Resenha do Livro Admirável Mundo Novo
Por: Francieli Medina • 6/5/2023 • Resenha • 492 Palavras (2 Páginas) • 145 Visualizações
Perfeição é tudo?!
Ano de 1932, período de avanço científico e tecnológico, indústrias adquirindo novos métodos de produção, pré 2ª guerra-mundial, ano em que foi publicado o romance Admirável Mundo Novo escrito por Aldous Huxley. Uma distopia clássica que vislumbra um futuro - meados dos anos 60 - em que tudo é perfeito.
Esta obra trás uma reflexão crítica do destino da humanidade. E se todas as pessoas fossem felizes e despreocupadas a todo momento? E se a única responsabilidade do governo fosse garantir a felicidade de seus cidadãos, sem haver nenhum conflito? E se a população não tivesse outra opção além de ser feliz? E se lhe fosse tirado o direito de escolher suas emoções? E se o conceito de família fosse totalmente abolido?. Estas são algumas das questões abordadas nesta grandiosa obra distópica. Huxley trás em sua obra uma civilização, na qual os embriões são fabricados - isso mesmo, fabricados! - em laboratórios de inseminação artificial, entretanto, não é através modo tradicional, mas sim, como bebês de proveta. Além disso, são gerados em lotes geneticamente idênticos, divididos em categorias, em castas, decisão esta tomada no momento da criação do feto, como se fossem produtos. Para esta sociedade não existe o conceito de família, mãe, pai, tio, tia, avô ou avó, os indivíduos nascem e morrem sem saber o que são emocionalmente estes termos.
Um obra que retrata um governo autoritário, o qual restringe as liberdades individuais de sentir emoções que causam a instabilidade da comunidade, condiciona os indivíduos a se comportarem e a pensarem da maneira mais conveniente para a vida na nova sociedade, ensinam a repudiar os vínculos amorosos ou qualquer tipo de afinidade, prezam pelo consumismo exacerbado e pela felicidade, o bem-estar permanente da civilização. E para fugir das emoções consideradas inadequadas, instáveis, como a tristeza, raiva, preocupação, infelicidade, a população faz uso diário de um tipo de droga chamada Soma, a qual proporciona ao usuário uma sensação de satisfação, felicidade, tapa os olhos para a realidade. Além disso, o consumo deste estimulante é comum, incentivado e distribuído legalmente pelo governo para garantir a estabilidade abissal deste mundo.
Além desta civilização futurista, há reservas selvagens nas quais as pessoas vivem de acordo com a maneira tradicional e conhecida hoje, o que é considerado desprezível pelas pessoas “civilizadas”. Quando a vida de ambas as comunidades se cruzam, e um selvagem - como era chamada as pessoas que viviam nestas reservas - é inserido na comunidade de Admirável Mundo Novo, desencadeia-se muitos questionamentos da parte do selvagem, como a falta de liberdade, amores falsos, condicionamento, mentiras, fuga da realidade do mundo. Uma obra que envolve o leitor com dramas de consciência, conflitos, incertezas e indagações.
Huxley conseguiu fazer um belíssimo romance cheio de detalhes, originalidade, reflexões acerca da moral dos tempos de hoje. Uma crítica notável ao capitalismo e a que ponto tudo pode ser considerado sem sentido, artificial e insignificante, como a economia girando a qualquer preço, felicidades descartáveis, produtos descartáveis, pessoas descartáveis.
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