País Do Futebol

País do futebol?

A Copa do Mundo é um evento grandioso. A sua organização demanda tempo e exige uma complexa infra-estrutura. Além disso, a população deve preparar-se para receber turistas de todos os lugares do planeta.

Em 2009, decidiu-se que o Brasil seria o próximo país, depois da África do Sul, a sediar os jogos. Estádios, hotéis e aeroportos começaram a ser planejados, construídos, ampliados e reformados. Doze cidades foram escolhidas para se tornar palco das disputas entre as melhores seleções do mundo. Mas estará o “País do futebol” preparado para tamanha responsabilidade? Grandes engarrafamentos dificultam a locomoção, os aeroportos já são famosos pelos atrasos e os índices de criminalidade crescem a cada dia... Há muito para se fazer. E o tempo é curto.

Apesar de, algumas vezes, as coisas funcionarem melhor sob pressão, isso parece não se aplicar ao Brasil. Por mais precárias que sejam as condições dos nossos hospitais, famílias morem em locais proibidos e crianças andem durante horas para chegar às escolas – quando existe uma escola – o governo não se preocupou em tomar atitudes mais efetivas. E, agora, todos estarão envolvidos com o Mundial. O que é mais importante?

A idéia de ter a atenção do mundo inteiro voltada para o Brasil é tentadora. Receber grandes celebridades e mostrar para todos que estamos nos desenvolvendo é desejável. O prestigio aumentará, investidores ficarão mais confiantes para apostar no país, a indústria do turismo poderá expandir-se... Enfim, estaremos melhor inseridos no contexto mundial. Entretanto, mascarar a situação interna de nada adiantará: se o sistema for deficiente, em vez de nos elevar, isso irá nos rebaixar.

Está na hora de analisarmos as verdadeiras necessidades do povo brasileiro e, talvez, colocar a Copa do Mundo em segundo plano. Desistir não será nenhuma vergonha, mas sim uma forma de reconhecermos, humildemente, que ainda não estamos prontos para esse desafio. Quem sabe num futuro próximo? Dependerá do quão rápido agirmos.