O MAPA MENTAL

Resenha: Roubou Fubá? Bem Feito!

Glausula S. Silva – turma 3000

No artigo “Roubou Fubá? Bem Feito!”, de Cecílio Elias Neto, publicado em 2001 no Correio Popular, o autor traz com grande ironia um evento que, aos olhos do narrador, salvará a sua grande pátria amada: a prisão de um menino nordestino por roubar dois saquinhos de fubá. Com inúmeros ditados populares, Elias Neto (2001) introduz sua satisfação através de saberes comuns, onde todo ladrão deve ser preso – até mesmo quem rouba fubá para ter o que comer.

        Com uma escrita coloquial, mas dentro da normal culta padrão, o autor consegue conversar com o leitor de forma direta, assim como um discurso informal que encontramos facilmente em pessoas que tenham a punitiva: “bandido bom é bandido morto” aguçada em si. Utilizando recursos apelativos como, por exemplo, dizer às mães que não sabem criar seus filhos se suicidarem, o autor consegue dois efeitos – que não acontecerão simultaneamente: ou o leitor concorda ou discorda com a fala.

        A ironia presente, portanto, afronta a todo momento os saberes da “população de bem” que, com estrangeirismos, o autor diz afetar o seu breakfast. Além, critica a criação dada aos “ladrõezinhos”, fazendo com que a culpa recaia sobre as mães, nunca sobre o Estado, afirmando que somente agora o Brasil poderá dar certo.

        Por fim, é de extrema ignorância quem equipara pequenos furtos com crimes hediondos – classificados em nossa Constituição como estupro, tráfico de pessoas, latrocínio, terrorismo etc. A solução está na consciência estatal em ofertar auxílio social, de forma com que um prato de comida não seja motivo para roubo ou prisão. Elias Neto (2001) cumpriu seu objetivo, incomodando o leitor com suas reflexões e argumentos acerca do tema. Dessa forma, concluímos que é um artigo válido a ser lido, pois sua construção é inteligente e transmite, através de ironia e cinismo, uma visão não atribuída ao autor.