Resenha "Navio Negreiro"
Por: Danilo Sousa • 30/8/2017 • Resenha • 733 Palavras (3 Páginas) • 2.694 Visualizações
O Navio Negreiro
MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa Através dos Textos. Cultrix. São Paulo. 1996.
MAIA, João Domingues. Série Novo Ensino Médio: Português. Ática. Edição nº 9. São Paulo. 2000.
O estado da alma romântica pode ser observado em várias épocas da história, caracterizado pelo amor a natureza, a personalidade sonhadora, a emoção, a liberdade entre outros. No século XIX, esse estado de alma se manifesta com tanto vigor que chega a caracterizar um estilo da época: o Romantismo, mas esse estilo já estava se manifestando desde o século XVIII.
Essa escola Literária ocorreu primeiramente na Europa e em 1808 com a chegada da família real começou a se manifestar no Brasil devido a cidade do Rio de Janeiro, onde a família real se estabilizou, ser levada a viver um processo de urbanização e intelectualização.
No Brasil houve três gerações românticas, o poema “ O Navio Negreiro” foi escrito por Castro Alves que participou da terceira geração romântica no Brasil, conhecida também como geração Condoreira devido ter como simbolo o pássaro condor.
Castro Alves tinha dois tipos de poesias, a social e a lírica. O poema em questão esta presente na poesia social devido abordar temas abolicionistas, de libertação, o personagem negro e visto como herói, lutador, um ser amoroso, sofredor e etc.
Neste período o Brasil tinha estabelecido a lei Eusébio de Queiroz que proibia o trafico negreiro para o país, Castro Alves teve um grande destaque nessa época devido defender os escravos em suas manifestações poéticas, ficou ate conhecido como “O poeta dos escravos”. Não podemos esquecer também que o Brasil estava em guerra com o Paraguai.
A obra em si e dividida em seis secções cada uma representando emoções e sentimentos diferentes. Na primeira parte do poema é descrito o cenário, exaltando a natureza no incido claramente, mas com contradições no decorrer: “Stamos em pleno mar… Doudo no espaço/ Brinca o luar – dourada borboleta. Na segunda parte Castro Alves elogia os marinheiros identificados pelas suas nacionalidades, essa parte podemos ver de certa forma a exaltação do belo humano: “Do Espanhol as cantilenas… Da Itália o filho indolente… O Inglês — marinheiro frio...Nautas de todas as plagas”.
Na terceira parte é claro a contradição entre estrofes anteriores, é relatado a visão do navio negreiro em oposição ao belo cenário e ao belo humano: “É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!”. Na quarta parte o sofrimento, o terror, a dor, a angustia, a raiva e as magoas são vistas no decorrer dos versos: “Em ânsia e mágoa vãs! …Ouvem-se gritos... o chicote estala … Um de raiva delira, outro enlouquece”.
Nas ultimas partes, quinta e sexta, mais uma vez temos a contradição com as partes anteriores. Em oposição a desgraça dos escravos negros aprisionados, temos a imagem desse povo livre nas suas terras: “São os filhos do deserto/Onde a terra esposa a luz./Onde vive em campo aberto”. O poema é concluído com a indignação do poeta questionando qual o país responsável por aquela barbaridade e como os heróis do Novo mundo deveriam agir e impedir aquele horror.
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