Roteiro Literário - O Quinze

Introdução

O romance mais popular da escritora Raquel de Queiroz, O Quinze, retrata a esperança, a fome, o milagre, a morte, a separação e a fé em Deus de que um dia chuvoso irá melhorar a vida de muitos retirantes sofredores.

A obra que foi escrita em 1930, conta a saga de retirantes com muita fome que chegam a se alimentar de tripas de carneiro durante a seca de 1915, que também foi vivida pela escritora.

Roteiro Literário

O Quinze – Rachel de Queiroz

Identificação

Autor: Rachel de Queiroz

Obra: O Quinze

Edição: 93º

Editora: José Olympio

Local e Data de Publicação: Rio de Janeiro – 2012

Biografia:

Rachel de Queiroz nasceu em 17 de novembro de 1910, em Fortaleza, Ceará, filha de Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz.

Em 1917, após uma grande seca, muda-se com seus pais para o Rio de Janeiro e logo depois para Belém do Pará. Retornou para Fortaleza dois anos depois.

Em 1925 concluiu o curso normal no Colégio da Imaculada Conceição. Estreou na imprensa no jornal O Ceará, escrevendo crônicas e poemas de caráter modernista sob o pseudônimo de Rita de Queluz. No mesmo ano lançou em forma de folhetim o primeiro romance, História de um Nome.

Ainda não havia completado 20 anos, em 1930, quando publicou O Quinze, seu primeiro romance. Mas tal era à força de seu talento, que o livro despertou imediata atenção da crítica. Dez anos depois, publicou João Miguel, ao qual se seguiram: Caminho de pedras (1937), As três Marias(1939), Dôra, Doralina (1975) e não parou mais. Em 1992, publicou o romance Memorial de Maria Moura, um grande sucesso editorial.

Rachel dedicou-se ao jornalismo, atividade que sempre exerceu paralelamente à sua produção literária. Morreu em 4 de novembro de 2003, vítima de problemas cardíacos, no seu apartamento no Rio de Janeiro, dias antes de completar 93 anos.

Estrutura da Obra:

O título do livro se refere à seca do Ceará de 1915. Compõe-se de 26 capítulos, sem títulos, enumerados.

O Quinze é classificado como romance regionalista de temática social, porém não existe uma divisão de classe social e caráter entre os personagens.

A história é recheada de amarguras, a trajetória de Chico Bento é repleta de desgraças, as dificuldades passadas pela sua família numa saga em busca de um lugar melhor, a morte de seu filho o desaparecimento do outro são fatos que marcam seu sofrimento.

A história de amor entre Vicente e Conceição não se desenvolve, falta de comunicação entre os dois, o desnível cultural os separa.

Romance de profundidade psicológica. A análise exterior dos personagens existe, mas sem relevo especial dentro do livro. A autora descreve características, mas sem parar a narrativa, ao mesmo tempo em que informa ações dos personagens também expõem seus pensamentos.

Assunto:

A autora fala sobre a seca de 1915. Descrevendo fatos da vida do interior cearense durante um dos períodos mais dramáticos que o povo atravessou, onde tudo era devastado por um sol intenso e um clima agonizante.

Enredo:

A história tem dois planos o romance entre Conceição e Vicente, e a saga de Chico Bento.

Conceição passava férias na fazenda de sua avó Dona Inácia, localizada no Quixadá. Tinha uma queda por seu primo Vicente. Por motivos da seca, resolve voltar para Fortaleza, junto de sua avó. Conceição passa a trabalhar em um campo de concentração, onde ajudava pessoas que não tinha lugar de morar e o que comer. Lá encontra Chiquinha Boa, que trabalhou na fazenda de Vicente, na conversa Chiquinha Boa faz um comentário sobre Vicente e uma moça no Quixadá, isso incomodou Conceição que passou a trata-lo de forma diferente. Percebendo esse comportamento e sem entender o motivo ele fica ressentido. Quando a seca acabou e voltou a chover, Dona Inácia volta sozinha para sua fazenda, deixando Conceição na cidade.

Ao mesmo tempo em que acontece a história de Conceição, Chico Bento passa por maus bocados. Vaqueiro da fazenda de Aroeiras é dispensado por Dona Maroca, depois de soltar o gado com ordem de sua patroa fica sem trabalho. Decidido a ir embora não consegue comprar as passagens de trem para o norte, dai então tem inicio sua trajetória por terra, junto de sua esposa, a cunhada e os cinco filhos. No trajeto a cunhada Mocinha acha um lugar para trabalhar e fica na casa de Sinhá Eugênia.

Chico Bento segue em seu caminho, Josias, seu filho come uma mandioca crua e acaba morrendo envenenado. Pedro, seu outro filho desaparece no Acarape optando por fazer seu próprio destino, em busca de achar o menino Chico Bento encontra Luís Bezerra, velho conhecido que ocupava o cargo de delegado na cidade. Luís fornece as passagens para a família de retirantes com destino a Fortaleza.

Em Fortaleza a família se encontra com Conceição, que consegue um trabalho para Chico Bento no açude do Tauape, e se dispõe a cuidar de Manoel que estava doente. O trabalho no açude não estava pagando bem, com auxilio de Conceição Chico Bento decide ir embora para São Paulo tentar novas oportunidades.

Complicação:

A grande seca de 1915 devastava todo o sertão cearense, impossibilitando de cultivar algum tipo de plantação e de tratar dos animais.

Clímax:

Entre a falta de chuva, a fome e a miséria se destacam a morte de Josias por envenenamento, Chico Bento sendo acusado de ladrão e implorando pela carne da cabra e o sumiço de Pedro.

Desfecho:

Chico Bento consegue passagens e vai para São Paulo com sua família. O inverno chega em Quixadá trazendo chuva e melhorando as condições de vida, Vicente continua a tomar conta da fazenda de seu pai, porem desiste de seu romance com Conceição, que por sua vez acaba ficando com o afilhado Manuel. Dona Inácia volta para Quixadá.

Personagens:

Primários:

Vicente – Filho de fazendeiro rico toma conta do gado de seu pai, apaixonado por Conceição.

Conceição – Professora em Fortaleza, não pensava em se casar, mas gostava de Vicente.