O I-Nada. Nova Tecnologia
Trabalho Universitário: O I-Nada. Nova Tecnologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: liciagarcez • 19/11/2013 • 3.944 Palavras (16 Páginas) • 325 Visualizações
FORMAÇÕES DISCURSIVAS E IDEOLÓGICAS EMERGENTES DAS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DOS DISCURSOS MATERIALIZADOS NA DIVULGAÇÃO DE UM PRODUTO FÚTIL.
A ideologia não é, pois, ocultação mas função da relação necessária entre a linguagem e o mundo . (ORLANDI, 1996: 31).
Lícia Conceição Garcez*
Resumo
Neste trabalho temos como corpus, a crônica de Alberto S. Grimm, “O iNada, uma Revolução Tecnológica”, um produto “inovador”, que como todos lançados no mercado têm um diferencial. A crônica trata, curiosamente, da fabricação de um produto sem funcionalidade e parte para um objetivo crucial: convencer o publico consumidor a adquiri-lo. Especificamente, com base em pressupostos teóricos da Análise de Discurso filiada a Pêcheux, nosso objetivo é verificar as condições de produção, formações discursivas e ideológicas inseridas neste discurso, que requer a propagação de algo que não serve para nada e ainda, torná-lo sucesso de venda no mercado.
Palavras-chave: condições de produção, formação discursiva, formação ideológica, consumidor, produto.
Introdução
INTRODUÇÃO
O iNada, objeto de nosso estudo, parte de um objetivo que teve como propósito a criação do inusitado, ou seja, a obsessão pela tecnologia, que de forma oculta, se apropria do vazio das pessoas, para que estas sempre busquem ter como suprir suas inquietações de consumo. Aquele produto foi inventado num momento em que se esgotaram todas as possibilidades do novo, manifestando a ideia da criação de algo simples que alcançasse repercussão no mercado.
É comum o desgaste do consumismo, entretanto, involuntariamente, o comércio de produtos pede mais, sempre uma inovação e para preencher essa necessidade, a inserção de novas tecnologias, não importando o que, torna-se um mecanismo essencial para incendiar e aquecer o mercado consumidor.
Dessa forma, abordaremos como as formações discursivas e ideológicas que emergem das condições de produção dos discursos, conseguem atingir a sociedade e ao mesmo tempo alcançar seu alvo que é conquistar o consumidor a obter certo produto lançado no mercado.
Atualmente, para se criar um produto ou serviço é preciso saber como apresentá-lo, quais os tipos de cores serão favoráveis, que animações devem conter/fazer, qual a sua disposição comercial, enfim, traçar conceito para a propagação do produto ou serviço, de forma que este corresponda às expectativas e hábitos dos usuários.
O iNada
O iNada, como referência à crônica, é um produto tido como revolucionário, embora sem determinada utilidade, “bonito, perfeito em formato e tamanho”. Além disso, a empresa criadora, por meio de campanha publicitária, objetivava seduzir o público, utilizando-se da persuasão para lançá-lo no mercado. Finalmente, o iNada foi um sucesso comercial e, mais tarde, com direito a renovação do produto e novos incrementos.
Após ter exposto uma visão panorâmica que envolve a crônica “iNada – uma Revolução Tecnológica”, objeto de análise desse artigo, a proposta inicial é registrar o que se entende por condições de produção, formação discursiva e ideológica, fatores imprescindíveis neste contexto e também, para identificar o discurso de propagação de um raro produto como o descrito.
CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO, FORMAÇÕES DISCURSIVAS E IDEOLÓGICAS DO FABRICANTE PARA COMERCIALIZAR O INADA.
Ao tratarmos as condições de produção, procuramos evidenciar o que é dito neste contexto, observando que a sua materialização faz parte de uma estrutura sócio-histórica-ideológica, ou seja, na análise de discurso, não há como desassociar essa constituição, por simplesmente estarem interligadas.
Condições de produção podem ser definidas como partes de um todo, ou seja, pontos que contribuem para a construção discursiva, e se utilizam do contexto histórico-social, dos autores do discurso, levando em conta o lugar de onde se pronunciam, a distinção das imagens que fazem entre si e dos outros e ainda, a imagem do que está em cada um dos seus discursos.
Essa parte de que tratamos anteriormente, nada mais é do que uma delimitação e no caso desta peça de análise, começa com o lançamento do produto para a sociedade, em seguida o estudo científico acerca das tecnologias existentes em relação ao que se quer fabricar e por fim o propósito empresarial do fabricante que podemos considerar a sua própria ideologia.
Assim, seguindo esses critérios, destacamos que os discursos do iNada ocorrem numa fábrica e estão centrados inicialmente, na forma sobre como um grupo de cientistas da empresa criadora do produto e os departamentos de ideia e publicidade, juntos, conseguiriam introduzi-lo no mercado consumidor.
Analisando a invenção/criação do iNada, podemos partir do momento em que os cientistas do estabelecimento industrial encontraram dificuldade em dar origem ao produto. O que ofertar ao mercado consumidor, se tudo o que era necessário à população no mundo tecnológico já havia sido inventado?
O primeiro enunciado marca esse questionamento acerca do feito, “estavam todos eufóricos”. Essa euforia significa inquietação, ansiedade, tensão, cuidado, tudo em relação a uma perspectiva futura, ou seja, a melhor maneira de interpelar o consumidor a adquirir o iNada, utilizando um bom argumento, um “modelo” (como foi colocado) de última geração em tecnologia, cuja utilidade não existe.
Assim, em se tratando de condições de produção, segundo Orlandi (2008, p.30), “Podemos considerar as condições de produção em sentido estrito e temos as circunstâncias da enunciação: é o contexto imediato. E se as considerarmos em sentido amplo, as condições de produção incluem o contexto sócio-histórico, ideológico”.
Ressaltamos que cada um dos setores sinalizados deixa transparecer a falta de argumento para a projeção do produto, ou seja, o pesquisador do departamento de ideias não consegue identificar uma maneira de conquistar o público com um produto que nada faz.
O setor de publicidade também foi solicitado a encontrar uma solução e este, por sua vez, transmite à todos uma formação discursiva de superioridade como descreve em seu discurso: “Pode trazer; fabricar
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