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Resenha ao livro: Eu receberia as piores noticias dos seus lindos labios

Por:   •  27/11/2021  •  Resenha  •  1.891 Palavras (8 Páginas)  •  164 Visualizações

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                                        UNISAGRADO

VITÓRIA FERNANDA MATIAS

TRABALHO DE OUTROS: Resenha crítica do livro; Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (2005).

BAURU

2021

A obra escolhida para ser resenhada é o livro do gênero romance de autor Marçal Aquino nasceu em Amparo, no interior paulista, em 1958. É jornalista e roteirista de cinema e de televisão. Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (2005).

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (2005) foi lançado pela companhia das letras no ano de 2005, o que notamos assim que observamos o nome do romance é a acidez em dizer um título tão comprido que nós sentir o que algo proibido é mantido em segredo. Um romance cortante, árido, com um enredo marcante principalmente por que o narrador também expressa seus pensamentos a respeito de ações cometidas por outros personagens, um enredo poético, abordando temas como pedofilia, brigas de garimpo, prostituição e o amor proibido entre dois personagens, Lavínia e Cauby.

O enredo começa com Cauby se recuperando de uma trauma que havia sofrido a pouco tempo, em uma pensão barata em numa cidadezinha do Pará. Ele vê que novamente a cidade se prepara para uma nova corrida pelo ouro.

Um ponto marcante é que assim que começamos a leitura notamos a forma rica e detalhada que o narrador descreve os personagens um livro narrado em 1ª pessoa. Narrado pelo próprio Cauby personagem principal, que faz uso de citações do escritor e professor Benjamin Schianberg e do seu livro “O que vemos no mundo”, para regredir em suas memorias e lembrar do seu romance conturbado com Lavínia mulher do Pastor Ernani.

Um história emocionante que trabalha dentro de si temas conturbados, abordando o assassinato do Chinês Chang que era considerado um agiota, comprador de ouro roubado e pedofilo, foi assassinado pelo pai de um dos garotos com quem tinha envolvimento. Fala também da lealdade e da infelicidade de Careca que viveu a vida para amar uma mulher que não o amava e que ao perder o noivo caiu em depressão e Careca com um amor platônico deixa de viver a sua vida para acompanhar Marinês na vida dela. Onde novamente o Cauby faz usso do professor Benjamin para explicar o amor e a devoção que Careca sente por Marinês.

Momento curioso da história é a forma que o personagem Viktor aparece sendo apresentado com personagem por que seu nome é um pseudônimo vemos a marca do mistério principalmente por ele ser um jornalista e mesmo depois de morto deixa uma vingança planejada. A fé de um pastor busca amparar Lavínia, tirando-a da prostituição e dá a ela uma nova chance, o que faz o romance proibido ser poético e o gosto de Cauby pelas músicas, filmes e livros, a paixão pelas fotografias, o animal de estimação inusitado, que por sinal também não é algo comum, até então quem tem um tatu como animal de estimação?

Outro ponto muito presente que chama a atenção na leitura é a descrição e muitas vezes a comparação de pessoa a animal.

        “Tive vontade de fotografar Chagas logo de cara. Ele usava botas, calça social e uma camisa vermelha de mangas compridas, abotoada no colarinho e nos punhos. Em cima disso tudo, um chapéu preto de feltro e um rosto ossudo, eqüino. Seu bigode tinha sido moda nos anos 50 e os olhos boiavam por trás das lentes esverdeadas dos óculos. Olhos de sapo. (pagina, 36)”.

Além disso vemos a forma em que a obra é escrita e trabalhada em uma linha não cronológica, misturando o passado e o presente, voltando ao passado de Cauby, relembrando como ele conheceu Lavínia.  Nos vemos imersos nas memórias de Cauby, sua paixão pela sedutora Lavínia numa estrutura temporal não linear e não convencional., descrevendo fatos detalhados e confusos da personalidade da sua amada, a forma com a qual Lavínia é descrita é ricas em mínimos detalhes, desde de sua beleza extrema com seu olhar penetrante, até detalhes como seu mapa astral, peso, hobbies, paixão por fotografia, até sua personalidade, ou dupla personalidade como o personagem Cauby costuma reportar, onde ele diz que existe duas em uma única mulher, Lavinia e Shirley, uma que ele dizia ser uma mansa e uma intensa, uma fervorosa outra acanhada tímida, uma tinha cheiro denso de bicho outra tinha cheiro e sabor diferente.

 O narrador deixando claro que por conta de sua vida muito difícil não possuía nenhuma ligação com seu irmão ou sua mãe, uma infância triste foi estuprada, viveu na rua precisou se prostituir e foi salva pelo pastor Ernani, um homem considerado por todos como um santo.

        Uma grande marca que vemos nesse livro é que no momento em que Cauby ao relembrar do que passou ao lado de Lavínia usa de termos “teóricos” para explicar suas emoções, ações.

“O professor Schianberg dá voz a Nietzche – “Há sempre um pouco de loucura no amor, mas há sempre um pouco de razão na loucura” – para depois contestá-lo, lembrando que na loucura dos amores contrariados não há espaço nenhum para a razão, apenas para mais loucura. (Pág. 22)”

        Uma história de amor proibido que se passa em um local nada propicio para história de amor, as pessoas na cidade são assassinadas o tempo todo por conta de brigas entre mineradoras e garimpeiros, as pessoas da cidade são descritas por Cauby como pessoas tristes, sem vida e esperança, a marca da prostituição é tão presente que esse é o real motivo da ida de Cauby para lá, um fotografo forasteiro que conheceu diversos lugares e países, herdou do pai o amor pela fotografia, foi para Pará para fotografar mulheres do garimpo nuas se apaixonou pela cidade e por Lavínia e não conseguiu ir embora, mesmo tentando não conseguiu.

        Tentou convence-la de irem embora juntos, fugirem mas ela não era capaz de abandonar o Pastor Ernani; uma parte da narrativa passa a ser narrada em 3ª pessoa, momento esse quando o narrador apresenta momentos vividos pelo Ernani quando ele conheceu Lavínia, fala também que nesse momento Lavínia já apresentava essa dualidade de comportamento.

Como no capitulo carne-viva, todo narrado em 3ª pessoa, conta como o Pastor Ernani vira pastor e como ele conhece Lavínia.

O pastor viu Lavínia pela primeira vez numa rua de Vitória. (Pagina 46)”

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