Qual a importância da literatura para a humanidade?
Por: celsokosuge • 2/11/2015 • Resenha • 974 Palavras (4 Páginas) • 12.051 Visualizações
Segundo o notório estudioso Antônio Cândido, a literatura deveria constar nos direitos humanos, pois é um bem incompressível e, como tal, se constitui em uma necessidade universal. Com base nessa proposta, em que a leitura de um texto literário contribui para o desenvolvimento humano?
Para que possamos compartilhar desta ideia de um modo mais abrangente, antes, devemos acompanhar a evolução humana desde os primórdios até os dias atuais. Desde o princípio, além da socialização, o ser humano sempre demonstrou a necessidade de estabelecer registros de seu mundo. Antes de conhecer a escrita, o homem se manifestava através de representações gráficas (arte rupestre). Ainda que primitivos esses registros foram de extrema importância para que os cientistas conseguissem desvendar o mundo em que vivia o nosso antepassado.
Essa permanente necessidade de comunicação levou à criação da escrita, e desde então, sua evolução vem acompanhada dos grandes acontecimentos e transformações ocorridas no mundo.
A escrita em si, poderia ser definida apenas como símbolos que auxiliam na comunicação entre os seres humanos. Mas através deste poderoso instrumento, o homem desenvolveu a arte de criar e compor textos, que conhecemos como literatura.
A literatura é uma vasta fonte de conhecimentos, onde podemos ter contato com as infinitas experiências vividas pelo homem. O texto literário torna possível o envolvimento emocional do leitor nos acontecimentos, mesmo não tendo vivido no período em que foi escrito.
Uma obra literária não se limita à apenas registrar momentos históricos reais. Ele pode também nos levar a um mundo imaginário, a partir da visão do autor. Também pode transmitir conhecimentos culturais de uma comunidade ou um período. Por isso, as obras literárias apresentam as mais variadas classificações.
Independente de sua classificação, um texto literário tem o poder de transformação, pois desenvolve no leitor, além do conhecimento, também o senso crítico.
Conhecimento e senso crítico, duas palavras aparentemente inofensivas, mas impronunciáveis em sociedades de regime de governo autoritário ou corrupto.
Na história da evolução da humanidade, podemos perceber que a leitura era restrita, sendo a mesma um privilégio apenas dos abastados e das classes dominantes. Os que não possuíam conhecimento de leitura faziam parte da classe dominada. Houve até mesmo período em que as mulheres eram proibidas de aprender a ler, sob a pena de ser punida.
Nos dias de hoje, com os avanços tecnológicos, desenvolvimento humano e um mundo globalizado facilmente nos remete à ideia de que a restrição à leitura já não existe mais, tornando isso um tabu do passado. Infelizmente, ainda em pleno século 21, vivenciamos casos absurdos de regimes que condenam o acesso à leitura. Um grande exemplo recente que temos é o da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, vítima de atentado dos terroristas talibãs, por lutar pelo direito dos jovens ao acesso à educação em seu país.
Este ato prova como regimes autoritários temem o poder da leitura nas pessoas, onde o conhecimento e o senso crítico enfraquecem a capacidade de manipulação sobre o povo.
O ato da leitura literária tem o poder de transformação sobre o indivíduo, pois é a grande ferramenta do conhecimento sobre a realidade que o cerca e também sobre o conhecimento de si mesmo como ser humano. Podemos notar claramente que os países onde o acesso à literatura alcança toda a população, são bem desenvolvidos, enquanto aqueles onde o acesso à leitura ainda é restrita, são palcos de miséria e injustiça.
Por ser uma manifestação artística a literatura sempre transformou a sociedade. Podemos dizer que a literatura nos torna mais humanos. Quando lemos uma narrativa podemos experimentar, sentir e aprender com a perspectiva de outra pessoa.
Hoje em dia vivemos muito preocupados com o amanhã, mas é impossível administrar o futuro sem conhecimento do passado, e a melhor forma de conhecer o passado é literatura. Porém, não podemos querer as pessoas que as pessoas leiam clássicos se continuarmos tratando eles como literatura difícil.
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