Resenha: Lugar dos Gregos na História da Educação

JAEGER, Werner. Lugar dos Gregos na história da educação. In: JAEGER, Werner. Paidéia: A Formação do Homem Grego. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 03-20.

Priscila Carolina Virginio dos Santos

Tânia Mara Rupp Bourbon Nava

Em Lugar dos Gregos na história da educação, o filólogo alemão Werner Jaeger elucida que, entre os seres vivos, somente o homem consegue conservar e propagar a sua forma de existência social e espiritual por meio por meio da vontade e da razão. Segundo o autor, existem dois eixos que permeiam a existência humana: a natureza física e o espírito humano. A natureza física pode ser mudada através de uma educação consciente, enquanto o espírito, através do conhecimento, pode produzir uma existência relevante.

A educação, conforme Jaeger, é um elemento que contribui para a formação do indivíduo e, consequentemente, para o crescimento da sociedade, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana. Observa-se, assim, que a história da educação está intimamente ligada à transformação dos valores de cada sociedade.

Por mais elevadas que sejam a arte, a religião e a política dos povos pré-helênicos, a história da cultura só começa, de fato, com os gregos. De acordo com Jaeger, não é possível relatar de maneira concisa a contribuição da Grécia na história da educação. A importância dos gregos neste âmbito, conforme o autor, advém de uma nova concepção do lugar do indivíduo na sociedade. Assim, os gregos, pode-se dizer, são filosóficos por excelência.

A filosofia grega, explica Jaeger, é visceralmente ligada à arte e à poesia, não compreendendo somente a questão racional, mas também a intuitiva, que apreende o objeto como um todo em uma ideia. Para os gregos, no que tange à educação, ter consciência dos princípios naturais da vida do homem e das leis que comandam as forças do corpo e do espírito é de fundamental importância. Para o ideário grego, a educação deve ser um processo de construção consciente. É a educação que forma o homem de forma integral, tendo o próprio homem como o centro. Dito de outro modo, a visão antropocêntrica constitui o espírito grego.

O grego, portanto, desvenda o homem entendendo as leis gerais responsáveis por sua essência. Essa compreensão, segundo o autor, não é a do individualismo, mas a do humanismo, “A educação humana de acordo com a verdadeira forma humana”: a Paidéia. Em sua abrangência, o conceito de paidéia não designa unicamente uma técnica para preparar o indivíduo para a vida adulta. A ampliação do conceito faz com que ele passe também a caracterizar o resultado do processo educativo que se prolonga por toda a vida. É o princípio da educação para a modelagem dos indivíduos através da norma da comunidade.

Para a cosmovisão grega, explana Jaeger, a educação não é individual, pois há, dentro da comunidade, o esforço de educar a partir do que foi definido enquanto regra de consciência coletiva. Assim, a essência da educação grega está na transmissão dos valores que têm validade, de acordo com as normas da comunidade, para os indivíduos.

Ademais, com efeito, a história da educação grega confunde-se com a da literatura, a qual está intimamente ligada à comunidade