to
better understand each student individually and the real progress of
their knowledge; as consequence, it is a tool to be used so they can be
consistently assisted and the course can be modeled according to its
actual needs, allowing learning to be more meaningful. The Reflective
Diary has acquired new objectives and features such as making the
learning of a foreign language easier considering the writing skill and
the reading proficiency.
Key Words: Formative Evaluation, Reflective Diary
0. Introdução
O Curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia tem o
caráter de formação de professores, e a pesquisa ora proposta tem
em vista auxiliar os alunos de graduação e professores pré-serviço no
que tange à prática de avaliação, oferecendo um estudo sobre a
avaliação formativa. Há uma necessidade de transformação das
oportunidades de aprendizado desenvolvidas em sala de aula.
Percebendo que a avaliação é uma oportunidade de aprendizado, fazse necessário discutir a avaliação, mais precisamente a Avaliação
Formativa.
Segundo Luckesi, em Provas e exames implicam julgamento, com
consequente exclusão (2008: 171), o conceito de avaliação está
associado às ideias de controle, poder autoritário e coercivo,
discriminação, dependência, classificação, seleção e exclusão. De
acordo com Perrenoud (1999), a avaliação estigmatiza a ignorância de
alguns para melhor celebrar a excelência de outros. Esse autor aponta
ainda que os professores utilizam as notas como meio de controlar as
atividades de seus alunos, pois esses só realizam tarefas que lhes
rendem notas, preocupados com a promoção de série. No entanto, de
modo lento, mas persistente, a avaliação passa a ser entendida como
parte integrante do processo de ensino aprendizagem. Segundo
Álvarez Méndez (2002), tanto o professor quanto o aluno devem
aprender sobre e com a avaliação pois é por meio dela que o aluno
expressará suas incertezas e acertos. A avaliação é um processo de
aprendizagem porque é um momento em que o aluno tem de
reconhecer seus desconhecimentos, suas inseguranças e dúvidas para
que possa então superá-los. Luckesi (2008) afirma que o erro deve
ser visto como suporte para a auto-compreensão e o crescimento e
como caminho para o avanço. São poucas décadas de estudo sobre
esse novo paradigma da avaliação, por isso mesmo é que se têm mais
questões a fazer do que respostas a dar. Partindo da concepção de
que a avaliação consiste em parte essencial do processo de ensinoaprendizagem, compreendemos que a avaliação deva ser apreendida
como instrumento da edificação do conhecimento.
Esta pesquisa apresenta como ideia central o uso de Diários
Reflexivos como instrumentos necessários à Avaliação Formativa. O
Diário Reflexivo é aqui entendido como a produção escrita a partir da
reflexão feita pelos alunos, levando em consideração o decorrer das
aulas, suas ações e reações diante do conteúdo ensinado. Ele pode ser
escrito nos últimos quinze minutos de aula e entregue ao professor
imediatamente, pode ser escrito em casa e entregue ao professor/a na
aula seguinte ou enviado pela plataforma Moodle.
A presente investigação preocupou-se em responder a questões
como: 1. os Diários Reflexivos têm alcançado os propósitos iniciais de
tornar o aluno um participante ativo do processo de seu aprendizado,
estimulando-o à autonomia e à autoavaliação?; 2. os alunos sentem-se motivados e encontram sentido em escrevê-los?; 3. como é feito o
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