O Questionário Sobre Semântica
Por: Vitor Pessôa • 13/4/2021 • Trabalho acadêmico • 1.254 Palavras (6 Páginas) • 142 Visualizações
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Universidade Federal Fluminense
Pós-graduação Lato Sensu
Especialização em Língua Portuguesa
Disciplina: Semântica
Profª Illana Rebello – 02/2020
Aluno: Vitor Luiz Elias Pessôa
Exercício Avaliativo
Questão 01)
No processo de compreensão e interpretação de um texto, deve-se levar em consideração que exista ali marcas do pressuposto e do subentendido. Reconhecê-las faz com que nós, leitores, façamos uma reconstrução do evento da enunciação, uma vez que apreendemos a intencionalidade subjacente ao próprio texto, bem como o reconstruímos a partir da nossa visão de mundo, de nosso conhecimento prévio.
No exemplo (I)[1], passamos a depreender o significado dessa enunciação a partir do que não se disse explicitamente, levando em consideração o contexto situacional. Ou seja, quando a personagem fala “quando você andava comigo [...]”, essa temporal apresenta marcas subentendidas de que no tempo atual já não se anda mais, havendo uma ruptura com o passado em que se tinha a companhia e hoje não mais.
Ainda sobre essa marca de subentendido, temos o exemplo (II)[2] apresentando aos leitores uma significação subentendida. Quando a personagem menciona que “E fuma agora uns cigarrinhos” encontramos numa significação não escrita no texto que ou antes não se fumava ou ainda que até se fumava, mas não uns cigarrinhos pilantras, azul e dourados. Assim como no exemplo (IV)[3] encontramos subentendido que antes a personagem não pensava/se dava conta de que toda a beleza dela [sua prima] residia apenas nos olhos quando usa a expressão “penso agora”.
No que tange a marca de pressuposto, temos no exemplo (III)[4] uma exposição desse recurso textual. O leitor, para compreender melhor o texto, precisa pressupor alguns conceitos e histórias. Quando a personagem fala que “a dona é uma Medusa”, o leitor precisa entender (ou subentender) o que é a Medusa para fora do texto. Entender que se trata de uma personagem da mitologia grega e, mais que isso, atrelar esse conhecimento ao contexto de produção da obra.
Assim, portanto, observa-se que nas produções textuais e, obviamente, na interpretação deles precisamos estar acostumados em compreender os implícitos e explícitos que as cercam, analisando a sensível barreira que separa um do outro.
Questão 2)
Dentro do estudo semântico, encontramos a dicotomia Sentido literal e Sentido não literal[5]. No sentido literal tomamos as palavras ou expressões que apresentam seu sentido “básico”, usual em que adquire valor denotativo. Geralmente, pode ser compreendido sem a ajuda do contexto.
Ao contrário, no sentido não literal (figurado), as expressões ou palavras adquirem significações particulares de acordo com a situação de comunicação, ganhando um valor conotativo, isto é, seu significado é ampliado ou alterado no contexto em que é utilizado, sendo compreensível pela frase ou pela situação de comunicação.
No final do conto “Venha ver o pôr do sol” de Lydia Fagundes Telles, o narrador expõe que a personagem Raquel lança gritos semelhantes aos de um animal, trazendo aos leitores, nesta ocasião, um sentido literal a esse acontecimento. De fato, os gritos que a personagem deu na ocasião pareciam com os gritos dados pelos animais. Ou seja, não fora necessário, neste caso, fazer uma interpretação a partir do contexto para significar essa cena, como seria necessário em situações de uso do sentido não literal.
Questão 3)
A autora do conto “Venha ver o pôr do sol” apresenta já no título uma conotação metafórica na compreensão do conto, quando compara a vida com o sol. O título apresenta um duplo sentido, significando no pôr do sol, quando o sol aparentemente se ausenta, com o fim da vida, a morte. No título, a autora já apresenta uma tragédia que acontece em seu conto, quando a personagem Raquel é convidada, mesmo que sem saber, a contemplar a sua própria morte, contemplar o seu próprio pôr do sol.
Quando tratamos de uma linguagem metafórica, como essa apresentada no título do conto, observamos uma comparação entre dois conceitos, estabelecendo uma relação de semelhança entre eles. Essa relação, em sentido figurado, compara, no caso do conto, o pôr do sol com o fim da morte sem que tenha um elemento comparador entre eles. É o próprio leitor quem precisa fazer essas inferências para compreender esse recurso estilístico chamado Metáfora.
Questão 4)
Na produção de textos encontramos alguns recursos de escrita que dão um caráter estilístico a obra. Dentre eles, temos a intertextualidade e a polifonia, em que a Intertextualidade marca a relação e influência que outro texto ou obra estabelece sobre o texto produzido. Portanto, a intertextualidade, dentro do campo de produção de textos, faz referências de maneira implícita ou explícita a elementos existentes em outros textos, isto é, trata-se de um diálogo entre os textos. Já a Polifonia[6] é uma característica presente nos textos que estão presentes distintas vozes, ou seja, marca a presença de obras ou referências que aparecem em outra(s) obras e que o leitor facilmente consegue recuperar. Nesse sentido, a polifonia está bastante relacionada a intertextualidade, já que diversas vozes se cruzam na produção do texto.
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