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Resenha do livro “Ciência e política: duas vocações”

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Por:   •  19/4/2013  •  Resenha  •  1.141 Palavras (5 Páginas)  •  946 Visualizações

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Resenha do livro “Ciência e política: duas vocações” (Max Weber), por Gills Lopes

Corrida de forma simples e direta, a obra “Ciência e Política: Duas Vocações”, do alemão Maximillian Carl Emil Weber, propõe uma análise sobre a política como vocação e descreve, ademais, os cenários e autores que fazem dela ora seu utensílio, ora única forma de se constituir e compreender o Estado – agrupamento político. Porém, fazer tal análise não seria, de grosso modo, inovador, mas ao ser feita sob a ótica de um sociólogo – alguém que, naquela época, estava mais interessado na relação humanista do que na econômica – fez com que tal obra virasse um clássico, ou seja, faz valer, até hoje, suas ponderações.

Este artigo se baseia na seguinte obra: WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Editora Cultrix. p. 55-124.

Para Weber, o uso legítimo da força era um instrumento normal de poder (p. 56) que o Estado dispunha para fazer valer sua política adotada. Ao lado da força vinha a violência e o território como características do Estado. Tendo essas noções, poder-se-ia fazer política – algo, aqui, como conjunto de medidas estruturadas que o Estado dispunha para governar – mesmo que esse meio não objetivasse algo lícito, ou, como o autor se referiria mais tarde, algo ruim.

Sabe-se que para ingressar em qualquer meio, deve-se, a priori, objetivar um fim. Na política não é diferente. Sob essa ótica, o autor aponta dois fins para o sujeito que procura a política como um meio: (i) ou servir a um ideal; ou (ii) buscar o poder como forma de status. Tal busca após alcançada, coloca o político e não mais o aspirante, como alguém figurado numa espécie de déspota, ou seja, um representante legalmente investido (neste exemplo, não através de castas, mas por meio de processo eleitoral) que, através de sua autoridade, domina seus súditos seja pelo medo ou pela esperança. Para essa dominação, há três princípios que o justificam, chamados de “fundamentos da legitimidade” (p. 57): autoridade de passado eterno; carisma; e legalidade. A base para compreender o que é política está interligada à compreensão da estrutura dominadora. Atenta-se à figura do carismático e nota-se que seus dons extraordinários e/ou pessoais cativam seus seguidores com um sentimento mais forte do que o de apenas serem legislados, confundindo-se muitas vezes com a fé deveras vista em líderes religiosos. Paralelamente a essa figura, um outro sujeito entra em cena: o demagogo. Este utiliza sua vocação política para tirar proveito e alçar ainda mais ao poder. Como dito, a obediência pode estar relacionada ao interesse material (glória, despojos etc.) por parte dos súditos (dominados). Por isso, há a necessidade por parte da dominação organizada de um estado-maior administrativo e de bens materiais de gestão, imprescindíveis para seu funcionamento e dominação. Sobre os bens materiais, as administraçõespodem ser classificadas em duas categorias: a primeira seria a dos funcionários ou outros magistrados; e a segunda a de pessoas economicamente independentes do poder que possuem no Estado. Para o autor, o Estado burocrático é o que melhor se assemelha com o Estado Moderno (algo como um Estado centralizador que procurou, em seu território, o exército como instrumento de domínio). Mas foi justamente com o Estado Moderno que surgiram novos políticos profissionais (aqueles que vivem da política e não para ela): os servidores dos príncipes, visto apenas no Ocidente.

Weber, muito notoriamente, discriminou e descriminou duas formas de se fazer política: vivendo a partir dela ou vivendo para ela. Ele acreditava que somente quem poderia viver para a política, naquela época, eram aqueles sujeitos economicamente independentes. Já o que vive da política não tem outros objetivos senão tirar proveito do cargo que exerce. Ele ainda conclui que “o homem político deve ser economicamente independente das vantagens que a atividade política lhe possa proporcionar” (p. 65). Porém, viver para a política requer um idealismo político que, muitas vezes, só é movido pelas classes menos favorecidas, fazendo com que aqueles que vivam para a política fiquem cada vez mais escassos. Ainda sob o aspecto de viver da/para política, o alemão atribui a duas explicações o aumento demasiado dos cargos públicos: a burocracia e a corrupção, mostrando,

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