Resenha Livro: A Língua de Eulália - Novela Sociolinguística
Por: Giovanna Diniz • 10/3/2017 • Resenha • 836 Palavras (4 Páginas) • 349 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS– UEA
Letras – Línguas Portuguesa
Prof.ª Jeiviane Justiniano
Acadêmica: Giovanna Diniz
Thaís Maia
RESENHA CRÍTICA
Nome do livro: A Língua de Eulália: Novela Sociolinguística.
Autor: Marcos Bagno.
Editora: Contexto
Ano: 2004
A Língua de Eulália é uma novela de cunho sociolinguístico que pretende descrever a diversidade linguística que se estende por todo o país, e o preconceito sofrido pelos falantes destas pelos ditos “seguidores” da norma culta que as configuram como erradas, feias e sem nem um valor. Dividida em vinte e um capítulos, o livro apresenta ao leitor o diálogo cotidiano. Logo no capítulo inicial, o leitor é apresentado às personagens que compõem a história, a saber: Vera estudante de Letras de 21 anos, Sílvia acadêmica de Psicologia de 21 anos, Emília do curso de Pedagogia de 19 anos, Irene Amaggio é tia de Vera, e professora universitária aposentada e Eulália que é agregada na casa de Irene e personagem central da história. A história se passa no interior de Atibaia/SP. As três universitárias Vera, Sílvia e Emília vão passar as férias na chácara da tia de Vera, Irene. Esta é professora universitária aposentada de Língua Portuguesa e Linguística, faz pesquisas na universidade e abriu pela parte da noite, em sua chácara uma escola para alfabetizar adultos. A personagem principal é Eulália, uma senhora que aprendeu a ler e a escrever depois de adulta, a maior parte do enredo mostra traços da variedade “não-padrão” falada por Eulália.
O segundo capítulo apresenta os “erros” cometido por Eulália, como por exemplo “os fósfro”, “môio ingrês”, “percurá os hôme”. Tia Irene, salienta que o falar de Eulália não é errado, é apenas diferente, é uma variedade que não deve ser motivo de chacotas.
No terceiro capítulo observa-se à explicação de que não há uma uniformidade linguística e que todos os idiomas sem exceção possuem variações em seus dialetos. E é muito difícil alguém falar a língua “padrão” o tempo todo. Toda língua possui variações e toda língua evolui.
O autor explana, no quarto capítulo, o processo fonológico em português existe uma tendência natural em transformar o L em R. Uma pessoa que diz fror em vez de flor não está falando errado, mas está apenas acompanhando a natural inclinação a rotalizar da língua. A língua portuguesa tem em sua grande maioria palavras de origem latina e os falantes fazem uma recuperação da forma latina original, por opção ou convenção.
O quinto capítulo aborda que o português não-padrão volta-se a eliminar marcas de plural redundantes. O excesso de plural se explica como sendo algo desnecessário, já que um artigo, ou a primeira palavra do enunciado sendo pluralizada já indica, por si só, que o resto do frase está também no plural.
Outro fenômeno linguístico abordado no sexto capítulo é a transformação de LH em I. Tia Irene exemplifica que, foneticamente, a consoante /λ/ (lhê) é produzida com a ponta da língua tocando o palato, muito próxima do ponto onde é produzida a semivogal /y/ (i). Por isso, na variedade não-padrão da língua portuguesa, o som LH é desconhecido – não há a articulação desse som. Daí é muito comum se ouvir palavras como trabaio, espaia, muié.
Os capítulos seguintes continuam tratando dos processos fonológicos, a assimilação, por exemplo, que consiste na transformação de ND em N e de MB em M. A assimilação é a força que tenta fazer com que dois sons diferentes, mas com alguma relação, se tornem semelhantes.
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