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O EMPREGO DE TEXTOS DISSERTATIVOS COMO FORMA DE TRABALHAR A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA

Por:   •  16/2/2022  •  Trabalho acadêmico  •  4.253 Palavras (18 Páginas)  •  181 Visualizações

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 O EMPREGO DE TEXTOS DISSERTATIVOS COMO FORMA DE TRABALHAR A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA

Fernando Costa de Sousa1

Profa. Maria Paz Pizarro Portilla2

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso propõe observar a importância das atividades de construção de textos dissertativos em sala aula e as contribuições promovidas por esse tipo de trabalho nos estudos das variações lingüísticas e na compreensão do funcionamento da língua em se tratando da norma padrão de uso, considerando ainda que os PCN´s contemplam esse tipo atividade. Através de reflexões sociolingüísticas produzidas por Fiorin, verificamos que estão presentes na sociedade diversos modos de fala, mas reduzidos ao uso formal e informal, o que reflete o preconceito lingüístico para com determinadas variações. E o objetivo de se trabalhar textos dissertativos em sala de aula é justamente romper com esse senso comum de que existem as maneiras “errada” e “certa” de falares, e que as variações da língua da língua são atos presentes no nosso cotidiano e fazem parte da construção da sociedade, resultado de um processo histórico, social e cultural, haja vista que a língua é um “produto inacabado”, em constante transformação, que aquilo que atualmente se convencionou como norma padrão da língua, no futuro poderá ser considerado em desuso face às variações históricas, econômicas entre outras.

Nas analises dos textos dissertativos construídos por alunos dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, importa verificar as habilidades envolvidas nas transcrições de um texto oral para o texto escrito, a compreensão e a exposição do tema proposto através de experiências pessoais de cada aluno, bem como as variações lingüísticas e os modos de fala que marcam essas construções analisadas. Importa verificar ainda que o conhecimento e familiaridade com tipologias textuais preparam o aluno para sua vida profissional e acadêmica visto que os processos seletivos educacionais e empresariais vigentes privilegiam os modelos dissertativos como forma de testar as competências lingüísticas do indivíduo.

Palavras – Chave: Variações Lingüísticas, Preconceito Lingüístico, Norma Padrão da Língua.

1. INTRODUÇÃO

A comunicação é patente ao ser humano e através dela o homem criou diferentes formas de estabelecer o contato, seja através da oralidade ou dos símbolos. De acordo com a história o ser humano se organizou em sociedade adotando um código, fazendo da comunicação oral a língua de cada falante.

Conforme Fiorin (2010, p. 27) “a comunicação, se simplificarmos bastante, é entendida como transferência de mensagens, como a transmissão, de um emissor a um receptor, das mensagens organizadas segundo um código e transformadas em sequências de sinais”.

As línguas se tornaram heranças transmitidas por gerações e nesse processo de transmissão podemos verificar que ela não ficou estanque, foi se modificando, sofrendo variações à medida que a transformação social também acontecia.

São diversos os fatores que influenciam de forma pertinente a variação de uma língua, tornando-a resultante do processo histórico, sociocultural, situacional e ou geográfico.

Com base e enfoque na nossa língua materna, que constitui o alvo desse trabalho, tomemos como exemplo a variação diacrônica, quando observamos o pronome de tratamento comumente empregado em épocas passadas: “vossemecê” que hoje, após inúmeras variações convencionou-se em “você”e isso se deve ao fato de nossa língua ser heterogênea, convencionada, mutável, resultado de processos históricos e atuais que contribuirão para que ela se modifique no futuro.

Por isso compreender as variadas formas de fala é fundamental para romper tanto com preconceito lingüístico como também reconhecer o uso padrão da língua. De acordo com a lingüística não há que se falar em língua inferior, em errado ou certo, haja vista que a fala de uma pessoa expressa culturalmente a comunidade na qual ela está inserida.

O que se problematiza neste trabalho é ao preconceito com determinados modos de fala e as interpretações equivocadas sobre o uso padrão da língua. Voltado para o estrito ambiente escolar, que congrega os mais variados membros de diversas comunidades, não raramente observa-se manifestações que relegam os modos de fala de determinados grupos. Ao contrário do que se vê não seria este o ambiente democrático dos modos de expressão?

Diante esse cenário observa-se a importância de se trabalhar as variações lingüísticas através da construção de textos dissertativos em salas de aulas, visto que essa atividade requer do aluno pesquisa, análise e comparações que farão compreender o ambiente em que está inserido e aquele que o cerca, bem como sua capacidade de uso padrão da língua.

Nesse mesmo sentido observamos que os processos seletivos e os modelos de exames educacionais têm se valido de textos dissertativos com intuito de avaliar os candidatos. Além de elementos do tipo coerência e coesão, estrutura e organização das ideias quesitos como a forma padrão do uso da língua são fundamentais para conferir ao candidato a classificação em processos seletivos.

O objeto de análise serão os textos produzidos por alunos do ensino fundamental das séries 8ª e 9ª, considerando que essas séries são contempladas com conteúdos voltados para uma realidade sociocultural proporcionando um contato com textos que repercutem questões do meio social, político e econômico.

Embasados em pressupostos da lingüística utilizaremos J. L. Fiorin que define sobre a variação lingüística e difunde a relação da linguagem falada com o ensino de língua materna na escola.

O presente artigo encontra-se dividido em três capítulos de desenvolvimento. A segunda seção apresenta a variação lingüística e suas propriedades, bem como os conceitos e os processos que influenciam na variação lingüística. A terceira seção analisa o emprego de produções textuais dissertativas como forma de trabalhar a variação lingüística. A quarta seção apresenta as produções textuais dissertativas construídas por alunos do 8º e 9º anos e a importância do emprego da norma padrão da língua.

2. DA VARIAÇÃO LINGUISTICA E SUAS PROPRIEDADES

Passadas de uma geração para outra, as línguas são resultado de uma herança que se modifica com o tempo. E essas modificações são definidas como a variação da língua, influenciadas por diversos fatores. Além das variações históricas e culturais, a linguagem tecnológica, o estilo de vida cada vez mais conectado e as relações interpessoais que perpassam as fronteiras culturais de todo o mundo de certa forma repercute no modo de fala da sociedade. Isto implica em dizer que a língua é mutável e se encontra em constante transformação.

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