Reportagem: Caso De Sucesso Na Educação

A “DONA PROJETO”

O que você faria para atrair a atenção cada vez mais dispersa dos alunos das regiões carentes do seu município?

menina criada na classe média cresce e decide fazer aquilo que realmente gosta: dar aulas. Mas não apenas encher a lousa de textos enormes que os alunos provavelmente não usarão em suas vidas. Ela foi além e, mesmo sem apoio e com muita crítica de seus companheiros de trabalho, começou uma linha de projetos que visa uma interação completa entre o aluno, o professor e a escola. O resultado, além do seu carinhoso apelido dado pelos alunos, foi uma sucessão de livros com trabalhos dos participantes, um reconhecimento na Secretaria da Educação e um exemplo a ser seguido por todos que querem trilhar o mesmo caminho.

Apesar de gostar muito do ambiente em que trabalha, a professora diz que sempre estudou em escolas públicas, mas em locais de classe média alta, pois sempre morou no centro da cidade. Quando Eleksandra começou a lecionar, ainda estava no Ensino Médio, e orientada por uma professora conhecida, começou a estudar na Fundação Santo André. Logo que começou a lecionar, aos 23 anos, sentia um impasse na sala dos professores, e a problemática dos conteúdos das aulas, pois achava-os desnecessários, pois os alunos não aplicariam em suas vidas saindo da escola. Desde essa época, ela já via a necessidade de passar algo mais prático para eles, mas ainda não se falava em projeto, essa palavra ainda não era usada na formação do currículo educacional.

“Eu vou viver a vida toda sem fazer nada para ajudar os outros?” – Eleksandra Medeiros Belmonte, Profª de Português e Inglês do Ensino Médio há 15 anos e Coordª do Ensino Médio há 2 anos na EE Joaquim Moreira Bernardes em São Bernardo do Campo, São Paulo.

Na época, se deparou com uma realidade completamente diferente da sua enquanto aluna, pois via crianças carentes de algo muito além do que continha na metodologia regular. E a esses alunos, passou a se dedicar promovendo atividades diferenciadas com algo que eles usassem em seu dia a dia, e a música foi uma alternativa. Daí surgiram os problemas, pois os alunos começavam a gostar e os professores se puseram a questionar seus métodos, diziam que só estava inspirada por estar em início de carreira. Uma das atitudes que Eleksandra teve, se não a mais importante, foi a predisposição de entrar no mundo do aluno e trazê-lo para si. Ela chegava a sentar numa cadeira ao lado do aluno e se oferecer para ajudá-lo a escrever, a recortar, a ler, e afins. A partir desses resultados começaram os projetos. Muitos dos adolescentes, carente financeira e emocionalmente, começaram a ver nela uma espécie de mãe. Não foi a toa que, quando passavam de ano e mudavam os professores, muitas salas queriam fazer abaixo-assinado para ter aulas com ela novamente.

Eleksandra costuma dizer que o aluno é lembrado pelo professor por dois motivos: ou ele é indisciplinado ou é muito bom. Ela nunca teve dificuldade em todas as matérias, e foi quando teve aula com Eva, hoje diretora da Escola Estadual Joaquim Moreira Bernardes, que encontrou uma parceria forte para promover seus projetos de uma maneira mais abrangente.

Dentre todos os projetos, de dança, música, temáticos, a professora sempre quis fazer uma coisa que tivesse mais impacto e um produto final. Em 2003, quando já tinha computadores