Poemas Malditos
Artigo: Poemas Malditos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: FakeConta • 22/4/2014 • 9.308 Palavras (38 Páginas) • 300 Visualizações
Poemas Malditos
Álvares Azevedo
Poemas Malditos
2005
S u m á r i o
Capítulo Página
UM CADÁVER DE POETA.....................................................................................................................6
IDÉIAS ÍNTIMAS...................................................................................................................................18
BOÊMIOS................................................................................................................................................26
ATO ÚNICO................................................................................................................................ 29
SPLEEN E CHARUTOS.........................................................................................................................50
É ELA! É ELA! É ELA! É ELA!............................................................................................................ 56
O CÔNEGO FILIPE................................................................................................................................ 59
TERZA RIMA......................................................................................................................................... 61
NAMORO A CAVALO.......................................................................................................................... 62
O EDITOR............................................................................................................................................... 64
D I N H E I R O....................................................................................................................................... 66
CHATEAUBRIAND............................................................................................................................... 67
MINHA DESGRAÇA............................................................................................................................. 68
GLÓRIA MORIBUNDA.........................................................................................................................69
O POEMA DO FRADE...........................................................................................................................80
O POEMA DE UM LOUCO................................................................................................................... 91
LUCRETIA DAVIDSON........................................................................................................................92
INVOCAÇÃO..........................................................................................................................................95
O LIVRO DE FRA. GONDICÁRIO....................................................................................................... 99
AO LUAR..............................................................................................................................................102
P r e f á c i o
Cuidado leitor, ao voltar esta página!
Aqui se dissipa o mundo visionário e platônico. Vamos entrar num mundo novo, terra fantástica,
verdadeira ilha Barataria de D. Quixote, onde Sancho é rei, e vivem Panúrgio, sir John Falstaff, Bardolph,
Fígaro e o Sganarello de D. João Tenório I—a pátria dos sonhos de Cervantes e Shakespeare.
Quase que depois de Ariel esbarramos em Caliban.
A razão é simples. É que a unidade deste livro funda-se numa binomia. Duas almas que moram nas
cavernas de um cérebro pouco mais ou menos de poeta escreveram este livro, verdadeira medalha de duas
faces.
Demais, perdoem-me os poetas do tempo, isto aqui é um tema, senão mais novo, menos esgotado
que o sentimentalismo tão fashionable desde Werther e René
Por um espírito de contradição, quando os homens se vêem inundados de páginas amorosas,
preferem Um conto de Boccaccio, uma caricatura de Rabelais, uma cena de Falstaff no Henrique IV de
Shakespeare, um provérbio fantástico daquele polisson, Alfred de Musset, a todas as ternuras elegíacas dessa
poesia de arremedo que anda na moda, e reduz as mordas de oiro sem liga dos grandes poetas ao troco de
cobre, divisível até ao extremo, dos liliputianos poetastros.
Antes da Quaresma há o Carnaval.
Há uma crise nos séculos como nos homens. é quando a poesia cegou deslumbrada de fitar-se no
misticismo, e caiu do céu sentindo exaustas as suas asas de oiro.
O poeta acorda na terra. Demais, o poeta é homem. Homo sum, como dizia o célebre Romano. Vê,
ouve, sente e, o que é mais, sonha de noite as belas visões palpáveis de acordado Tem nervos, tem fibra e
tem artérias—isto é, antes e depois de ser um ente idealista, é um ente que tem corpo. E, digam o que
quiserem, sem esses elementos, que sou o primeiro a reconhecer muito prosaicos, não há poesia.
O que acontece? Na exaustão causada pelo sentimentalismo, a alma ainda trêmula e ressoante da febre
do sangue, a alma que ama e canta porque sua vida f' amor e canto, o que pode senão fazer o poema dos
amores da vida real? Poema talvez novo, mas que encerra em si muita verdade e muita natureza, e que sem
ser obsceno pode ser erótico sem ser monótono. Digam e creiam
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